Davidson pelo Mundo: Conhecer é diferente de ter ido!
Vivemos na era da pressa, o tempo parece sempre curto e a pressão das redes sociais transformou a experiência de viajar em um grande álbum de conquistas visuais. É comum vermos pessoas que “conheceram” dez cidades em apenas uma semana, mas será que realmente conheceram ou apenas passaram por elas?
“Conhecer” virou muitas vezes sinônimdo de colecionar fotos. Estar diante da Torre Eiffel por quinze minutos não significa compreender Paris, atravessar Veneza em uma gôndola não é o mesmo que se perder em suas ruelas ao entardecer, e provar uma pizza em Nápoles rapidamente não equivale a entender a importância dessa tradição na vida local.
Estar em um lugar é diferente de conhecê-lo. Estar é se permitir tempo para ouvir as histórias, para observar os detalhes, para se perder no cotidiano da cidade, é tomar um café sem pressa, puxar conversa com um morador, descobrir aquele restaurante que não aparece no guia turístico. É viver o local.
O turismo acelerado de checklists e cronogramas lotados traz a ilusão de amplitude, mas quase nunca a profundidade. Ao escolher ficar mais tempo em um destino, damos espaço para criar memórias autênticas que não se apagam com a próxima viagem.
Viajar não deveria ser apenas acumular carimbos no passaporte. Deveria ser sobre se transformar, aprender e se conectar. E, para isso, é preciso estar e não só passar.
Viajar nunca esteve tão em alta. Segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT), o fluxo internacional de turistas voltou a crescer de forma acelerada após a pandemia, e com ele também ressurgiu a tendência de “conhecer” o maior número possível de destinos em pouco tempo. Mas será que essa forma de viajar realmente proporciona conhecimento ou apenas uma coleção de passagens rápidas?
A psicóloga e especialista em comportamento do consumidor, Carla Mendes, explica que a cultura das redes sociais influencia diretamente essa lógica.
“As pessoas querem mostrar que estiveram em muitos lugares, mas a experiência se torna superficial. É como assistir a um trailer em vez de ver o filme completo.”
É comum vermos roteiros de sete dias que incluem quatro ou cinco cidades diferentes. Esse fenômeno, conhecido por especialistas como turismo do checklist, privilegia a quantidade em detrimento da qualidade. Ele atende a uma ansiedade contemporânea de “aproveitar tudo”, mas ignora que cada destino é feito de camadas, histórias e cotidianos que não cabem em uma visita apressada.
Conhecer significa se permitir tempo, descobrir cafés frequentados por moradores, caminhar sem rumo, ouvir histórias de quem vive ali. É nessa imersão que a viagem deixa de ser apenas consumo e se torna transformação, experiência.
A máxima vale também para as viagens: MENOS É MAIS. No fim, viajar não deveria ser apenas acumular carimbos no passaporte. Viajar é estar presente, se abrir ao desconhecido e permitir que o destino nos transforme. E isso só acontece quando trocamos a pressa pela permanência.
BOA VIAGEM! (Sem Pressa)