Desafio Ambiental: Acelen e BNDES apostam na macaúba para produzir o combustível do futuro
A Bahia ingressa com habilidade no cenário onde são desenvolvidos projetos para a produção do combustível do futuro, necessário ao enfrentamento dos desafios globais, como as mudanças climáticas, a escassez de recursos naturais e a busca por fontes de energia sustentáveis. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) acaba de anunciar que fará um aporte de R$ 258 milhões para a Acelen implantar um centro de inovação tecnológica – o Acelen Agripark – focado em pesquisa e desenvolvimento da cultura da macaúba, palmeira rústica nativa brasileira de alto poder energético.
A substituição dos combustíveis fósseis por alternativas mais limpas e renováveis tornou-se crucial para garantir a preservação do meio ambiente e a sustentabilidade econômica. O BNDES aposta no projeto integrado da empresa para a produção de diesel renovável (renewable diesel) e combustível sustentável de aviação (sustainable aviation fuel - SAF).
A Acelen pertence ao fundo Mubadala Capital, investidor presente em mais de 50 países, cuja meta é impulsionar o setor de energia e atuar na transição energética. No Brasil, o fundo adquiriu a Refinaria de Mataripe (BA), a segunda maior do país. O plano é reduzir o impacto da operação fóssil no meio ambiente e valorizar ainda mais a refinaria, que há 70 anos opera no município baiano de São Francisco do Conde.
O projeto prevê o desenvolvimento da cultura da macaúba, planta que ultrapassa as expectativas dos pesquisadores por seu potencial para a produção de biocombustível, além de prever a recuperação de terras degradadas que voltarão a ser produtivas. Este é o primeiro financiamento do BNDES voltado ao desenvolvimento de SAF.
Para dar ritmo às ações, a Acelen iniciou a construção, em Montes Claros (MG), do Centro de Inovação Tecnológica Agroindustrial – Acelen Agripark – que terá papel fundamental no desenvolvimento da macaúba. Unindo pesquisa, inovação e tecnologia, o objetivo é promover o aumento da eficiência da matéria-prima, com sustentabilidade em todas as etapas da cadeia.
O Agripark terá um investimento total de R$ 314 milhões (R$ 258 milhões oriundos do BNDES). Construído em uma área de 138 hectares, dos quais 59 hectares serão destinados a experimentos (com oito áreas experimentais e uma de controle), o local terá capacidade de germinar 1,7 milhão de sementes por mês e produzir 10,5 milhões de mudas por ano.
Com a contribuição científica de centros de pesquisa da Embrapa, o trabalho dos agrônomos acelera o desenvolvimento de novas mudas da palmeira macaúba e a seleção dos maciços com maior potencial de produção de óleo e estruturação de um banco de germoplasma. A tecnologia permitirá a seleção das melhores plantas para a produção de sementes, clonagem e melhoramento genético.
“Essa iniciativa representa um passo importante para o Brasil se tornar um grande produtor de combustível sustentável de aviação e se posicionar como líder da transição climática no mundo”, afirma a diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES, Luciana Costa, destacando que todo o projeto será executado em terras degradadas desde 2007.
“Apoiamos essa iniciativa que inclui muita tecnologia e forte impacto social, com a perspectiva de transformar economicamente uma região e fortalecer a imagem do Brasil como parte da solução de descarbonização do mundo”, explica a diretora.
Para o CEO da Acelen, Luiz de Mendonça, o Acelen Agripark reforça o potencial da inovação agroindustrial do país, o que tornará a empresa uma das grandes produtoras de combustíveis renováveis do mundo. “Nosso propósito é participar ativamente e acelerar a transição energética global. Identificamos no agro a possibilidade de fortalecer um ecossistema integrado, num projeto que reúne uma equipe altamente qualificada e parceiros experientes, para que possamos oferecer ao mundo uma solução viável, inovadora e sustentável”, ressalta o executivo.
O desenvolvimento deste projeto pela Acelen reduz a dependência de combustíveis fósseis, fortalece a produção nacional de biocombustíveis, incentiva o uso de energias renováveis e reduz a emissão de gases de efeito estufa em um momento crucial. O Brasil precisa da economia verde para reconfigurar seu crescimento numa etapa do processo em que a transição energética é uma urgência global.