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minerais
O presidente da Companhia Baiana de Produção Mineral (CBPM), Henrique Carballal, destacou o potencial de crescimento da Bahia frente a transição energética e exploração mineral no Brasil. Durante a cerimônia da Expo & Congresso Brasileiro de Mineração (EXPOSIBRAM) 2025, que ocorreu no Centro de Convenções de Salvador, nesta segunda-feira (27), o gestor da estatal baiana revelou que o enorme acervo baiano de minérios já despertou o interesse de potências internacionais, como os Estados Unidos.
Em entrevista ao Bahia Notícias, Carballal detalha que o governo americano solicitou informações sobre as áreas baianas de exploração de grafita, mineral composto de carbono puro amplamente utilizado em baterias. “Na reunião que o governo brasileiro e o governo dos Estados Unidos teve, o Ministério das Minas e Energia entrou em contato conosco [a CBPM] a interesse do governo estadunidense acerca de áreas de grafita que nós possuímos aqui na Bahia, até porque acho que eles não sabem das áreas de terra rara que a gente tem.”
No evento, a CBPM montou um stand imersivo para detalhar todo o catálogo da mineração baiana. “Então, essa é uma oportunidade na EXPOSIBRAM para anunciar que a gente tem grafita, tem terra rara, cobre, cobalto, nós temos praticamente todos os minerais da transição energética com um teor muito elevado, com grandes quantidades”, explica o presidente da entidade.
O gestor destaca ainda que esse potencial do país dá ao governo “a possibilidade real de transformar a Bahia na locomotiva do desenvolvimento da mineração e da transição energética no Brasil e atender as expectativas do mundo”. E com intenção de trazer investimentos para o estado neste setor, Carballal destaca a atuação da CBPM em oferecer um ambiente propício para os negócios.
“A nossa expectativa é exatamente poder atrair os investimentos. Nós mudamos, inclusive, a nossa forma de atuação, tanto que estamos abertos, portanto, a outras formas de negócio onde a gente espera, com a iniciativa privada e a presença do Estado através da CBPM, encurtar o tempo, que normalmente é de até 15 anos, para você conseguir iniciar um processo de exploração”, aponta.
Ele explica que com o novo formato de atuação e contratos, os resultados da exploração de minério do estado podem chegar 10 anos mais cedo: “Desde que você tenha um conhecimento acerca de uma área geológica para a exploração, de uma larva propriamente dita, a gente pode encurtar no mínimo em 12 ou 13 anos. A gente espera em 2 ou 3 anos já estar desenvolvendo minas, produção mineral em áreas que levariam 20 anos, por exemplo, para você conseguir iniciar um processo de exploração”, completa.
A confirmação da vinda da montadora de carros eletrificados BYD para a antiga fábrica da Ford em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), acendeu o interesse no setor de mineração e a Companhia de Baiana de Pesquisa e Mineração (CBPM) está em alerta com a oportunidade.
Isso porque os carros que serão produzidos pela fabricante chinesa utilizam minérios que são encontrados na Bahia para a produção de componentes, como a bateria. De olho na possibilidade, a CBPM disse que ainda não houve diálogo com a montadora, mas garantiu que pode atender a demanda, caso ela surja.
"A gente não foi procurado. Temos uma série de pesquisas, em algumas áreas, de alguns minerais de transição. O lítio, grafito, cobalto, níquel. A Bahia é produtora de níquel, que é usado nas baterias. É uma grande produtora. A empresa que produz é parceira da CBPM, a Atlantic Níquel, lá em Itagibá [município do Médio Rio de Contas], é uma parceira. Temos outras áreas que têm um grande potencial", afirmou o diretor técnico da CBPM, Manoel Barreto.
Barreto ainda acrescenta que a Bahia se sobrepõe a outras unidades da federação, já que no estado são encontrados minerais únicos. "São todos os minerais de transição energética, que são encontrados em terras raras, e de difícil ocorrência. Esses outros minerais, como o cobalto, fazem parte da transição energética, usados nesses veículos modernos", pontuou.
Procurada pela reportagem, a BYD comunicou que pretende avaliar ofertas de novos parceiros. "A empresa ainda vai analisar todas as possibilidades de parceria para a compra de matéria prima com base nas premissas da BYD Global que estejam alinhadas com nossos valores de proteção ao meio ambiente e boas práticas de mercado para uma economia mais verde e sustentável."
BYD NA BAHIA
Um dos entraves para a instalação da montadora na Bahia foi superado. No dia 11 de agosto, a Ford oficializou a venda da fábrica de Camaçari ao governo da Bahia. A expectativa é de que a ação facilite a chegada da montadora chinesa BYD, que vinha negociando com a Ford há meses para poder ocupar o espaço da fábrica.
Os valores da negociação não foram divulgados, mas rumores indicam que a transação deve girar em torno de R$ 150 milhões.
Por outro lado, existe outra questão que ainda precisa ser resolvida. Uma emenda da PEC 45/2019, que trata da reforma tributária e que previa a prorrogação dos benefícios fiscais do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para plantas automobilísticas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste até dezembro de 2032, que facilitaria a vinda da BYD para a Bahia, foi rejeitada na Câmara dos Deputados.
O senador Otto Alencar (PSD) apresentou emenda para recolocar o dispositivo na reforma. A proposta apresentada por Otto Alencar pode reparar o voto dado por Otto Filho (PSD) que derrubou a inserção do benefício na matéria que agora é apreciada pelo Senado. Ele foi o único deputado baiano a favor da retirada dos incentivos fiscais.
BYD NA BAHIA
O anúncio oficial da instalação da primeira planta industrial nas Américas da BYD foi feita pelo governador Jerônimo Rodrigues, ao lado da CEO para as Américas e vice-presidente executiva global da companhia, Stella Li, no início de julho, em grande evento no Farol da Barra, em Salvador.
A maior fabricante de carros elétricos do mundo irá investir R$ 3 bilhões para instalar três fábricas na Bahia e deverá gerar mais de 5.000 empregos diretos e indiretos. As unidades irão produzir chassis de ônibus, caminhões elétricos, veículos de passeio elétricos e híbridos, e processar lítio e ferro fosfato. A expectativa é iniciar a produção no segundo semestre de 2024.
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Jerônimo Rodrigues
"As facções também investem, e muito, em inteligência. Eles montam uma indústria de armas. No último fim de semana vimos que muitas dessas peças são montadas aqui mesmo, não vêm todas de fora".
Disse o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT) ao comentar que não há negacionismo na política de segurança pública do estado e destacou que o enfrentamento ao crime hoje exige novas estratégias, diante da evolução tecnológica das facções criminosas.