Artigos
Por que apenas 30% das empresas familiares chegam à segunda geração - e por que isso tem mais a ver com emoções do que com finanças
Multimídia
Entre convite do PT a Bellintani e articulação de Bruno Reis, Mário Kertesz expõe bastidores das eleições municipais de Salvador
Entrevistas
Afonso Florence garante candidatura de Lula em 2026 e crava retorno ao Congresso: “Sou parlamentar”
soldado correa
Os policiais militares Diego Santana Correa, conhecido como Soldado Correa, e Luan Ribeiro de Almeida Matos, o Soldado Matos, participam da organização e realizam divulgação de rifas ilegais por meio de suas redes sociais desde 2023. Juntos, os dois acumulam mais de 1,7 milhão de seguidores no Instagram, e as promessas de prêmios variam entre “dinheiro fácil”, carros de luxo, motos e iPhones.

Soldado Correa sorteando um carro nas redes sociais. | Foto: Reprodução

Soldado Matos divulgando rifas nas redes sociais. | Foto: Reprodução
As rifas, no entanto, não são autorizadas pelo Ministério da Fazenda. De acordo com a Lei 5.768/71, as rifas só podem ser realizadas por entidades filantrópicas, ou seja, sem fins lucrativos, com autorização do governo federal e sem premiações em dinheiro. Em contato com a reportagem do portal “Núcleo”, Correa, inclusive, admitiu que seus sorteios não estão regularizados pelo governo.
A organização de rifas por PMs da Bahia já foi alvo da Operação Falsas Promessas, da Polícia Civil, em abril deste ano. Até o momento, nove policiais militares foram presos, suspeitos de integrarem um esquema milionário de rifas ilegais e lavagem de dinheiro. A organização criminosa utilizava uma complexa estrutura de empresas de fachada e laranjas para ocultar os lucros obtidos com as rifas fraudulentas, que eram promovidas em Salvador, Região Metropolitana, Vera Cruz, São Felipe, Juazeiro e Nazaré.
OS PMS E AS REDES SOCIAIS
Por meio dos stories do Instagram, os policiais fazem a divulgação de sites específicos. No caso do Soldado Correa, são realizadas publicações que levam ao endereço da “Ação de Ouro”, registrada em seu próprio CPF, conforme consulta na Receita Federal.
Nas divulgações de Matos, o site “Ação do Guerreiro” é dado como destino das rifas. O CNPJ da empresa está registrado no nome da esposa do PM, Daiane Ribeiro Santana. Os sites dos soldados têm páginas parecidas, com indicações dos prêmios por rifa mediante a realização de um cadastro e compra de número para sortear, a partir de um centavo na maioria dos sorteios.
Nem nos sites, nem nas postagens feitas no Instagram, os policiais informam o CNPJ de entidade a ser beneficiada pela rifa, os pagamentos, nem quem está patrocinando os prêmios. No caso dos prêmios em dinheiro, o repasse é feito por eles mesmos, como pessoa física, quando mostram os comprovantes dos ganhadores em publicações.
Os dois policiais, além de seus perfis pessoais, têm contas reservas no Instagram, nas quais também divulgam as rifas e postam vivências de policial militar, com exibição de fardamento e armas e opiniões sobre ocorrências diversas. Eles ainda publicam vídeos com supostos ganhadores recebendo os prêmios.
Ambos estão na ativa e, segundo o Portal da Transparência, têm salário bruto de R$ 5,3 mil.
SOLDADO NEGA REALIZAÇÃO DE RIFAS
Em sua defesa, Correa afirmou que não realiza rifas, mas sim “sorteios”, chamando a modalidade de “título de capitalização”. Além disso, o PM admitiu que não buscou legalizar as rifas, pois “entregaria o lucro ao governo”.
“Partir para legalização é praticamente entregar 90% dos meus lucros ao governo, é o que eu sou totalmente contra. Eu não ligo muito para esse negócio de regra, não, porque eu vejo muita regra e pouca gente seguindo, né? Eu sigo mais assim a Bíblia, os dez mandamentos. A Constituição Federal tem 500 e não sei quantas páginas ou mais. Eu vejo tanta roubalheira no país. Eu acho que se a gente seguisse mais a Bíblia, que é menos regra, e andasse pelo certo, a gente não precisaria de tanta gente, de falso moralista, querendo dar uma de certinho em cima dos outros”, disse o soldado.
A reportagem do Núcleo também entrou em contato com a Polícia Militar. A entidade informou que tomará as medidas cabíveis ao tomar ciência de que membros da corporação estavam realizando a divulgação de rifas. Em nota, a PM-BA afirmou que será instaurado um processo administrativo para apurar possíveis “transgressões à legislação”.
“A conduta é objeto de apuração formal, mediante instauração de procedimento administrativo sumário ou sindicância, com o objetivo de verificar eventual transgressão à legislação vigente, especialmente quanto à vedação de práticas que possam comprometer a ética, a imagem institucional e a disciplina militar. Durante a apuração, os policiais eventualmente envolvidos são apresentados à respectiva comissão de investigação, assegurando-se o contraditório e a ampla defesa, conforme preconizado pela legislação administrativa e disciplinar aplicável”, disse a PM-BA.
O Soldado Matos também foi procurado, mas não respondeu à reportagem.
Diante do aumento no número de Processos Administrativos Disciplinares (PAD) no âmbito da Polícia Militar da Bahia (PM-BA), o comandante-geral da corporação, coronel Paulo Coutinho, foi questionado diretamente sobre a prisão do “Soldado Corrêa”, militar influencer com mais de 1 milhão de seguidores nas redes sociais.
Em entrevista nesta semana, o militar chegou a alegar que a motivação seria uma declaração dada durante um podcast. Ele teria afirmado que “se mexer com a minha família, que se f*da a lei”.
O PM agora vai ficar 30 dias detido no Batalhão de Choque, localizado em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador.
Compartilhe esse conteúdo pelo WhatsApp!
“Uma apuração normal, ele teve direito de defesa e houve uma decisão do comando da corporação, com base nos elementos que estavam no processo administrativo disciplinar. Eu acho que não cabe nada de falar, nem justificar ou disciplinar onde legislação prevê algumas normas que foram desobedecidas”, disse Paulo Coutinho na manhã desta sexta-feira (18).
“Nós não queremos simplesmente punir. Muito pelo contrário, a minha determinação desde o início foi orientada, no sentido que fiquem como incompatíveis os exercícios da função pública com determinados comportamentos da rede. E é isso que nós estamos fazendo. Na verdade, primeiro, conscientizando que os que não atenderem a orientação, acho que temos que adotar a medida disciplinar”, acrescentou.
O comandante-geral também comentou sobre as ações recentes organizadas pelo Ministério Público que tem militares como alvos.
“Não é determinação nossa. Agora também esqueceram de dizer que eu sou o que mais elogiei na história da Polícia Militar. Então eu gostaria de deixar bem claro que nós orientamos os desavisados e punimos os incorrigíveis. E, às vezes, ou na maioria das vezes, essas operações não passam nem pela gestão da Polícia Militar. São órgãos externos que estão feitos no Ministério Público, e que, infelizmente, encontram agentes de Estado, em desvio de conduta”, finalizou.
Conhecido nas redes sociais por realizar “rifas”, o Soldado Corrêa, da Polícia Militar da Bahia (PM-BA), vai cumprir 30 dias de detenção no Batalhão de Choque, localizado em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador.
Atualmente lotado na 40ª CIPM (Nordeste de Amaralina), ele deve se apresentar ainda na tarde desta segunda-feira (14). Segundo informações passadas pelo militar, a prisão ocorre após determinação do Comandante Geral da PM-BA, coronel Paulo Coutinho.
Em entrevista ao programa Alô Juca, da TV Aratu, no início da tarde desta segunda, o militar alega que a motivação seria uma declaração dada durante um podcast. Ele teria afirmado: “se mexer com a minha família, que se f*da a lei”.
Ainda conforme o soldado, a corregedoria o considerou inocente nesse processo, mas ainda assim o Comando Geral determinou a detenção por 30 dias. Além disso, ele alega que tem um atesto médico válido até o próximo dia 25 de outubro.
“A corregedoria me considerou inocente nesse processo, estou de atestado médico até dia 25. Mas respeito os coronéis, mandaram eu me apresentar. A gente vive em um país onde o criminoso se precisar de auxílio medico terá todo suporte, mas o policia não, tem que cumprir cadeia mesmo de atestado médico”, disse.
Corrêa alega, ainda, que o teor dos próximos processos enfrentando na corporação são de “teor político” e que a nova determinação veio “logo após as eleições”.
Ao longo do ano, ele chegou a ficar mais de 90 dias afastado das atividades por processos disciplinares e problemas de saúde como ansiedade.
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Jerônimo Rodrigues
"É uma indicação condicionada, inclusive judicial. Nós fizemos tudo o que a justiça pediu. Encaminhamos o projeto de lei para abrir a vaga no TCE e Dialogamos com o TCE. A combinação toda cumprida no campo da política. Então, eu espero que Josias esteja aí dialogando com a Assembleia. É a vez da Assembleia fazer o papel dela. Meu papel enquanto indicador da vaga foi feito".
Disse o governador Jerônimo Rodrigues ao comentar sobre a indicação do deputado federal Josias Gomes (PT) para o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE-BA). O pronunciamento chega após o gestor enviar à Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), a indicação do parlamentar à cadeira do TCE, na última sexta-feira (12).