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negros
A Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) divulgou no última sexta-feira (17) o resultado final do Vestibular 2025. Após uma intensa disputa, mais de mil candidatos foram aprovados para os 47 cursos de graduação oferecidos pela instituição.
Os aprovados podem consultar o resultado completo no Anexo 2 da Portaria 020/2025, disponível aqui. Além disso, é possível conferir a nota final da redação no Anexo 1. A consulta do boletim de desempenho individual, com todas as pontuações, será liberada na próxima segunda-feira (27).
Nesta edição, a Uesb implementou a obrigatoriedade da Banca de Heteroidentificação para os candidatos aprovados na modalidade de cotas para negros (pretos e pardos). Essa medida visa garantir a integridade do Programa de Ações Afirmativas da Universidade. Mais de 1.900 candidatos se inscreveram nessa modalidade.
A Justiça determinou nesta quarta-feira (18) a suspensão do concurso público da Câmara Municipal de Caetité. A decisão atende a um mandado de segurança impetrado por Rodrigo Moreira de Azevedo Silva, que alegou a ausência de reserva de vagas para pessoas negras no edital, contrariando a Lei Municipal n.º 976/2024.
Segundo o portal Achei Sudoeste, parceiro do Bahia Notícias, a lei municipal, 20% das vagas em concursos públicos no município devem ser reservadas a pessoas negras. No entanto, o edital do concurso publicado pela Câmara em 19 de agosto não contemplava essa exigência legal.
Em sua decisão obtida pelo Achei Sudoeste, o juiz considerou que a ausência da reserva de vagas para negros no edital configura uma irregularidade e pode gerar a nulidade do concurso. O magistrado determinou que o presidente da Câmara, Rodrigo Júnior Lima Gondim (União), apresente, em um prazo de dez dias, as informações que julgar necessárias sobre o caso.
Com a suspensão do concurso, a Câmara Municipal de Caetité deverá readequar o edital para garantir o cumprimento da lei de cotas para negros e realizar um novo processo seletivo.
O 1º Censo Étnico-Racial do Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) revelou que somente 34% dos promotores do órgão são negros. Percentual inferior à representatividade de negros na população baiana, que atinge cerca de 80%, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os dados foram apresentados nesta terça-feira (12) durante o seminário “Reconhecer para Transformar”, parte do evento “MP no Novembro Negro - Enfrentamento ao Racismo Institucional”.
Os dados reforçam a necessidade de políticas afirmativas e ações estruturais para equilibrar a representatividade dentro da instituição, como destacou o procurador-geral de Justiça, Pedro Maia. O censo é fruto do Programa de Enfrentamento ao Racismo Institucional (Peri), instituído em 2021.
“Esse censo é uma contribuição essencial para uma reflexão interna necessária, mas também para que esse exemplo arraste outras instituições e a própria sociedade a um debate profundo sobre os espaços de poder e liderança”, disse o chefe do MP-BA em sua fala de abertura.
Maia considerou o censo como um marco para o MP-BA, que reafirma seu compromisso com o combate ao racismo estrutural e institucional em uma Bahia marcada pela desigualdade histórica e pela luta por equidade.
A promotora de Justiça Lívia Vaz sublinhou a importância de se reconhecer o problema para que ele possa ser enfrentado. “A Bahia tem aproximadamente 80% de pessoas negras, mas no MP esse percentual cai para 34%. Isso reflete não apenas uma questão local, mas um problema estrutural do sistema de justiça brasileiro e da sociedade como um todo. Reconhecer a existência do racismo institucional é o primeiro passo para o seu enfrentamento, e o MPBA tem adotado medidas para combater essa realidade”, afirmou.
Complementando essa visão, o promotor Rogério Luís Gomes de Queiroz, coordenador do Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos (CAODH), ressaltou a importância do censo como instrumento de transparência e diagnóstico. “É um fato concreto que temos uma representatividade inferior de pessoas negras nos quadros do MP em comparação com a população baiana. Para reverter isso, estamos implementando políticas afirmativas, como as cotas, para incentivar a entrada de negros na instituição. Além disso, é necessário fortalecer a educação para que, no futuro, tenhamos uma igualdade de condições nas seleções”.
O edital do Programa de Ação Afirmativa publicado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) traz uma nova categoria quanto a quais empresas podem contribuir com a preparação de pessoas negras e indígenas: a de apoiadores júnior, cujo valor de doação representa o custeio de uma bolsa anual.
O documento regulamenta a possibilidade de doação em faixa reduzida de valores, que chegam a R$ 39.600,00. Além disso, há previsão de doação de forma coletiva, por mais de uma pessoa jurídica, a fim de atingir a cota mínima estabelecida para o programa. Para participar da doação coletiva, as pessoas jurídicas deverão formalizar sua intenção de contribuir para a cota mínima, especificando o valor ou a proporção da contribuição.
O edital informa ainda que a criação dessas novas categorias busca ampliar o engajamento e a participação de doadores, mesmo que não possam contribuir com valores mais elevados. Dessa forma, permite-se que empresas e entidades privadas de menor porte também participem da iniciativa, que pretende fortalecer e ampliar a diversidade na magistratura brasileira.
O Programa CNJ de Ações Afirmativas para Ingresso na Magistratura visa promover a igualdade de oportunidades no acesso à preparação para concursos da magistratura estadual, federal, do trabalho e militar, especificamente para pessoas negras e indígenas, com ou sem deficiência, e que tenham sido aprovadas no 1.º e no 2.º Exame Nacional da Magistratura (Enam).
O auxílio deve beneficiar até 100 pessoas negras e indígenas classificadas no Exame, com o recebimento de R$ 3 mil mensais, por até dois anos. A ideia é custear material bibliográfico, contratação de professores, acesso a cursos preparatórios e até despesas com alimentação, transporte e moradia.?A gestão dos recursos é feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Qualquer pessoa jurídica de direito privado habilitada pode contribuir. Os interessados podem solicitar informações pelo e-mail [email protected], com cópia para [email protected].
DIVERSIDADE
De acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2022, 56% da população brasileira é preta ou parda e 0,82%, indígena. Apesar do quantitativo, o Diagnóstico Étnico-Racial do CNJ, divulgado em setembro de 2023, mostra que 14,5% dos magistrados se reconhecem como negros e apenas 0,2%, como indígenas.
Terra do axé e do acarajé, a cidade mais negra fora da África, Salvador ainda busca maior representatividade do povo negro dentro da política da cidade e, pelo menos nas candidaturas, a capital baiana aparenta estar chegando perto do objetivo. Dos 845 candidatos em Salvador neste ano, 86,88% (702) são de pessoas declaradamente negras, sendo a maior representação da história desde o início dos cadastros de autodeclaração racial no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 2014.
Os dados foram coletados pelo Bahia Notícias por meio do TSE, realizando as comparações entre os pleitos de 2024, 2020 e 2016. Foram consideradas as candidaturas para Prefeito, Vice-Prefeito e Vereador. Já para o conceito de negro, foi utilizada a determinação do inciso IV do artido 1º da Lei 12.288, a qual instituiu o Estatuto da Igualdade Racial, que considera pardos e pretos como negros.
As declarações raciais para o pleito deste ano ficaram da seguinte forma:
- Pardos: 361 (42,72%)
- Pretos: 341 (40,35%)
- Brancos: 136 (16,09%)
- Indígenas: 4 (0,47%)
- Não informado: 3 (0,35%)
Os pleitos de 2016 e de 2020, numericamente, superam a quantidade de candidaturas declaradamente negras em relação a 2024, com 894 e 1.608 registros respectivamente . Contudo, em termos proporcionais, as eleições de oito anos atrás ficaram com 83,47% de representação, enquanto 2020 ficou com a porcentagem de 80,03%.
Vale ressaltar que este ano marca a primeira eleição municipal com a utilização de cotas para as candidaturas e para a utilização do fundo eleitoral. Confira lista da quantidade de candidatos negros por partido/federação neste ano:
Avante: 37
Cidadania: 9
DC: 40
MDB: 38
Mobiliza: 32
Novo: 26
Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV): 40
PCB: 1
PCO: 2
PDT: 36
PL: 31
PMB: 41
Podemos: 34
PP: 36
PRD: 38
PRTB: 20
PSB: 39
PSD: 35
PSDB: 24
Federação Psol-Rede: 38
PSTU: 3
Republicanos: 39
Solidariedade: 26
União: 33
UP: 4
Lembrando que, como dito anteriormente, Salvador é a cidade mais negra fora da África. A capital da Bahia, com seus mais de 2 milhões de habitantes, possui 83,2% da população se autodeclarando como negra, enquanto os brancos são minoria, representando 16,5%.
REPRESENTAÇÃO NA POLÍTICA
Em 2020, para a Câmara Municipal de Salvador, o povo soteropolitano elegeu 30 edis que se declararam negros, sendo 17 pardos e 13 pretos. Também foram eleitos o atual prefeito Bruno Reis (União) e a vice Ana Paula Matos (PDT), quando ambos se proclamaram pardos para a Justiça Eleitoral.
Contudo, para o pleito deste ano, Bruno Reis alterou sua declaração, passando para branco. Quem tomou o mesmo caminho foi o atual vice-governador e candidato à prefeitura, Geraldo Jr (MDB), que em 2020 se elegeu vereador de Salvador. O Bahia Notícias também realizou um levantamento sobre os candidatos que modificaram sua autodeclaração racial, para ler clique aqui.
O Ministério Público Federal (MPF) resolveu recomendar à Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) a imediata suspensão do concurso público regido pelo edital 1/2024, de 13 de maio, até a adequação ao sistema de reserva de vagas para pessoas com deficiências e negras.
A seleção é destinada ao preenchimento de 61 vagas de nível superior e formação de cadastro reserva. A aplicação das provas (objetiva e discursiva) estava agendada para o dia 4 de agosto.
A recomendação, publicada nesta terça-feira (23) e assinada por Fábio Conrado Loula, procurador da República, indica que a Codevasf descumpriu a porcentagem prevista nas leis nº 12.990/2014 e 8.112/90. Para o Ministério Público Federal, a Codevasf deveria ter levado em conta o total de vagas para cada cargo, independente da localização, reservando igualmente 20% da totalidade das vagas/cargo para candidatos negros e 20% para candidatos com deficiência.
Como destaca a portaria, a legislação fixa que a aplicação da reserva de vagas sempre ocorrerá quando o número de vagas oferecidas no concurso público for igual ou superior a três. Na hipótese de quantitativo fracionado para o número de vagas reservadas a candidatos negros, esse será aumentado para o primeiro número inteiro subsequente, em caso de fração igual ou maior que 0,5 (cinco décimos), ou diminuído para número inteiro imediatamente inferior, em caso de fração menor que 0,5.
O procurador ressaltar que “as medidas legais adotadas para a reserva de vagas para pessoas negras pressupõem uma reparação histórica de desigualdades e desvantagens acumuladas e vivenciadas por um grupo racial ou étnico, de modo que essas medidas aumentam e facilitam o acesso desses grupos, garantindo a igualdade de oportunidades”.
Para a determinação, o procurador ainda considerou o decreto 9.508/2018 que indica que "na hipótese de concurso público ou de processo seletivo regionalizado ou estruturado por especialidade, o percentual mínimo de reserva será aplicado ao total das vagas do edital, ressalvados os casos em que seja demonstrado que a aplicação regionalizada ou por especialidade não implicará em redução do número de vagas destinadas às pessoas com deficiência".
O MPF concedeu o prazo de três dias úteis, contados a partir do recebimento do expediente, para informar sobre o acatamento da presente recomendação e/ou quais providências foram adotadas para atender as medidas recomendadas, tendo em vista que as etapas do concurso público estão avançando.
O CONCURSO
O concurso da Codevasf é destinado aos profissionais das áreas de Administração; Contabilidade; Economia; Engenharia Civil; Engenharia de Agrimensura; Engenharia de Pesca e Aquicultura; Estatística; Geologia; Jornalismo; Publicidade e Propaganda; e Tecnologia da informação. O salário inicial é de R$ 9.065,95. As inscrições ocorreram de 20 de maio a 10 de junho.
Na Bahia, de acordo com o edital, os candidatos selecionados irão atuar nas 2ª e 6ª Superintendências Regionais com sedes em Bom Jesus da Lapa e Juazeiro, respectivamente.
As provas estavam previstas para serem aplicadas no próximo mês nas cidades de Brasília, Aracaju, Belém, Bom Jesus da Lapa, Goiânia, Macapá, Maceió, Montes Claros, Palmas, Petrolina, São Luís e Teresina.
RESERVA DE VAGAS
Quanto à reserva de vagas, o edital especifica que os 20% serão destinadas aos candidatos negros e portadores de deficiência. Segundo o edital, o percentual mínimo de reserva será observado na hipótese de aproveitamento de vagas remanescentes e na formação de cadastro de reserva.
O texto segue dizendo que as vagas reservadas às pessoas com deficiência poderão ser ocupadas por candidatos sem deficiência na hipótese de não haver inscrição ou aprovação de candidatos com deficiência no concurso.
Já às cotas raciais, o edital estabelece que somente haverá reserva imediata de vagas para os candidatos que se autodeclararem negros nos cargos/áreas /polos de trabalho com número de vagas igual ou superior a três. As pessoas negras aprovadas dentro do número de vagas oferecido para ampla concorrência não serão computadas para efeito do preenchimento das vagas reservadas e aquelas que obtiverem pontuação suficiente para aprovação em ampla concorrência deverão figurar tanto na lista de classificados dentro das vagas reservadas, quanto na lista de classificados da ampla concorrência.
Na hipótese de todas as pessoas aprovadas na ampla concorrência serem nomeadas e remanescerem cargos vagos durante o prazo de validade do certame, deverão ser nomeadas as pessoas aprovadas que se encontrem na lista da reserva de vagas para pessoas negras, de acordo com a ordem de classificação geral por cargo/área/polo de trabalho.
Candidatos que se autodeclararem negros concorrerão concomitantemente às vagas reservadas e às vagas destinadas à ampla concorrência, de acordo com a sua classificação no concurso - mesma regra válida para as pessoas com deficiência.
Na hipótese de não haver candidatos negros aprovados em número suficiente para que sejam ocupadas as vagas reservadas, as vagas remanescentes serão revertidas para ampla concorrência e serão preenchidas pelos demais candidatos aprovados, observada a ordem de classificação geral por cargo/área/polo de trabalho.
A nomeação dos candidatos aprovados respeitará os critérios de alternância e de proporcionalidade, que consideram a relação entre o número total de vagas e o número de vagas reservadas a candidatos com deficiência e a pessoas negras.
A CODEVASF
Criada pela Lei nº 6.088/1974, a Codevasf é uma empresa pública federal vinculada ao Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR). A companhia possui sede em Brasília e mantém 16 superintendências regionais.
A Codevasf executa políticas públicas nas áreas de infraestrutura, segurança hídrica, agricultura irrigada, revitalização de bacias hidrográficas e economia sustentável. Suas ações incluem a implantação de projetos de irrigação; a realização de obras como canais, adutoras, sistemas de abastecimento e sistemas de esgotamento sanitário; o atendimento a comunidades rurais difusas, com a instalação de poços e cisternas; a revitalização do meio ambiente, com contenção de processos erosivos e repovoamento de rios com peixes de espécies nativas; e o suporte a atividades produtivas, como a agricultura familiar, a piscicultura e a apicultura.
O Ministério do Interior da Espanha vai investigar a atitude de policiais de Madrid que foram filmados espancando imigrantes negros. O vídeo foi divulgado na última sexta (29) e mostra uma abordagem truculenta dos agentes contra os imigrantes. Os policiais chegaram a empurrar e até a enforcar as vítimas com cassetetes. Veja o vídeo:
VÍDEO: ?? Policiais são investigados após abordagem violenta contra imigrantes negros na Espanha
— Bahia Notícias (@BahiaNoticias) April 1, 2024
Confira ??https://t.co/sEXZ5ZwmjP pic.twitter.com/qUr4RyGVJQ
A corporação afirmou que foi acionada para intervir em uma briga entre quatro pessoas, estando envolvidos os dois homens que aparecem no vídeo. Os policiais prenderam os imigrantes e teriam encontrado droga com um deles, embora não tenham sido especificadas a quantidade e a substância.
O Ministério do Interior da Espanha anunciou a abertura de uma investigação contra os policiais, que será realizada pelo Gabinete Nacional de Garantia dos Direitos Humanos, segundo o jornal El País. Em nota à imprensa, a Polícia espanhola afirmou que seus agentes foram agredidos e que as redes sociais têm praticado uma "caça injusta" à corporação. "Todo o coletivo policial está sendo acusado de atuações gravíssimas, muitas delas delitivas", publicaram.
A repercussão do vídeo levou os espanhóis às ruas para protestar contra a violência policial e o racismo. No último sábado (30), centenas de pessoas foram ao bairro de Lavapiés, em Madrid, e criticaram o que chamaram de "violência policial cotidiana e sistemática" orientada por "lógicas e dispositivos racistas".
Antes opção para ser cabeça de chapa e agora tido como um possível nome a vice na majoritária encabeçada por Geraldo Jr. (MDB) na disputa à prefeitura de Salvador. Esse é o cenário político na qual o vereador Silvio Humberto (PSB) se encontra no momento.
Durante entrevista ao Podcast Projeto Prisma, do Bahia Notícias, nesta segunda-feira (1º), o vereador criticou a falta de negros em cargos altos na política soteropolitana e destacou que o ‘alto escalão’ da capital baiana atualmente, não é muito diferente do que era há séculos. Silvio justificou que colocou seu nome justamente para lutar contra o elitismo na política.
“Eu coloquei o meu nome e não foi a primeira vez, porque eu entendo que chegamos num limite. Se você tem as condições, por que não oferecer o seu nome? Se nós já somos os pés e as mãos dessa cidade, por que não podemos ser a cabeça? Essa situação que aí está é uma aberração. Temos uma cidade de maioria negra e que chega ao século XXI como se ainda estivesse no século XIX. São as mesmas elites mandando só mudando de personagem”, disparou o vereador.
Silvio Humberto destacou que retirou a candidatura em 2020, mas que no momento o cenário é diferente. Ele destacou que espera uma postura mais “audaciosa” do PSB nessas articulações. “ Meu partido precisa ser audacioso. A audácia para mim é ousadia com planejamento. Você precisa dizer para que veio. Nós fizemos isso no ano passado, discutindo a cidade que temos e a que merecemos e queremos”, pontuou o vereador. Confira o trecho:
Com o anúncio da oferta de bolsas para candidatos negros e indígenas à magistratura, representantes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), da Fundação Getulio Vargas (FGV) e da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e empresas se reuniram na última terça-feira (19) para para debater as regras que vão viabilizar a iniciativa, que integra o Programa CNJ de Ação Afirmativa.
As bolsas serão concedidas pelo período de dois anos para 200 candidatos negros e indígenas que desejam prestar o Exame Nacional da Magistratura (Enam) e concursos da magistratura. O objetivo é preparar estudantes negros e indígenas para competir em condição de igualdade com os outros candidatos por uma vaga no cargo de juiz.
A oferta de bolsas de manutenção, no valor de R$ 3 mil, tem como enfoque o custeio de material bibliográfico, a contratação de professores, o acesso a cursos preparatórios e, inclusive, as despesas com alimentação, transporte e moradia. A ideia, segundo o CNJ, é publicar um chamamento público em busca de apoiadores que desejem financiar essas bolsas.
“Uma intervenção assim é fundamental para mudar a realidade atual, porque, como indica o monitoramento da efetividade da política de cotas, a projeção do cumprimento das metas de equidade é só para 2050. Essa iniciativa busca agilizar o processo”, explicou a secretária-geral do CNJ, Adriana Cruz.
O diagnóstico que subsidia o Programa CNJ de Ação Afirmativa identificou as barreiras estruturais que impedem a participação competitiva e igualitária de negros e indígenas nos concursos para a magistratura. Ficou evidente que o racismo estrutural que expõe essa população à vulnerabilidade social, com consequente dificuldade de acesso ao alto custo do material e aos cursos preparatórios para concursos, além da dificuldade dos candidatos de conciliar estudos e trabalho para sustento próprio e familiar.
“A proposta em elaboração está sendo construída por muitas mãos, observando outras experiências, para efetivamente avançar na inclusão. Afinal, para que as decisões na magistratura sejam tomadas a partir de diferentes perspectivas, é preciso outros olhares, a diversidade é essencial”, destacou a juíza auxiliar da Presidência do CNJ Karen Luise.
De acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2022, 56% da população brasileira é preta ou parda e 0,82%, indígena. Apesar do quantitativo, o Diagnóstico Étnico-Racial do CNJ, divulgado em setembro de 2023, mostra que 14,5% dos magistrados se reconhecem como negros e apenas 0,2%, como indígenas.
A parceria que reúne as três instituições coloca o CNJ como responsável pela concepção da política de enfrentamento da baixa representatividade negra e indígena na magistratura. Já a Febraban, que reúne 119 empresas do mercado financeiro, estará à frente da formação de rede de apoiadores e da captação de parceiros. Para a gestão eficiente dos recursos e das vagas e para o acompanhamento dos bolsistas, a Fundação Getúlio Vargas trará a expertise em educação.
Mais de 50 mil pessoas se inscreveram para a primeira edição do Exame Nacional da Magistratura, cujas provas acontecerão no dia 14 de abril. Pouco mais de 10,9 mil se autodeclaram negros e apenas 129 se identificaram como indígenas.
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou, por unanimidade, durante a 3ª Sessão Virtual de 2024, a adoção de novas regras para provimento de cargos efetivos de concursos para servidores do Poder Judiciário. A partir de agora, os candidatos indígenas e com deficiência terão as mesmas notas exigidas para os negros, ou seja, 20% inferior ao cobrado para aprovação dos concorrentes de ampla concorrência, que representa 60% do total.
Com o resultado da análise do processo, ficam valendo as mesmas notas para os três perfis de candidatos – negros, indígenas e pessoas com deficiência. O objetivo é assegurar o tratamento isonômico aos cotistas que desejam ingressar como servidores do Poder Judiciário.
O presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, destacou em seu voto a necessidade de uniformização de parâmetros das políticas de inclusão adotadas pelo Conselho nos concursos do Poder Judiciário. Ele citou a Resolução CNJ 401/2021, que dispõe sobre o desenvolvimento de diretrizes de acessibilidade e de inclusão de pessoas com deficiência e também a Resolução 512/2023, que trata da reserva aos indígenas de ao menos 3% das vagas dos concursos.
“Considerando a essência das políticas afirmativas de inclusão adotas pelo Conselho Nacional de Justiça para ingresso nos cargos efetivos de servidores, a mesma disposição quanto à nota mínima aplicável aos candidatos negros deve ser estendida aos candidatos indígenas e àqueles com deficiência, seja por incidência do princípio da isonomia, seja por coerência da própria ação afirmativa empreendida pelo CNJ”, manifestou o presidente na fundamentação do voto.
A Casa das Histórias de Salvador (CHS), primeiro centro de interpretação do patrimônio da capital baiana, e o Arquivo Municipal de Salvador foram oficialmente entregues aos soteropolitanos nesta segunda-feira (29). Com um acervo digital e físico, os equipamentos vão apresentar uma nova narrativa sobre os quase cinco séculos da cidade, destacando as histórias, saberes e fazeres de pessoas comuns, geralmente ignorados pela história oficial. Os espaços foram inaugurados nesta segunda-feira (29) pelo prefeito Bruno Reis, acompanhado do secretário da Secretaria de Cultura e Turismo (Secult), Pedro Tourinho, demais autoridades municipais e imprensa.
No discurso, o prefeito Bruno Reis ressaltou que o CHS e o Arquivo Municipal são um marco importante para a preservação da memória de Salvador e do Brasil. “Eles vão marcar de forma definitiva a história de nossa cidade. A Casa das Histórias era aquele casarão abandonado do passado e que agora virou um dos mais bonitos de Salvador, e ainda estamos inaugurando esse prédio de 12 andares, que foi totalmente construído. Um povo que não preserva seu passado não tem como construir o seu presente e o seu futuro. Está aí a nossa história para os nossos filhos”, declarou.
Localizada no Comércio em um casarão centenário que foi completamente revitalizado, a CHS tem como foco a contribuição das pessoas negras e indígenas para a formação da cidade. O espaço é um convite à população para participar ativamente e refletir acerca dos sentidos, da memória e do futuro da capital baiana. O investimento municipal no complexo foi superior a R$93 milhões.
Nos quatro andares, a Casa das Histórias irá proporcionar uma imersão na cidade de Salvador, quer seja através de suas festas populares, com o curta-metragem “Traçando festas”, quer seja acessando parte do acervo do Arquivo Público Municipal, um prédio de 12 andares integrado à Casa das Histórias. O acervo possui mais de 4 milhões de documentos que retratam a história de Salvador, da Bahia e do Brasil, além de 193 mil itens documentais, como fotografias e matérias históricas – todo esse material, que estava em processo avançado de degradação, foi 100% recuperado e digitalizado.
Para o secretário Pedro Tourinho, o novo equipamento cultural irá promover uma reflexão acerca da memória da cidade. “A Casa das Histórias de Salvador é o espaço em que a cidade conta sua própria história. Por entre memórias escritas, orais, ecológicas e visuais podemos fazer uma viagem inspiradora pelas narrativas que nos constituíram enquanto cidade e povo que se mostra e se pensa”, afirmou.
Construção popular – Interligando os quatro andares, as “Escadas do Patrimônio” refletem a riqueza histórica e cultural de Salvador, representadas em 50 imagens de cenas e ícones da cidade, decoradas em 600 azulejos, com curadoria de José Eduardo Ferreira Santos, fundador do Acervo da Laje, espaço de memória artística, cultural e de pesquisa, situado em São João do Cabrito. A Casa das Histórias também terá representações das paisagens naturais da cidade, através de imagens acompanhadas de uma trilha sonora original, e um espaço com destaque para a formação geográfica de Salvador, com uma maquete topográfica do Centro Histórico da cidade.
Projeto – O equipamento municipal é gerido pela Secult e contou com museografia assinada pela curadora Ana Helena Curti, do consórcio Memorar. Além disso, foi financiado com recursos do Prodetur.
Ana Helena explicou que a proposta do espaço é provocar experiências mais diversas como a sonora, sensorial e de imersão em projeções. "A ideia é trazer para a Casa das Histórias outros pontos de vista e conteúdos que provavelmente as pessoas ainda não conhecem. Isto para que elas possam conhecer e somar ao imaginário que já tem. Então a gente traz o que o povo soteropolitano pode contribuir com a cidade. Temos pessoas que deram depoimentos, se envolveram no processo de conteúdo porque fazemos tudo com as pessoas", enfatizou.
Ambientes – A CHS apresenta uma narrativa nova sobre os quase cinco séculos de Salvador, utilizando conteúdos digitais e um acervo físico que incluem saberes e fazeres das pessoas comuns, normalmente não abordados pela história oficial da cidade, ressaltando a contribuição negra e indígena para a formação da primeira capital do país, de modo a convidar os visitantes a participar ativamente da reflexão acerca dos sentidos da memória e do futuro da capital baiana.
No térreo da Casa, o visitante encontra a recepção, a loja da CHS, o mapa do patrimônio mundial natural e cultural da Unesco, bem como texto Manifesto do equipamento. No 1º andar, uma representação do patrimônio natural de Salvador, concebida por meio de uma experiência imersiva na qual as paisagens naturais da cidade (as tonalidades da luz solar, o mar da Baía de Todos os Santos, a flora e da fauna da Mata Atlântica e da Restinga, os rios e lagoas) são expostos a partir de imagens poeticamente criadas e acompanhadas por uma trilha sonora original.
Subindo mais um andar, a formação da geografia de Salvador é aludida através de uma maquete topográfica do Centro Histórico da cidade (seu núcleo formador), onde são sinalizados 24 pontos do patrimônio local. Sobre a maquete, duas projeções mapeadas em painéis suspensos apresentam imagens em movimento percorrendo toda a extensão urbana que contém os demais bairros, até os limites da capital.
O mesmo pavimento conta ainda com 48 conteúdos em que 24 “diálogos do patrimônio” relacionam localidades da cidade aos pares em função de certas conexões históricas que os vinculam, a exemplo da Barroquinha e do Engenho Velho da Federação, ligados por terem sido os territórios onde foram erguidos os primeiros terreiros de candomblé.
Já no 3º andar o público é convidado para duas experiências: assistir ao curta-metragem “Trançando Festas”, sobre as festas de largo da cidade, em um painel de LED em frente à arquibancada do pavimento; e conhecer os 24 retratos de mulheres, homens e crianças comuns, de diferentes etnias, faixas etárias, territórios e atividades profissionais, que assumem o protagonismo de narrar os fatos e expressões culturais que inspiram seu sentimento de pertencimento à cidade.
O 4º e último andar, que se liga ao novo prédio do Arquivo Público Municipal, possui uma área dedicada a apresentar parte do acervo do arquivo, bem como a história do prédio centenário que abriga a CHS, restaurado das ruínas para este fim. Em outro espaço deste pavimento, há uma área para exposições temporárias, que recebe em uma sala a expo Mundos do Trabalho; e em outra, peças do Acervo da Laje.
Interligando os quatro andares, as “Escadas do Patrimônio” refletem a riqueza histórica e cultural de Salvador, representadas em 50 imagens de cenas e ícones da cidade (roda de capoeira, tabuleiro de baiana do acarajé, pesca com rede), decoradas em 600 azulejos, com curadoria de José Eduardo Ferreira Santos, fundador do Acervo da Laje.
No que diz respeito à acessibilidade, a CHS tem peças elaboradas com relevos e texturas que favorecem a visita de pessoas com deficiência visual, além de mapa e QR Code táteis, audioguia descritivo, videolibras, textos em braile e pictogramas – conteúdos representados por figuras que facilitam a compreensão de crianças, pessoas com déficit cognitivo e doenças mentais.
Funcionamento – A Casa das Histórias funcionará de terça a domingo, das 10h às 18h, com última entrada às 17h. Os ingressos para visitação podem ser retirados através do Sympla, com entrada gratuita até 31 de março.
Novo polo histórico-cultural – O prefeito Bruno Reis destacou que, graças aos investimentos recentes, a região da Praça Cairu já é uma das zonas culturais mais importantes de Salvador. Além da Casa das Histórias, o município está construindo a Casa de Espetáculos e a Escola de Arte, prédios anexos à Cidade da Música, equipamento que também foi entregue na atual gestão. Ali também está o Mercado Modelo, recentemente revitalizado, que agora possui a Galeria Mercado. Além disso, o Polo de Economia Criativa Doca 1 e o Hub Salvador também ficam próximos, na Avenida da França.
“Fazer esse nível de investimentos não foi fácil, mas está aí, entregue, mais um legado que nós vamos deixar para a história de Salvador. Aqui, teremos cinco equipamentos. Nós já entregamos três e mais dois estão em construção. Aqui, será o principal quarteirão cultural do Brasil. Com todos eles juntos, vamos nos fortalecer e nos consolidar no turismo. No passado, a gente oscilava entre terceiro e segundo destino do país. Mas, para 2024, Salvador é a cidade mais desejada do Brasil pelos brasileiros, de acordo com o Ministério do Turismo”, ressaltou Reis.
O prefeito citou ainda outras conquistas da cultura soteropolitana que tiveram a realização da Prefeitura. “Nós entregamos o Memorial do 2 de Julho, na Lapinha, para comemorar os 200 anos da Independência da Bahia. O Muncab, Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira, que se arrastava há 20 anos, entregamos em novembro passado. Vem aí o novo Teatro Vila Velha, o novo Cine Excelsior e a nova Senzala do Barro Preto, sede do Ilê Aiyê”, elencou.
“Nós entendemos a importância da cultura. Não apenas por valorizar a nossa história, mas pelo potencial e pelo caldeirão cultural que é Salvador. Todos os principais movimentos de cultura do Brasil são liderados por artistas baianos, desde a Tropicália, passando pela Bossa Nova, e chegando à revolução que o Axé Music promoveu. E tudo isso gera emprego, gera renda, gera oportunidades para os soteropolitanos”, finalizou Bruno Reis.
Das dez cidades com maior proporção de pessoas negras [os que se consideram pretos e pardos] no Brasil, nove delas estão na Bahia. A primeira continua a ser Antônio Cardoso, no Portal do Sertão. O município tem 55,1% de negros e também é o segundo do país no quesito. Fica atrás apenas de Serrano do Maranhão (MA), com 58,8%. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (22) e correspondem ao Censo 2022 do IBGE.
O segundo município com maior proporção de negros na Bahia é Ouriçangas, no Agreste baiano, com 52,8%; o terceiro é Cachoeira, com 51,8%; e o quarto é Santo Amaro, com 50,9%, as duas últimas no Recôncavo. A quinta cidade do estado em proporção é Conceição da Feira, no Portal do Sertão, com 50,3%;e a sexta é São Francisco do Conde, com 49,9%, na Região Metropolitana de Salvador (RMS)
A sétima é Pedrão, com 49,7%, também no Agreste baiano; a oitava é Salina das Margaridas, com 47,1%, no Recôncavo; e a nona é São Gonçalo dos Campos, com 47%, no Portal do Sertão.
Ainda segundo o IBGE, a Bahia continua a ser o estado brasileiro com maior proporção de pessoas pretas. Neste censo, o percentual foi de 22,4%. Em 2010, era de 17,1%.
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesb) lançou a 3ª edição do edital para apoio à pesquisa científica, tecnológica e/ou de inovação em doenças e agravos prevalentes neste público, com ênfase em doença falciforme. Além de reforçar o cuidado, as propostas também serão destinadas a avaliar os impactos do racismo estrutural na saúde dessas pessoas.
O ato ocorreu nesta quinta-feira (30), último dia do mês em que se comemora o dia da Consciência Negra, na sede da Fapesb, em Salvador. “O Governo estabeleceu como prioridade a política de inclusão, a partir de ações transversais. E este é um tema de extrema importância para a população baiana. O lançamento hoje é bastante representativo, pois estamos no mês da Consciência Negra”, afirmou Geraldo Júnior, governador em exercício.
A iniciativa ocorre a cada dois anos, e em 2023 vai contar com um aporte de quase R$ 3 milhões, distribuídos entre três linhas de financiamento. Cada proposta submetida e aprovada nas linhas 1 (Doença Falciforme) e 2 (Doenças crônicas, outros agravos e impactos do racismo na saúde) poderá receber até R$ 150 mil para execução da pesquisa; na linha 3, que será apoio a pesquisas em andamento nas linhas um e dois, o valor máximo será de R$ 80 mil. Com essa iniciativa, o órgão vinculado à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia (Secti), pretende ampliar o debate acerca da saúde dos negros.
Podem participar somente pesquisadores vinculados a institutos de pesquisa sediados na Bahia. 30% das propostas serão reservadas para negros, com prioridade para mulheres. O intuito é buscar a resolução de problemas que afetam a saúde dessa população e, ao mesmo tempo, estimular o interesse pela elaboração de políticas públicas que promovam a redução dos impactos do racismo na área.
O diretor da fundação, Handerson Leite, considera o edital, único no país voltado a este tema, uma forma de inclusão dos negros nas pesquisas acadêmicas. “As doenças da população negra são pouco estudadas, porque é um público que habitualmente não tem muito recurso. Então, precisamos incentivar para encontrar terapias, formas de prevenção e cura”, afirmou o secretário. Para Handerson, isso é fundamental para oferecer uma melhor qualidade de vida para a população, que principalmente na Bahia, é predominantemente negra.
Como parte das homenagens ao Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, essa terceira edição é dedicada a Walter Passos, historiador, escritor e militante do movimento negro no país, que morreu em abril deste ano e deixou um legado em prol da igualdade racial e do reconhecimento da história e de contribuições da população negra no Brasil.
O Edital Falciforme 3 – Edição Walter Passos pode ser acessado no site www.fapesb.ba.gov.br, na aba Editais. As propostas devem ser enviadas até o dia 15 de fevereiro de 2024.
O percentual de pessoas que convive com múltiplas doenças crônicas é 50% maior entre as pessoas pretas do que entre as brancas, mostra o Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa-Brasil).
A pesquisa, que acompanha a saúde de 15 mil adultos e idosos, é conduzida desde 2008 por especialistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), da Universidade de São Paulo (USP) e das universidades Federais de Minas Gerais (UFMG), do Espírito Santo (Ufes), da Bahia (UFBA) e do Rio Grande do Sul (UFRGS). As informações são da Agência Brasil.
Segundo o estudo, para cada grupo de dez brancos, participantes do estudo, com seis ou mais doenças crônicas, havia 13 pessoas pardas e 15 pretas. A pesquisa mostra, no entanto, que são as mulheres as mais afetadas pela condição classificada como multimorbidade, com seis ou mais doenças crônicas.
Nesse grupo, 9,7% das mulheres são pretas, enquanto 5,7% brancas. Entre os homens brancos, o índice ficou em 3,6% e em 2,3% para os homens pretos.
Em relação às doenças que afetam mais as pessoas pretas, está a diabetes mellitus, que, conforme o estudo, atinge 27,7% dessa população. Para as pessoas brancas, o percentual fica em 16,6% e para as pardas, 19,9%. Os números são relativos aos anos de 2008 e 2010.
A hipertensão apresentou uma incidência de 48,3% entre as pessoas pretas, 37,1% entre as pardas e 31,1% entre as brancas. As doenças renais crônicas afetavam 11,1% dos participantes negros, 9,2% dos pardos e 7,9% dos brancos.
O boletim do Elsa elaborado a partir do recorte racial afirma que as diferenças observadas são resultado do racismo na sociedade brasileira, que “determina experiências de discriminac?a?o ao longo da vida, produzindo e mantendo desigualdades socioecono?micas (como na escolaridade e na renda), moradia, acesso a bens e serviços”.
A escolaridade é um dos dados que explicita essas diferenças. As mulheres brancas participantes da pesquisa têm um índice de 68% com acesso ao ensino superior. Para as mulheres pretas, o percentual fica em 30%, e para os homens pretos, 23%.
Apesar de representar 56,1% da população em idade de trabalhar, os negros correspondem a mais da metade dos desocupados (65,1%). A análise é do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Dados compilados pela entidade revelam que a taxa de desocupação dos negros é sistematicamente maior do que dos demais trabalhadores. O levantamento foi feito com base nos dados do 2º trimestre de 2023, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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A taxa de desocupação dos negros é de 9,5%, sendo 3,2 pontos percentuais acima da taxa dos não negros. No caso das mulheres negras, que acumulam as desigualdades de raça e de gênero, a taxa estava em 11,7%. O Dieese apontou que a inserção das mulheres negras no mercado de trabalho é mais difícil, mesmo no contexto atual de melhora da atividade econômica.
Para uma melhor base de comparação, a entidade lembrou que, no segundo trimestre de 2021, durante a crise econômica da pandemia de covid-19, a taxa de desocupação dos trabalhadores não negros atingiu este mesmo percentual (11,7%).
“Mesmo com a indicação do crescimento da atividade econômica, o mercado de trabalho continua reproduzindo as desigualdades sociais. Os trabalhadores negros enfrentaram mais dificuldades para conseguir trabalho, para progredir na carreira e entrar nos postos de trabalho formais com melhores salários. E as mulheres negras encaram adversidades ainda maiores do que os homens, por vivenciarem a discriminação por raça e gênero”, concluiu o relatório do Dieese.
CONDIÇÕES
Quando conseguem ocupação, as condições impostas aos negros são piores. Segundo avaliação do Dieese, em geral, essa parcela da população consegue se colocar em postos mais precários e têm maiores dificuldades de ascensão profissional. Apenas 2,1% dos trabalhadores negros – homens ou mulheres - estavam em cargos de direção ou gerência. Entre os homens não negros, essa proporção é de 5,5%.
Isso significa que apenas um em cada 48 trabalhadoras/es negros está em cargo de direção ou gerência, enquanto entre os homens não negros, a proporção é de um para cada 18 trabalhadores.
A proporção de negros empregadores também é menor: 1,8% das mulheres negras eram donas de negócios que empregavam funcionários, enquanto entre as não negras, o percentual foi de 4,3%. Entre os homens negros, o percentual ficava em 3,6%; entre os não negros, a proporção foi de 7%.
A informalidade é maior entre os negros. Quase metade (46%) dos negros ocupados estava em trabalhos desprotegidos, ou seja, empregados sem carteira, trabalho por conta própria, com empregadores que não contribuem para a Previdência ou trabalhadores familiares auxiliares. Entre os não negros, essa proporção foi de 34%.
CENÁRIO FEMININO
Uma em cada seis (15,8%) mulheres negras ocupadas trabalha como empregada doméstica, uma das ocupações mais precarizadas em termos de direitos trabalhistas e reconhecimento. As trabalhadoras domésticas negras sem carteira recebiam, em média, R$ 904 por mês, ou seja, valor R$ 416 abaixo do salário mínimo em vigência.
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“Na construção de uma sociedade mais justa e desenvolvida, não se pode deixar que mais da metade dos brasileiros seja sempre relegada aos menores salários e a condições de trabalho mais precárias apenas pela cor/raça ou pelo gênero”, apontou a entidade.
O levantamento revelou ainda que o fato de os negros estarem em maior proporção em postos de trabalho informais e com menor remuneração explica apenas parte da diferença de remuneração entre negros e não negros. No segundo trimestre de 2023, os negros ganhavam, em média, 39,2% a menos que os não negros.
Mais de 65% dos assassinatos de quilombolas entre 2018 e 2022 foram no Nordeste, aponta levantamento
Dos 32 assassinatos de quilombolas ocorridos entre 2018 e 2022 em 11 estados, ao todo, 21 foram somente no Nordeste, totalizando 65,6% das ocorrências. Na região, os estados do Maranhão (9), Bahia (4), Pernambuco (4), Alagoas (3) e Rio Grande do Norte (1) registraram todos os casos.
Os dados são da segunda edição do levantamento “Racismo e Violência Contra Quilombos no Brasil”, elaborado pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) em parceria com a Terra de Direitos, e divulgado nesta sexta-feira (17).
De acordo com o estudo, as principais causas desses ataques foram conflitos fundiários - representando 70% dos casos - e violência de gênero. Segundo a pesquisa, em 10 das 26 comunidades em que foram registrados assassinatos não há processos abertos no Instituto Nacional de Reforma e Colonização Agrária (Incra), autarquia responsável pela regularização fundiária dos territórios quilombolas.
Os números foram apresentados três meses após o assassinato de Maria Bernadete Pacífico, a Mãe Bernadete, do Quilombo de Pitanga dos Palmares, em Simões Filho, na Região Metropolitna de Salvador (RMS). A morte de Mãe Bernadete, em agosto deste ano, não está contabilizada no estudo.
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Foto: Divulgação / Conaq
O estudo ainda mostra que a média anual de assassinatos de quilombolas praticamente dobrou nos últimos cinco anos, se comparado ao período de 2008 a 2017. Na primeira edição da pesquisa (2008 a 2017), havia um mapeamento de 38 assassinatos ocorridos no período de dez anos. A média anual de assassinatos, que era de 3,8, passou a ser de 6,4 ao ano. Em 15 anos, 70 quilombolas foram assassinados.
RAIO-X
Apesar dos homens (23 casos) serem as principais vítimas, percebe-se que as mulheres quilombolas (9 casos) têm sido mortas pelo fato de serem mulheres. Isso porque todos os assassinatos registrados dessas mulheres configuram-se como feminicídios.
O mapeamento identificou os meios utilizados nos assassinatos, de acordo com o gênero. As armas de fogo estão presentes em 59% dos casos totais, e atingiram principalmente os homens: eles foram assassinados por esse tipo de arma em 69,5% dos casos, enquanto 44,4% das mulheres foram assassinadas a tiros.
Assim como na pesquisa anterior, identificou-se haver um componente de crueldade nos assassinatos das mulheres. Em sua maioria as mortes ocorreram com armas brancas (faca, foice, machado ou chave de fenda) ou com métodos de tortura.
Foto: Divulgação / Conaq
O levantamento destaca os latifundiários como os principais responsáveis pelos conflitos e violações nos 190 quilombos. De acordo com os dados, eles aparecem em 42% das ocorrências.
As entidades que participaram da elaboração do estudo ainda apontam os governos federal, estaduais e municipais entre os principais agentes violadores, “envolvidos em uma série de situações de não reconhecimento da identidade e do território quilombola, ou na omissão na efetivação de políticas públicas voltadas a essa população”.
Os autores baianos Bárbara Carine e Paulo Rogério participam de uma roda de conversa, nesta quinta-feira (23), a partir das 19h, na INNOVA Coworking, localizada no CEO Salvador Shopping, no Caminho das Árvores.
Além do bate-papo, os escritores farão também uma noite de autógrafos para apresentar suas obras: "@descolonizando_saberes: mulheres negras na ciência" e "Descolonizando Saberes: A lei 10.639 no Ensino das Ciências", de Bárbara; e "Oportunidades Invisíveis", de Paulo.
A INNOVA Conversa tem como proposta reunir autores e impulsionar e fortalecer a comunidade negra, a partir de ações voltadas para a educação e empreendedorismo.
SOBRE OS AUTORES
Bárbara Carine Soares Pinheiro é mãe, mulher negra cis, nordestina, professora, escritora, empresária, formada em Química pela UFBA, Mestre e Doutora em Ensino de Química pela (UFBA/UEFS). Realiza estágio de pós-doutorado na Cátedra de Educação Básica - IEA USP. Atualmente é professora adjunta e vice-diretora do instituto de Química da UFBA, além de membro permanente do corpo docente do programa de pós-graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências (UFBA/UEFS). Líder do grupo de pesquisa Diversidade e Criticidade nas Ciências Naturais (DICCINA). Autora de livros, tais como: "@descolonizando_saberes: mulheres negras na ciência" e "História Preta Das Coisas: 50 invenções científico-tecnológicas de pessoas negras". Idealizadora, sócia e consultora pedagógica da Escola Afro-brasileira Maria Felipa (@escolinhamariafelipa). Influenciadora digital nas páginas @descolonizando_saberes (Instagram) e Uma Intelectual Diferentona (YouTube).
Paulo Rogério é publicitário, empreendedor e consultor em diversidade. Autor do livro "Oportunidades Invisíveis", Paulo é ex-membro do Berkman Klein Center da Universidade Harvard e foi fellow da Fulbright na Universidade de Maryland. Também é sócio da AFAR Ventures, uma empresa de atração de investimentos para o Brasil com sede nos Estados Unidos. Atua também como palestrante e consultor na Casé Fala criando estratégias para várias empresas. Foi escolhido como um dos afrodescendentes mais influentes do mundo, em 2018, pela organização Most Influential People of Africa Descent (MIPAD). Paulo Rogério é também cofundador da Vale do Dendê, que acelera e investe em startups da área criativa e digital em Salvador (BA) e da plataforma de conteúdo AFRO.TV.
Programado para ser rodado no estado da Geórgia, no sul dos Estados Unidos, o filme “Emancipação” não será mais gravado no local.
De acordo com informações do G1, os produtores do longa-metragem estrelado por Will Smith, cujo tema aborda escravidão, desistiram da locação após o governador aprovar uma lei que restringe o voto e dificulta a participação de comunidades negras e outras minoias nas eleições.
Segundo a publicação, a iniciativa se soma a uma onda de críticas públicas e boicotes de empresas, organizações esportivas e de entretenimento, devido à mudança implementada no mês passado.
"Não podemos, em sã consciência, fornecer apoio financeiro a um governo que promulga leis eleitorais regressivas destinadas a restringir o acesso dos eleitores", diz comunicado assinado por Smith e o diretor Antoine Fuqua e enviado à France Presse. “Infelizmente, nos sentimos obrigados a realocar nosso trabalho de produção cinematográfica da Geórgia para outro estado", pontuaram.
A legislação promulgada pelo governador republicano determina requisitos de identificação do eleitor, além de limitar número de urnas e proibir que voluntários forneçam água para os eleitores que podem aguardar em filas por horas.
“As novas leis de votação da Geórgia lembram as barreiras para votar que foram aprovadas no final da Reconstrução para impedir o voto de muitos americanos", escreveram Smith e Fuqua.
A Companhia das Letras publicará uma enciclopédia com a biografia de mais de 550 personalidades negras do Brasil e do mundo. De acordo com informações da coluna de Guilherme Amado, na revista Época, o lançamento da Enciclopédia Negra será em março de 2021.
Organizado por Flávio Gomes, Jaime Lauriano e Lilia Schwarcz, segundo a coluna, o livro traz, em forma de verbetes, as histórias de pessoas negras de diversas regiões, gerações e gêneros, além de conter 36 retratos assinados por artistas negros e negras.
Ainda de acordo com a publicação, a Enciclopédia Negra integra um projeto da Companhia das Letras com o Instituto Ibirapitanga e a Pinacoteca de São Paulo, que inaugurará em abril do próximo ano uma exposição com 100 retratos de pessoas negras.
Pela primeira vez, a Band escolherá apenas participantes negros para o programa MasterChef. A seleção será iniciada na terça-feira (1º).
Os candidatos passarão por duas fases de seleção. Na primeira, terão de preparar pratos sugeridos por celebridades como Preta Gil, Elba Ramalho, Paula Fernandes e Di Ferrero. Na segunda, os sobreviventes farão um galeto recheado com molho e acompanhamentos.
A Band preferiu tratar a edição com normalidade, sem dar ênfase que esta é a primeira vez que somente candidatos negros participarão. A faixa etária dos participantes varia de 21 a 53 anos. O vencedor levará para casa R$ 5 mil e prêmios como facas e um forno.
Trazer uma outra ideia sobre as bruxas da Idade Média. Essa é a proposta do single “Meia Noite”, fruto da parceria entre Rodrigo Ruchell e Maya. Lançado nas principais plataformas digitais, a faixa integra o próximo álbum do cantor, intitulado “Realeza”.
Mistura de Pop com Pagodão, a canção é inspirada nas tardes de verão e baladas da Bahia. Lançado em uma ListenParty para alguns fãs, o single foi apelidado de “Pagopop”, por causa do ritmo dançante, cartão postal do Pagode Baiano, e a sonoridade romântica que é encontrada no Pop.
A faixa segue a estética do novo álbum, que tem previsão de lançamento para março de 2021. Com referências da Idade Média mescladas com o contemporâneo, os artistas utilizam o visual de Bruxos e Bruxas negros da Era Medieval para falar sobre a invisibilidade desses personagens na história. Por isso, a escolha do mês de outubro, em que se comemora o Halloween.
“A TV pintou as bruxas como mulheres brancas que voam em vassouras, quando, na verdade, essa cultura é nossa. Os negros e negras eram os bruxos e bruxas, meu povo foi queimado nas fogueiras da igreja, então, nada mais justo do que eu e Maya usarmos a nossa cultura da nossa forma”, explica Rodrigo.
Confira:
A atriz e produtora Viola Davis falou sobre os desafios de atores negros na busca por sucesso na trajetória profissional durante a participação em um painel realizado no Toronto International Film Festival, neste fim de semana.
“Vejo que grande parte desta busca, é lutar por esta autonomia, constantemente buscar por projetos que estejam alinhados com o nosso talento, onde estejamos jogando de igual para igual com nossos colegas de pele branca. E a solução não se encontra de forma tão simples assim”, aponta a atriz.
Seguindo os passos da apresentadora Oprah Winfrey e do ator Tyler Perry, Viola fundou a JuVee Productions, ao lado do esposo e produtor Julius Tennon, que não só surgiu no intuito de ambos terem controle e maior comando nos caminhos de suas carreiras, mas também, com o objetivo de promover oportunidades para perfis cada vez mais diversos em grandes produções e oportunidades.
“O que fazemos é difícil, porque a forma como queremos contar histórias, e trazer novas narrativas, é justamente colocando pessoas negras em um patamar de normalidade. Estamos tentando retomar o tempo perdido, é uma corrida gigantesca, que você disputa com quem já usufrui deste espaço há muitos anos”, diz Viola.
A atriz é conhecida por sua atuação marcante em trabalhos potentes na última década. Mas ela diz que o reconhecimento veio de forma tardia, o que não a aborrece, pois foi esta jornada de popularidade lenta que a fez ser a profissional que é. “Sou feliz que as coisas aconteceram nesta velocidade, isso me ajudou a formar minha visão como produtora. E se hoje, minha empresa escuta e dá oportunidade para lindas e diversas vozes, é porque já vivenciamos tudo isso!”, conclui a atriz.
O rapper baiano Jaii Anjo, lança nesta sexta-feira (28), mais um single, "Fire Man". A canção fala das questões raciais, dando ênfase ao racismo institucionalizado vai ser disponibilizada nas plataformas digitais.
"Fire Man" fala sobre as lutas do povo negro perante ao preconceito na sociedade. “O objetivo desta canção é apresentar nosso protesto, contra toda forma de opressão ao povo negro”, declara Jaii Anjo.
Ao longo da música o artista cita nomes de grandes revolucionários na luta contra o racismo em todo mundo, a exemplo de Malcom X, Mandela, Dandara, Marielle Franco, Mahatma Gandhi, mesclados com trechos de discursos de um dos maiores líderes negros da história da humanidade, Martin Luther King.
"Fire Man", além de informar para a sociedade as referências da luta contra o racismo mostra iniciativas que incentivam a força dos negros. Quem escutar a música, também irá encontrar referências de empoderamento, solidariedade e acima de tudo o desejo de transformações através do protesto musical.
“Essa música é um impacto social e estrutural, espero que muita gente se sinta representada e se emocione com essa composição”, conclui o rapper.
O Museu de História Natural de Nova York informou que irá retirar de sua entrada uma estátua do ex-presidente estadunidense Theodore Roosevelt, por ser considerada racista. O anúncio foi feito pelo prefeito Bill de Blasio, neste domingo (21).
"O Museu Americano de História Natural solicitou a remoção da estátua de Theodore Roosevelt porque ela explicitamente retrata os povos indígenas e negros como subjugados e racialmente inferiores", em referência à obra, que está no local desde 1940 e retrata Roosevelt montado a cavalo, enquanto um índio e um negro caminham ao lado do animal. "A prefeitura apoia o pedido. É a decisão e o momento certo para remover essa estátua problemática", acrescentou o político.
Diante dos protestos anti racistas que tomaram as ruas nos Estados Unidos e se espalharam pelo mundo, após a morte de George Floyd, o museu avaliou que era o momento propício para a medida. "Embora a estátua seja de propriedade da cidade, o museu reconhece a importância de tomar uma posição neste momento", disse a instituição, acrescentando que viram “como a atenção do mundo e do país se voltam cada vez mais para estátuas e monumentos como símbolos poderosos e prejudiciais do racismo sistêmico". A data da remoção da obra, no entanto, ainda não foi informada.
Indo na contramão dos próprios objetivos, a Fundação Palmares, órgão federal sob comando de Sérgio Camargo, vem censurando biografias de líderes negros históricos. Segundo a Folha de S. Paulo, funcionários do órgão acusam o gestor de ordenar a exclusão de uma página do portal dedicado a divulgação de artigos.
Entre os arquivos censurados pela Fundação estão os trabalhos sobre Zumbi dos Palmares, sobre a escritora Carolina de Jesus, sobre os abolicionistas Luís Gama e André Rebouças, além de artigos sobre negros que se destacaram no esporte brasileiro. A exclusão, no entanto, não foi definitiva já que ainda é possível chegar até os escritos ao digitar o nomes no campo de busca do portal.
No sentido oposto a criação de obstáculos para o acesso a estes trabalhos, Sérgio Camargo tem utilizado o portal para publicação de artigos que se referem de forma controversa alguns personagens da história. Zumbi dos Palmares, por exemplo, foi classificado como gay e figura da esquerda em dois trabalhos disponibilizados no dia 13 de maio (relembre aqui).
Para além do site, Camargo também vem planejando criar uma biblioteca em uma ala do prédio que pertence a Empresa Brasil de Comunicação. O acervo do local será ocupado por livros que reforçariam a importância da corte portuguesa na configuração da identidade brasileira, considerando, inclusive, a influência europeia na abolição da escravatura. A medida do gestor da Fundação Palmares é vista como mais um plano de apagamento da história sob o olhar da população negra do Brasil.
Com a nomeação retomada após suspensão da Justiça (clique aqui e saiba mais), o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, demitiu funcionários “negros com reconhecida trajetória em políticas públicas em prol da cultura afro-brasileira”. A informação foi levantada por fontes do jornal Estado de Minas.
De acordo com a publicação, Camargo dispensou os servidores por telefone, sob a justificativa de que pretende “montar uma nova equipe de extrema direita”. Ainda segundo as fontes, ele disse aos diretores ainda que vai “seguir a linha do secretário Alvim”, em referência ao ex-secretário especial da Cultura, exonerado após fazer um pronunciamento com discurso e estética nazista (clique aqui).
“Ele corre para fazer tudo que pode contra negros antes de ela entrar”, disse um funcionário, referindo-se à atriz Regina Duarte, que aceitou o convite do presidente Jair Bolsonaro para assumir a Cultura, pasta à qual a fundação está subordinada.
Os servidores destacam ainda que os servidores dispensados foram contratados na atual gestão, por indicação de políticos ligados a Bolsonaro. Segundo a fonte do jornal, a maioria “necessariamente de esquerda ou de direita, são técnicos, apenas”.
Dentre os demitidos estão Sionei Leão, da Diretoria de proteção Afro-brasileira (DPA); Clóvis André da Silva, da Diretoria de Fomento e Promoção da Cultura Afro-brasileira (DEP) e Kátia Martins, Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra (Cenirp).
Clóvis Silva revelou que o telefonema de Sérgio Camargo aconteceu por volta das 10h, na quarta-feira (26). “Fomos pegos de surpresa. Ninguém esperava. O presidente já estava a autorizado a retornar. Mas somente chegou na quinta (19) e estava tudo calmo”, contou. “Sou um técnico. Direito social é progressista. Não sei onde ele incluiu extrema direita no debate”, questionou o servidor, que entrou na fundação em setembro de 2019 e já foi secretário da Igualdade Racial em Porto Alegre.
Já contada através de livro e game (clique aqui e saiba mais), a Revolta dos Malês ganhou uma minissérie de ficção dividida em cinco capítulos de 25 minutos, disponível no serviço on demand da Sesc TV (clique aqui), gratuitamente, a partir desta terça-feira (19), véspera do Dia da Consciência Negra. O levante será retratado ainda em um produto derivado da série, um longa-metragem de 90 minutos, com pré-estreia prevista para o dia 5 de dezembro, no Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha, na capital baiana, com a presença dos diretores Belisário Franca e Jeferson De, além dos atores Shirley Cruz e Rodrigo dos Santos, e de personalidades da cultura e de movimentos sociais. O filme contou com o patrocínio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Salvador, no valor de R$ 400 mil, iniciativa que prevê também ações voltadas para a educação na cidade.
Tanto a série quanto o filme têm como proposta remontar um episódio da história brasileira conhecido por parte dos baianos, mas ainda não tão difundido ao grande público no país: o levante ocorrido em Salvador, no ano de 1835, liderado por negros escravizados muçulmanos, conhecidos como Malês, que tinham como objetivo libertar os escravos islâmicos e tomar poder, eliminando os traidores. “Revolta dos Malês é um resgate histórico fundamental para elaborarmos com consciência sobre o presente, já que nossa historiografia jamais destaca heróis afrodescendentes, minimizando suas conquistas. Ao sublinhar seu protagonismo na obra e na história, 'Revolta dos Malês' fortalece a autoestima da população afrodescendente tradicionalmente excluída da produção audiovisual. Assim, além de entreter e informar, nosso filme pretende também ser um elemento de valorização dos feitos da população negra brasileira e principalmente baiana”, diz a justificativa do projeto realizado pela Giros Projetos Audiovisuais e apoiado pela Secult.
As duas produções colocaram em prática a ideia de reafirmar o protagonismo negro, inclusive no processo de produção, desde roteiro, passando pela direção, até o elenco, que inclui atores consagrados em sua equipe, a exemplo de Zezé Barbosa, André Ramiro, Shirley Cruz e Rodrigo dos Santos.
Ambas se passam em Salvador no ano de 1835, quando, após mais de uma década de trabalho árduo, a escrava de origem muçulmana Guilhermina (27) consegue recursos suficientes para comprar sua própria alforria e a de sua filha Teresa (11). Apesar da conquista, seu “senhor”, o fazendeiro Souza Velho, contraria a promessa feita à ex-escrava e se recusa a vender a liberdade da garota.
Guilhermina encontra na Revolta dos Malês a esperança pela liberdade da filha Teresa | Foto: Reprodução / Sesc TV
Em meio a este impasse, o maior líder religioso islâmico na capital baiana, Pacífico Licutan, é preso pela polícia. O caso provoca então a ira dos Malês, que convocam os homens muçulmanos para uma jihad (guerra santa) no último dia do Ramadã (nono mês no calendário islâmico, durante o qual os devotos praticam o jejum). Para realizar o levante, eles compram armas e seguem o objetivo de libertar seus irmãos de fé. Diante do ambiente tensionado, Guilhermina vê no motim a única oportunidade para libertar Teresa.
Depois do Itamaraty censurar a exibição de um documentário sobre Chico Buarque no Festival de Cine de Brasil 2019, em Montevideo, no Uruguai (clique aqui e saiba mais), a Agência Nacional do Cinema (Ancine) interferiu para impossibilitar a participação de outros dois filmes brasileiros em um festival internacional.
De acordo com informações da coluna de Lauro Jardim, no jornal O Globo, três semanas após aprovar apoio financeiro para as obras "Greta" e “Negrum3” serem exibidas no Festival Internacional de Cinema Queer a agência voltou atrás e rescindiu o termo de permissão. Antes do veto, cada um dos filmes receberia uma ajuda de custo de R$ 4,6 mil para participar do evento realizado a partir desta sexta-feira, em Lisboa, Portugal.
Segundo o colunista, as obras “tem tudo o que Jair Bolsonaro manifestamente não gosta de ver nas telas: negritude e homossexualidade”. De acordo com a sinopse oficial, o filme-ensaio “Negrum3” “propõe um mergulho na caminhada de jovens negros da cidade de São Paulo” e aborda temas como “negritude, viadagem e aspirações espaciais dos filhos da diáspora”.
Já “Greta”, estrelado por Marco Nanini, tem como protagonista um enfermeiro homossexual que é grande fã de Greta Garbo.
O espetáculo "Pele negra, Máscaras Brancas", da Companhia de Teatro da Ufba, será aprsesentado no dia 14 de julho, às 11h, na sala principal do Teatro Castro Alves, em Salvador, dentro da programação do projeto Domingo no TCA, com ingressos a R$ 1 (inteira) e R$ 0,50 (meia).
Inspirada na obra de Frantz Fanon, influente psiquiatra e pensador negro do século XX, a peça tem texto de Aldri Anunciação, direção de Onisajé (Fernanda Júlia) e co-direção de Licko Turle. O enredo aborda os impactos gerados pelo racismo na vida de pessoas negras e o elenco é formado majoritariamente por atores negros.
Para Onisajé, “o convite para ir ao TCA é a possibilidade de abrir um equipamento público para uma plateia que, geralmente, não se vê representada em grandes palcos”.
SERVIÇO
O QUÊ: "Pele negra, Máscaras Brancas" – Domingo no TCA
QUANDO: Domingo, 14 de julho, às 11h
ONDE: Sala principal do Teatro Castro Alves – Salvador (BA)
VALOR: R$ 1 (inteira) e R$ 0,50 (meia) | Vendas somente no dia, a partir de 9h, com acesso imediato do público ao teatro
Com o objetivo de refletir sobre o papel do negro no Brasil, as bibliotecas públicas da Bahia realizam o projeto “Maio da Liberdade”.
Durante todo o mês, as unidades da Fundação Pedro Calmon promovem uma série de atividades, entre oficinas, palestras, contações de história e exibição de documentários. O projeto tem como proposta ampliar o debate sobre o negro pós-abolição e suas consequências sociais, históricas, econômicas, politicas e religiosas. A programação completa pode ser consultada na internet (clique aqui).
A cerimônia do Oscar 2019 (clique aqui para conferir a lista de vencedores), realizada neste domingo (24), foi marcada por um recorde no número de prêmios para profissionais negros (7 estatuetas) e mulheres (15 troféus).
De acordo com informações do G1, a marca superou 2016, quando cinco negros levaram prêmios e 2007 e 2015, quando as mulheres venceram 12 prêmios em cada ano.
Um dos destaques da premiação foi Mahershala Ali (“Green Book”), que se tornou o segundo ator negro a conquistar duas estatuetas do Oscar. Ele se iguala a Denzel Washington, que venceu como Melhor Ator em “Dia De Treinamento” e Melhor Ator Coadjuvante por “Tempo De Glória”.
Durante a estreia do projeto Aya Bass (clique aqui e saiba mais), dentro da programação do Festival Sangue Novo, neste sábado (26), Larissa Luz, Luedji Luna e Xênia França mandaram um recado direto contra o racismo. Além do posicionamento através das letras das músicas do repertório – autorais ou em homenagem a outras cantoras negras da Bahia -, elas fizeram um discurso contundente para criticar a apropriação cultural, em especial à praticada por Daniela Mercury, que recentemente lançou a música "Pantera Negra Deusa", na qual exalta Wakanda, nação negra fictícia criada pelo universo Marvel.
Larissa Luz foi a primeira a se posicionar: “Está na hora de parar de usar de um discurso que não é seu para lucrar. Está na hora de parar de usar de um lugar de fala que não é seu para ganhar. Porque preto de alma não existe! O Brasil é um país que mata, é um país que humilha, um país que condena a cor da pele e não a cor da alma! Quem é preto é preto. Quem não é, não é! A música preta é nossa!”, disse a cantora, que em seguida foi muito aplaudida pela plateia. “E Wakanda também, Wakanda também é nossa!”, completou Luedi Luna.
Confira o vídeo:
O ator, escritor e apresentador baiano Érico Brás e o diretor executivo Paulo Rogério Nunes são os dois baianos que compõem a lista de negros mais influentes do mundo em 2018. Eles serão homenageados no prêmio Most Influential People of African Descent (MIPAD) da Organização das Nações Unidas (ONU). O evento, que começou na última sexta (28), segue até esta quarta-feira (3).
Brás foi indicado junto com sua esposa, a escritora e diretora carioca da ONU Mulheres Negras, Kenia Maria, na categoria Mídia e Cultura. Os dois são descritos na lista como "power couple", ou "super casal" em tradução para o português. Já Nunes, que é fundador do Instituto Mídia Étnica, do Portal Correio Nagô e da aceleradora de negócios para negros Vale do Dendê, foi indicado na categoria Negócios e Empreendedorismo.
No geral, os outros brasileiros indicados foram o rapper Emicida, na categoria Mídia e Cultura; os ativistas Danilo Rosa de Lima, Djamila Ribeiro, Renê Silva e Stephanie Ribeiro na categoria Religião e Humanitarismo; Nina Silva e Lisiane Lemos também no quesito Negócios e Empreendedorismo; e o diplomata Marcus Vinicius Marinho na categoria Política e Governança.
Alguns famosos que também compõem a lista deste ano são os rappers Kendrick Lamar, Chance the Rapper, French Montana e Donald Glover, que na música usa o codinome Childish Gambino, o ator Jordan Peele, a atriz Charlize Theron e todo o elenco e direção do filme Pantera Negra. No ano passado, as personalidades brasileiras homenageadas foram o casal de atores Lázaro Ramos e Taís Araújo e a fundadora do Instituto Feira Preta, Adriana Barbosa.
A produtora musical Tatiana Lírio, em sua conta no Instagram, fez uma nota de repúdio a casa de show Amsterdam, no Rio Vermelho, em Salvador, diante do ocorrido com os artistas Vandal e Hiran, na última quinta-feira (6). De acordo com a produtora, os artistas foram tratados como criminosos pelos seguranças e donos da casa. “De revistas truculentas, a maus tratos e ainda serem impedidos de entrar no camarim, além de outras inconveniências que só provam o quanto a casa e os seus donos são racistas ou, no mínimo, desatenciosas com aqueles que levam público ao local”, denunciou Tatiana.
Ainda segundo a produtora, o pagamento não foi realizado no dia, como acordado, mesmo com a casa lotada para ver os dois artistas. Ela ainda afirmou que providências estão sendo tomadas. No Instagram, Hiran afirmou estar indignado com o caso. “Fui maltratado e desrespeitado por seguranças. Um deles gritou na cara de produtoras e dos artistas que eu levei para cantar, a gente foi proibido de entrar no nosso camarim depois do show. Muita gente viu, ninguém fez nada. Eu odeio ver gente daqui [Bahia] destratando gente daqui, preto destratando preto", desabafou. A Amsterdan, nos comentários nas redes sociais, lamentou o ocorrido e pediu desculpas aos artistas. Também afirmou que o caso já está sendo apurado.
O rapper, ator e roteirista Donald Glover lançou neste sábado (5), o clipe da música “This Is America”. O artista norte-americano se identifica na área musical como Childish Gambino. O vídeo que foi muito comentado nas redes sociais, aborda de forma crítica o porte de armas e a violência que é vivenciada por pessoas negras nos Estados Unidos. O clipe é dirigido por Hiro Murai, que foi responsável por alguns episódios da série “Atlanta”, que foi criada por Donald Glover e foi vencedora do Globo de ouro de melhor série e do Emmy de melhor direção. Durante as imagens do clipe Childish aparece dançando em diferentes cenários, e depois atira em um coral enquanto diz “Isso é a América”, título da canção do clipe. Assista o vídeo:
Após acusação de racismo, Mallu Magalhães pediu desculpas pelo clipe de “Você Não Presta”(assista aqui). A produção lançada na última sexta-feira (19) trouxe muitas críticas à cantora (lembre aqui), que nesta quarta-feira (24) escreveu no Facebook sobre o assunto. “Fico muito triste em saber que o clipe da música 'Você não presta' possa ter ofendido alguém. É muito decepcionante para mim que isso tenha acontecido. Gostaria de pedir desculpas a essas pessoas. [...] Li cada uma das críticas, dos posts e comentários, e o debate me fez refletir muito sobre o tema", admitiu aos fãs. "Entendo as interpretações que derivaram do clipe, mas gostaria de deixar claro minhas reais intenções. A ideia era ter um clipe com excelentes dançarinos que despertassem nas pessoas a vontade de dançar, de se expressar. [...] Espero que, após este esclarecimento, seja aliviado deste espaço de conversa qualquer sentimento de ofensa ou injustiça”, concluiu. Apesar do posicionamento, o clipe de "Você Não Presta" continua no ar e já soma mais de 1 milhãos de views em menos de uma semana. Confira a publicação da artista na integra:
O clipe de Mallu Magalhães do single “Você Não Presta” tem sofrido duras críticas nas redes sociais. A produção lançada nesta sexta-feira (19) (assista aqui) é acusada de racismo na web. Nas imagens, bailarinos negros aparecem sem camisa dançando movimentos que remetem ao samba ou hip hop, enquanto a cantora, que é a única branca, aparece à frente do grupo. Na internet a repercussão foi quase imediata, e muitos apontam hipersexualização do corpo negro e reforço do estereótipo da “sinhá”, como um ser superior. “Quando eu assisti esse clipe eu pensei, ‘véi’ quem é você que não presta? Eu acho que deve ser eu, mulher negra, trans, periférica”, disse Rosa Luz, do canal “Barraco da Rosa”. A militante publicou um vídeo no YouTube onde expõe um análise que descreve como “anti-racista”. A iniciativa já acumula mais de 66 mil visualizações. A youtuber compartilhou a opinião de alguns fãs durante a gravação. “A cena dos negros atrás da grade do prédio enquanto ela fala que não chamo você porque você não presta, é altamente racista, pode ser infelicidade do produtor e pode ser que nem o produtor e nem a Malu Magalhães tenham notado, pode ser inconsciente velado, mas o racismo reproduzido é racismo ainda que não intencional”, disse uma das seguidoras. Confira a análise do canal "Barraco Rosa":
Outras publicações atentam o público pare detalhes que podem indicar racismo. “No clipe, Mallu aparece 'acompanhada' (mas sempre à frente) de um grupo de dançarinos negros besuntados em óleo (assim como os africanos escravizados, que eram besuntados em banha para parecerem mais saudáveis e atraentes antes de serem vendidos nos mercados de escravos), se mostrando 'amiga' ou 'igual' de pessoas com as quais aparentemente ela nunca se importou e em relação às quais ela tem um enorme privilégio”, aponta outra seguidora. Mallu, que atualmente mora fora do país, em Portugal, também é criticada por não contratar brasileiros para a produção. Nas redes sociais, a cantora optou por não apagar os comentários negativos. Em uma foto, a paulista disse estar comemorando o clipe, e em meio a mensagens como “Clipe racista”, “Apropriação cultural” e “Comemorar o racismo”, uma seguidora questionou: “Mallu, você vai se pronunciar sobre as críticas ao clipe?”. Apesar dos questionamentos e acusações a artista segue sem um posicionamento. Veja a última publicação de Mallu e os comentários ao lado:

Visto que nem mesmo o estado considerado mais negro do país escapa do racismo, artistas baianos repercutiram a ausência de atores negros no Oscar e comentaram também a situação no Brasil. Para o ator e dramaturgo baiano Aldri Anunciação, autor de "Namíbia, Não!", cujo texto é vencedor dos prêmios Braskem de Teatro e Jabuti, e aborda o racismo no Brasil, a polêmica hollywoodiada é “uma questão muito delicada”. Ele, que aderiu à campanha de Spike Lee, afirmou que embora não veja a necessidade de reserva de cotas de etnias entre indicados, é preciso que os organizadores enxerguem o trabalho dos negros sem limitá-los a uma única temática. “A ausência dos negros, principalmente agora no Oscar, ao longo desses dois anos, Spike Lee é bem preciso. Dos 40 atores indicados, nenhum é negro. Eu desconfio muito dessa ausência de mérito dos trabalhos dos atores afroamericanos. Por exemplo o Will Smith, com um trabalho bastante contundente lá, que foi indicado ao Globo de Ouro, e se você for a fundo vai descobrir diversos outros trabalhos que provavelmente têm méritos que favoreçam uma indicação”, diz Aldri, analisando ainda o contexto para o reconhecimento dos negros no cinema. “Eu acho que isso tudo está mais ligado a uma questão temática. Se a gente for reparar, a última vez que a gente teve um número expressivo de negros premiados, não só indicados, no Oscar, foi quando a temática da escravidão estava ali narrada no filme, em '12 Anos de Escravidão'. Você teve roteiro, atriz, filme do ano premiado. Na época fiquei muito feliz, mas também de outro aberto pensando. Se fosse uma outra temática com aquelas mesmas qualidades de profissionais eles teriam indicado e premiado?”, questiona. “Então eu acho que essa não indicação é muito menos sinalização de que existe discriminação com atores negros, mas muito mais discriminação temática, como se quisesse colocar o artista negro em um espaço determinado e cercado”, conclui Anunciação.
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Spike Lee propõe o boicote à cerimônia do Oscar | Foto: Reprodução / Facebook

Foto: Reprodução/ Instagram Spike Lee
Pelo segundo ano seguido, a falta de indicações para pessoas e filmes relacionados à cultura negra se destaca na premiação. Em 2015, usuários do Twitter compartilharam a hashtag "#OscarSoWhite" quando foram anunciados os concorrentes e, na última quinta (14), quando houve o anúncio desse ano, a hashtag voltou a aparecer no Trending Topics da rede social.
A Academia se defende sob a justificativa de que tem se esforçado para encorajar a diversidade ao convidar mais de 300 novos membros para a equipe de votantes. "Um trabalho muito importante já foi realizado este ano e vamos seguir em frente, não vamos parar. Vamos continuar com essa conversa e essas ações", declarou Cheryl ao USA Today. "E isso tem que acontecer não apenas na Academia, mas em toda a indústria do cinema: nutrir, cultivar e promover talentos, na frente e atrás das câmeras", acrescentou.
Em sua performance, a artista questiona as formas de representação da mulher negra: seja a mestiça hipersexualizada, de formas exuberantes e sempre disponível para o sexo, seja a negra escura para o serviço braçal. O solo trabalha numa zona de ironia, visitando clichês na representação da mulher negra, por vezes, reduzida ao trabalho doméstico, à sensualidade da passista carnavalesca, ao corpo exuberante.
O ensaio fotográfico explora os ingredientes do solo cênico, reforçando o jogo de signos, provocações sobre estratégias de embranquecimento e clichês. Na exposição, o público também poderá conhecer poemas e desenhos feitos pela artista: textos e imagens dialogam criando texturas e ironias no questionamento em torno da desconstrução da representação tradicional pela produção de novas imagens e discursos de si.
Serviço
Isto Não É Uma Mulata – Solo Peformático e Exposição
Quando: 6 a 21 de novembro, sextas e sábados, às 20h (sessões extra, nos dias 20 e 21 de novembro)
Quanto: R$20 (inteira) e R$10 (meia)
Isto Não É Uma Mulata – Exposição com Ilustrações, Poemas e Ensaio Fotográfico
Quando: 06 a 21 de Novembro, no Foyer do Teatro Gamboa Nova
Aberto a visitação de quarta a domingo
Na conversa, Djavan disse ainda não ver tantas semelhanças entre ele e Jorge Vercillo, mesmo que as pessoas insistam nas aproximações. "Seja qual for a dimensão em que está o Vercillo, não é a mesma minha", disse ao ressaltar o caráter mais popular do trabalho do colega. O cantor também não se esquivou das questões sobre o nível de incompreensão e estranheza de suas letras. "Um dia eles vão entender. Como posso me irritar quando milhões de pessoas no Brasil e no mundo adoram? Preciso dos meus detratores, eles me motivam muito. Torço para que não entendam nunca. Quero que sempre vejam em mim uma estranheza sem solução", desejou. O cantor lembrou também que muito dessa percepção tem a ver com a própria mídia. "As pessoas da mídia têm que parar de achar que isso me atinge. Sou um homem negro, e um negro não foi feito para fazer ninguém pensar, para produzir influência. É a mesma razão pela qual fui espinafrado naquele caso de outubro [a polêmica das biografias]. Se eu fosse branco, a abordagem seria diferente", alegou.
Completa a programação ainda o Samba de Roda Esmola Cantada da Ladeira da Cadeia, de Cachoeira, que com suas cantigas conta sua história, as transformações do bairro e da cidade, os ritos e festas da religiosidade popular. O grupo foi criado há 50 anos a partir da devoção à Santa Cruz instalada na Ladeira da Cadeia. Logo em seguida o grupo sanfelista de percussão Corpus Negro apresenta o seu samba-reggae carregado de influências do Recôncavo. E para encerrar, O Filho dos Bantos – grupo cultural da Comunidade Quilombola de Santiago do Iguape (Cachoeira) – faz um resgate dos aspectos históricos e culturais dos povos Bantos com ritmos Ijexá e Angolano.
ONDE: Praça Teixeira de Freitas (Cachoeira/BA)
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Capitão Alden
"Estamos preparados, estamos em guerra. Toda e qualquer eventual postura mais enérgica, estaremos prontos para estar revidando".
Disse o deputado federal Capitão Alden (PL) sobre possível retirada à força da obstrução dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Congresso Nacional.