Bellintani comenta turbulência da CBF e elogia Ednaldo Rodrigues: "Sempre nos recebeu de portas abertas"

Entrevistado do Projeto Prisma nesta sexta-feira (15), o presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, comentou o momento político de turbulência vivido na Confederação Brasileira de Futebol (CBF). No último dia 7 de dezembro, Ednaldo Rodrigues foi destituído da presidência da entidade por decisão da Justiça do Rio de Janeiro. Um interventor foi escolhido com a missão de assumir o cargo e convocar novas eleições. O dirigente do Tricolor elogiou a atuação do baiano quando esteve no comando da CBF.

"Eu não sei avaliar a questão jurídica do caso, se pedido tem ou não razão. Então, exclua o fato de ter uma falta do conhecimento sobre a lógica jurídica. Mas o que eu sei é que Ednaldo, desde o começo da gestão esteve muito aberto na relação com a gente. Aberto não só em receber o Bahia e fazer um sistema de colaboração mútuo, mas para ouvir também, ouvir crítica e posicionamento. Ter um presidente nordestino e baiano, independente de ser uma conexão com a gente, é uma coisa importante e simbólica no Brasil. Então, foi um presidente que chegou querendo colocar pautas importantes. Agora, o grande problema disso é que quando não tem resultados no futebol e tem uma situação de instabilidade política tão grande do quanto é a própria CBF. A história da CBF é de confusões e instabilidades políticas. Ter uma instituição privada com interesse público muito latente que vai sobre as regras privadas, mas o poder público tenta controlar de algum jeito, é muito louco aquilo tudo. Mas o que eu posso dizer é que eu acho uma pena esse tipo de movimento. Acho que quem entra num mandato, o ideal é que tenha início, meio e fim. Vamos aguardar os próximos passos. Acho que Ednaldo foi muito correto com o Bahia o tempo todo. Vou dizer que de todos os presidentes que convivi na CBF, é o cara, que independente de ser baiano e ex-presidente da FBF, nos recebeu sempre de portas abertíssimas. Nunca deixou de retornar ligação, nunca deixou de responder mensagem. Não tenho do que reclamar de Ednaldo como presidente da CBF", afirmou.

Bellintani criticou o sistema eleitoral da CBF que dá peso maior aos votos das federações estaduais do que aos clubes. Segundo ele, isso desconecta a entidade dos desejos da sociedade brasileira que está mais ligada às agremiações.

"Acho que tem um problema de origem. O sistema político da CBF é lastreado numa realidade que não conversa com a realidade social. O peso que as federações tem na decisão de quem vai ser o presidente da CBF faz com que os clubes sejam secundários no processo. Você coloca o peso em personagens que não tem vínculo com o torcedor e a sociedade em geral. Quem se conecta com o povo é o clube e não as federações. Você vira uma instituição que é alimentada por um poder constituído por personagens que não são relevantes para a sociedade brasileira. Eu não estou falando de Ricardo Lima, que acho um presidente super aberto ao diálogo. Ricardo é um cara que transita muito bem no governo, na prefeitura, com os clubes. Eu tive até divergências no começo da gestão de Ricardo, mas eu, hoje, no balanço da nossa relação, ele é um grande presidente. Melhorou o Campeonato Baiano... O problema é do sistema em geral", disse Bellintani.