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Coluna

Desafio Ambiental: Clara Arruda fortalece a economia circular na indústria baiana da moda

Por Lenilde Pacheco

Desafio Ambiental: Clara Arruda fortalece a economia circular na indústria baiana da moda
Fotos: Fashion Revolution/Divulgação | Clara Arruda/Divulgação

A economia circular ganha mais espaço na economia baiana e movimenta diferentes setores. Em vez de descartar os resíduos, eles são reaproveitados dentro do próprio ciclo produtivo. Essa lógica tem impulsionado iniciativas que reduzem desperdícios, estimulam a reutilização de materiais e ajudam a cortar as emissões de gases de efeito estufa — ao mesmo tempo em que se mostram vantajosas para empresas, indústrias e empreendedores, como a Moda Clara Arruda, no município de Paulo Afonso (460 km de Salvador).

 

 

Diferente do modelo linear tradicional, baseado em extrair, produzir, consumir e jogar fora, a economia circular é uma engrenagem movida pelo propósito de pôr fim ao desperdício. Cada resíduo pode virar recurso, prolongando a vida útil de produtos e matérias-primas e diminuindo os impactos ambientais. Este conceito somado à promoção da igualdade de gênero e produção responsável renderam à Clara Arruda o segundo lugar do 15º Prêmio FIEB Indústria Baiana Sustentável 2025, na categoria Gestão e Tecnologias Sustentáveis de Micro e Pequenas Indústrias.

 

 

Inspirado no movimento global Fashion Revolution (revolução da moda), que propõe mudanças estruturais por meio de diferentes intervenções, o plano de desenvolvimento sustentável da Clara Arruda beneficia recicladores, artesãs e oficinas locais com aproveitamento de retalhos para novos produtos e costureiras em situação de vulnerabilidade, capacitadas e integradas à cadeia produtiva.  

 

 

A produção mensal de 3.500 a 5 mil peças de moda feminina da Clara Arruda é comercializada em 300 lojas multimarcas em todo o País. A capacidade produtiva da pequena indústria beneficia 70 famílias em atuam como parceiras e gera 26 empregos formais, relata o executivo da empresa, Caio Arruda.

 

Apaixonado por empreendedorismo, Caio é formado em Administração de Empresas pela Universidade de Pernambuco (UPE), especialista em gestão de marca pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), co-fundador da grife Clara Arruda. “Nosso propósito é o de consolidar um modelo de indústria de moda sustentável no semiárido nordestino, fundamentado em práticas ESG (do inglês, ambiental, social e governança)”.

 

 

Desde 2014, a empresa estabeleceu diretrizes para a sua agenda sustentável: do uso de energia limpa à valorização das comunidades locais e a gestão consciente de resíduos têxteis. “Nos comprometemos com o desenvolvimento territorial, inclusão produtiva e responsabilidade ambiental”, afirma Caio Arruda. “Exatamente como propõe o Movimento Fashion Revolution, a moda deve contribuir para a preservação e regeneração do meio ambiente, valorizando as pessoas e a natureza ao mesmo tempo em que promove o crescimento econômico”.

 

A pauta socioambiental pode até contrastar com as adversidades do semiárido mas não impede o avanço deste processo repleto de desafios. “Não somos uma empresa de educação mas promovemos a qualificação profissional para o trabalho. Ensinamos a operar as máquinas de costura e com este trabalho cada um constrói sua independência financeira. São profissionais que crescem com as novas oportunidades”, completa o executivo.

 

O setor têxtil é um dos que mais poluem os rios e descartam resíduos em lixões a céu aberto – como acontece com os rios indianos que mudam de cor de acordo com os tingimentos usados nas coleções da estação ou no deserto do Atacama, ao norte do Chile. Em território nacional, o problema é significativo também. Dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) mostram que o Brasil descarta anualmente mais de quatro milhões de toneladas de resíduos têxteis, dentre eles, retalhos da indústria.

 

No semiárido baiano, a Clara Arruda estruturou um hub de transformação social, onde a moda é ferramenta para qualificação profissional e fomento da economia circular, fortalecendo o conceito de moda responsável. Repensar os caminhos da cadeia de produção da moda é extremamente relevante com bons resultados para os negócios e para o desenvolvimento local.