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mostra lugar de mulher e no cinema
A deputada estadual Olívia Santana estava presente na Mostra Lugar de Mulher é no Cinema. No evento, ela falou sobre a importância da nova geração reverenciar as “mulheres desbravadoras”. Na mostra também estava presente a atriz D. Léa Garcia, que foi homenageada.
“Léa Garcia para mim foi um grande ícone do audiovisual brasileiro. Ela pagou um preço muito alto, ela assumiu alguns personagens extremamente perigosos, como a Rosa da novela Escrava Isaura, era uma personagem odiada no Brasil”, começou.
A deputada prosseguiu afirmando que a narrativa foi feita para “tornar angelical” a imagem de Lucélia Santos, que fazia a personagem Isaura. “Causava espanto uma mulher branca escravizada”.
“Eu sempre digo que aquela novela foi um golpe muito duro, que ajudou a aniquilar a autoestima do povo preto e ajudou. Então a militância de Léa Garcia dentro e fora das telas foi questionando 'será que só tem esse papel?’, ‘será possível as mulheres negras ocuparem outro lugar nas telas?’”, continuou.
Olívia Santana também falou sobre os investimentos da Lei Paulo Gustavo. “No pós-pandemia você ter um investimento de R$ 3 bilhões para o audiovisual brasileiro, é um fôlego muito forte e a gente tem que aproveitar isso da melhor forma possível”.
“A Bahia que tem os fazedores de cultura, os fazedores de audiovisual. Aqui nasceu o Cinema Novo. Então a gente tem muito o que contribuir. Tem uma juventude bonita que está criando games, que está fazendo curta-metragem, que está fazendo longa-metragem, então temos que aproveitar este momento”, finalizou.
A atriz D. Léa Garcia, que está em Salvador para a Mostra Lugar de Mulher é no Cinema, declarou que graças as cotas raciais jovens negros estão mais incluídos no mercado profissional e acadêmico.
“Eu acho que nós estamos conquistando espaço. E nós agradecemos neste momento as cotas, porque as cotas são um trabalho de políticas afirmativas inclusivas”, começou.
Ela prosseguiu afirmando que existia uma disputa desigual entre os jovens negros e os jovens brancos para a entrada na faculdade. “E as cotas possibilitaram essa inclusão, porque a gente não consegue chegar a lugar nenhum sem conhecimento e sem estudo. Então as cotas possibilitaram esse ingresso dos negros em faculdades e universidades, ávidos de ocupar esses espaços que foram negados”.
“A partir também dos pais da família negra. Da mulher negra que desde a abolição, foi a mulher negra que sustentou a família, porque emprego era negado para o homem negro. A mulher negra tem esse trabalho de guerreira, de sustentar a família e de levar seus filhos à conquista do trabalho e dos espaços”, finalizou.
Em Salvador para a Mostra Lugar de Mulher é no Cinema, a atriz D. Léa Garcia falou sobre os papéis que eram oferecidos para atores e atrizes negras nos anos 70 e 80. “Eu não considero nenhum trabalho subalterno. Eu acho que tem trabalhos menos favorecidos e são também menos favorecidas as pessoas que os exercem”, começou.
“Nós lutamos muito para que essa condição de escravo não fosse sempre nos oferecida. Mas para o ator, não importa fazer uma empregada doméstica porque nós não consideramos esse trabalho como subalterno, como inferior”, continuou a atriz.
Ela também revelou que acredita que esses papéis eram dados devido ao momento histórico que o Brasil estava passando. “Nós estavámos dentro da condição do negro, dentro da história do Brasil, não podiamos inventar uma coisa que não era verdadeira”.
“Agora, essa condição eterna de nos olhar como escravos e de ter esse tratamento de uma forma estereotipada. Por que nunca foi feito um trabalho de escravo com a visão do negro, mesmo na condição escrava, para o colonizador”, contou D. Léa.
A atriz finalizou contando que a população negra foi atingida de uma forma horrível porque foi implantada a ideia de que a posição escrava era uma posição de vergonha. “Então, o povo negro sempre teve vergonha de ser escravo, pelo contrário a vergonha não é do escravo, a vergonha é do colonizador”.
A Mostra Lugar de Mulher é no Cinema abriu inscrições, até 10 de fevereiro, para sua quarta edição, realizada online de 22 a 28 de março. Estão aptos a participar, curtas-metragens realizados por cineastas mulheres e pessoas não binárias, e as pessoas interessadas devem enviar seus filmes pela plataforma Google Forms (clique aqui).
Além da exibição das 20 produções selecionadas, o evento contará ainda com debates e atividades nas plataformas digitais como Youtube e StreamYard. Em 2021, serão premiados curtas-metragens nas categorias Melhor Filme, Melhor Roteiro, Melhor Diretora e Melhor Atriz na “Mostra Selecionada”; Melhor Animação na “Mostra Matinê”.
Os filmes poderão concorrer ainda ao “Prêmio Especial Marielle Franco”, que destaca o melhor curta com temática em direitos humanos. A critério do júri, a 4ª Mostra poderá ainda conceder premiações extras como especiais, destaques e menções honrosas.
A Mostra Lugar de Mulher é No Cinema chega à sua terceira edição, nesta segunda-feira (25), e segue até o dia 31 de março, em Salvador. A abertura acontece na Sala Walter da Silveira, a partir das 20h, quando será exibido o longa-metragem “Anjos de Ipanema”, com entrada franca.
Criado pelas cineastas Hilda Lopes Pontes, Lilih Curi e Moara Rocha, o evento tem programação ainda no Goethe-Institut e Sesc Pelourinho. O festival destaca a produção de cinema protagonizada e dirigida por mulheres de todo país, com o objetivo de disseminar o conteúdo brasileiro realizado pelo olhar feminino, promover debate sobre o assunto e fomentar a cultura do audiovisual nacional.
Além das projeções audiovisuais, o evento conta este ano com três oficinas: Fotografia, Montagem e Roteiro, que serão realizadas na última semana de março, na Sala Walter da Silveira, das 9 às 13h, ministradas por Juh Almeida, Daiane Rosário e Amanda Aouad, respectivamente. As inscrições custam R$ 50 e podem ser feitas pelo site da mostra, onde também está disponível a programação (clique aqui).
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