Davidson pelo Mundo: Destino, produto e conteúdo. Quem fala por quem?
O turismo vive de sonhos, mas precisa de estratégia. Há uma confusão recorrente até mesmo dentro do próprio setor entre destino, produto e conteúdo. E é justamente nesse emaranhado de conceitos que se define se uma cidade será lembrada como apenas mais uma parada no mapa ou como uma experiência inesquecível.
Um destino não é só o lugar em si, mas a soma da sua identidade: a cultura, a paisagem, o sotaque, a gastronomia, a forma como as pessoas recebem o visitante. Isso é o palco. Mas um palco vazio não atrai plateia, e é aí que entram os produtos turísticos: os passeios, a gastronomia, a educação do povo, o trânsito, a sensação de segurança, os roteiros, os serviços que dão vida e concretude a esse palco.
E onde entra o conteúdo? No mundo digital, ele é o que costura tudo isso. É o olhar, a narrativa, a tradução daquilo que o destino e seus produtos têm de único. Pode ser uma foto no Instagram que desperta desejo, uma reportagem que emociona, um vídeo que viraliza ou mesmo a fala simples de um morador que, ao contar sua história, dá autenticidade ao lugar.
O problema é quando cada um caminha sozinho. Quando os órgãos públicos e as entidades privadas do turismo acreditam que seus papéis são apenas divulgar belas imagens; quando as entidades organizadas ficam restritas a relatórios técnicos; quando o setor privado se limita a vender pacotes. O turista não compra “peças soltas”, ele compra o todo: a experiência.
A promoção de um destino deve ser, antes de tudo, estratégica e integrada. Não basta repetir slogans genéricos, é preciso que as secretarias e entidades se transformem em curadoras de experiências, não apenas em distribuidoras de informações. Devem conectar produto e destino, dar voz aos conteúdos que fazem sentido, valorizar a autenticidade local em vez de tentar imitar modelos de fora.
Mais do que propaganda, promoção turística é construção de pertencimento, para o visitante que chega e para o morador que se orgulha do seu lugar. Quando destino, produto e conteúdo se alinham, o turista não só visita: ele vive o lugar, e viver sempre será mais poderoso do que apenas conhecer.
Um turista não compra um lugar, ele compra a promessa de uma experiência, a chance de viver uma história que será só sua, e, quando destino, produto e conteúdo caminham juntos, essa história se transforma em memória, e memória é aquilo que o tempo não apaga.
Boa viagem!