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irmandade da boa morte
Faleceu aos 108 anos a juíza perpétua da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, Maria das Dores da Conceição. Mais conhecida como Dona Dazinha, a matriarca ocupava o cargo mais alto na hierarquia da irmandade composta apenas por mulheres, que tem sede em Cachoeira, no Recôncavo. O sepultamento ocorreu na tarde da última terça-feira (1°) em Muritiba, na mesma região.
Em nota nas redes sociais, a Irmandade da Boa Morte lamentou o ocorrido e demonstrou pesar. "É com profundo pesar que noticiamos o falecimento de nossa irmã Juíza Perpétua Maria das Dores da Conceição, mais conhecida como Dona Dazinha, aos 108 anos de idade e muitas décadas de amor e dedicação a Maria. Que seu retorno para o òrun seja leve e tranquilo com as bênçãos de nossa grandiosa mãe Maria. E com acolhida de nossas ancestrais", escreveu a entidade.
A Irmandade da Boa Morte é uma confraria afrocatólica brasileira que foi responsável pela alforria de inúmeros negros escravizados.
A Casa do Samba de Roda de Dona Dalva lançou a primeira fase de uma campanha colaborativa para captar recursos para a construção da sede definitiva da instituição, localizada na cidade de Cachoeira, no Recôncavo baiano. Atualmente, a entidade que homenageia um dos principais nomes da manifestação cultural no país funciona em um imóvel alugado.
A ideia é que o novo espaço funcione como um centro de referência do samba de roda no Brasil, que é registrado como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil desde 2004 e Obra prima do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade desde 2005.
O dinheiro arrecadado nesta etapa serão direcionados, explica a gestão da Casa do Samba, para a contratação de profissionais para elaboração do projeto arquitetônico, aquisição de materiais e mão de obra para iniciar a primeira etapa da construção, que será erguida em um terreno de 248,45m² de propriedade da Associação Cultural do Samba de Roda Dalva Damiana de Freitas. A iniciativa, que é tocada pela neta de Dona Dalva, Any Manuela Freitas, prevê a arrecadação de cerca de R$ 100 mil.
"Ficaremos imensamente gratos com a sua participação nesta grande missão de preservação de nossas memórias e originalidades", afirma a organização da campanha na plataforma de arrecadação (clique aqui para acessar e contribuir).
DALVA DAMIANA DE FREITAS
Reconhecida como a primeira doutora honoris causa da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) pelo trabalho na preservação do samba, Dona Dalva Damiana tem 93 anos e é líder dos grupos Samba Mirim Flor do Dia e do do Samba Suerdick. A sua participação foi essencial para o tombamento do samba como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Iphan.
O Suedick, em especial, foi criado por ela e companheiras de trabalho quando trabalhavam na fábrica de charutos Suerdieck. Segundo o professor de Etnomusicologia na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Carlos Sandroni, em entrevista para a Rolling Stone em agosto deste ano, o grupo mostra a proximidade do samba de roda com o cruzamento de processos identitários, religiosos e econômicos da região do Recôncavo (veja aqui).
Além de Sambadeira, cantora e compositora, Dona Dalva também é integrante da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, sendo Procuradora Geral dos Festejos 2020 e Fundadora do Terno do Acarajé e do Terno de Reis Esperança da Paz.
Completando 200 anos em 2020, a Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, de Cachoeira, vai manter a tradição de louvor à Nossa Senhora por meio de uma live, em substituição às procissões que atraem pessoas de diversos países.
O louvor à mãe de Jesus Cristo, conforme publicou a coluna de André Santana no UOL, se dá a partir de dois dos títulos que ela possui: Nossa Senhora da Boa Morte e Nossa Senhora da Glória. Tais nomenclatura fazem referência à crença da Igreja Católica sobre o período que ela dormiu até a assunção — elevação do corpo ao céu — onde foi coroada rainha.
A Irmandade, além de exercer a função religiosa, é símbolo da resistência à escravidão, construção da cidadania negra no Recôncavo e do diálogo inter-religioso do Catolicismo com o Candomblé. Trinta irmãs compõem a Boa Morte atualmente - elas possuem em média 60 anos de idade.
"Este ano vamos concentrar as atividades nos dias 14, 15 e 16 de agosto e toda a programação será online, transmitida pela página da Irmandade, em parceria com a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB)", explica o fotógrafo e assessor de Irmandade, Jomar Lima.
"Esta será a primeira vez que a irmandade não irá para ruas em 200 anos de devoção, já que os historiadores apontam a data de fundação em 1820", explica Jomar. A expectativa é que elas participem utilizando suas vestes e seus acessórios característicos, como as batas, tecidos, torsos e joias. "Elas estarão unidas por meio dos computadores ou celulares, vestidas como manda a tradição", promete.
O ritual da festa à Nossa Senhora da Boa Morte inclui três dias de celebração. No primeiro dia de louvores as senhoras realizam uma ceia; no segundo dia, expressam o luto, em procissão pela cidade trajando vestes pretas e um véu cobrindo parte do rosto; e, no últmo dia, 15 de agosto, percorrem as ruas da cidade com panos vermelhos e joias douradas. Um almoço é servido na sede da Irmandade, no Alto da Igreja D'Ajuda, em Cachoeira, com a realização de rodas de samba.
Pesquisadora sobre festas, a jornalista e doutora em Antropologia Cleidiana Ramos explica que a festa é uma celebração que geralmente tem um conjunto de ritos. "São várias potencialidades desdobrando-se e interagindo. Alguns ritos são 'normatizados' e não saem do controle. Mas esse momento é um grande desafio para as festas que usam a rua", afirmou à coluna de André Santana.
"Como transmitir aqueles três dias de ritos diferenciados e elaborados da Boa Morte: a vigília da dormição, a ceia, a procissão do enterro, e por fim, o ápice que é a procissão da glória?". Sobre a utilização das tecnologias, ela observa que há algumas potencialidades, mas nem tudo é possível. "Veja que é uma adaptação, um modelo possível. Vai ter festa? Sim, mas uma nova festa", afirma Cleidiana.
FESTA DA BOA MORTE DE CACHOEIRA 2020
14 e 15/18, 19h - Encontro online das senhoras da Irmandade para oração
Dia 16/08, 9h - missa celebrada na Igreja matriz da cidade, sem a presença de público e transmissão online
16/08, 15h - apresentação do Grupo Gêge Nagô
A Irmandade da Boa Morte, confraria religiosa afro-católica de Cachoeira formada por mulheres negras há mais 200 anos, será homenageada pelas lentes do fotógrafo e artista plástico Mário Edson no lançamento do calendário 2020 do ME Ateliê da Fotografia.
O projeto intitulado “Irmandade Sagrada”, que será divulgado no dia 11 de dezembro, a partir das 19h30, no Santo Antônio Além do Carmo, contará com 16 cliques que irão mostrar os festejos realizados pelo grupo no último mês de agosto.
Símbolo de resistência em meio a uma sociedade patriarcal e racista, a Irmandade da Boa Morte surgiu em 1810 e até hoje tem como principais objetivos a busca pela liberdade social, cultural e religiosa.
“Em uma época de esquecimentos, o trabalho e a essência dessas mulheres evidenciam a importância e singularidade feminina para o contexto sócio-político, principalmente no mundo essencialmente masculinizado em que vivemos. Gritos de resistência como os da Irmandade devem ser ecoados, reverberados, contribuindo para uma sociedade mais justa e igualitária”, disse o autor do projeto Mário Edson.
No dia do lançamento, o público receberá gratuitamente um exemplar do calendário, que terá texto de apresentação assinado pelo historiador Marlon Marcos. Além disso, no mesmo local, estará em exposição um vernissage também inspirado na Irmandade, elaborado pelo artista plástico Sérgio Amorim.
SERVIÇO:
O QUE: “Irmandade Sagrada” - Lançamento do calendário 2020 sobre a Irmandade da Boa Morte
QUANDO: 11 de dezembro, a partir das 19h30
ONDE: ME Ateliê de Fotografia, Ladeira do Boqueirão, 6, Santo Antônio Além do Carmo
Após o governo estadual liberar o patrocínio de R$ 84 mil para a realização da Festa da Boa Morte, este ano em Cachoeira (clique aqui e saiba mais), o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac) firmou um convênio com a Irmandade da Boa Morte. A assinatura do Termo de Cooperação aconteceu nesta terça-feira (15), na Igreja Matriz de Cachoeira, com a presença de autoridades municipais, estaduais e federais. Conforme havia se comprometido em reunião anterior, através do convênio, o Ipac realizará ações e seminário de educação patrimonial; nova expografia no Memorial da Irmandade; publicação de livros; e implantação de políticas para a preservação da festa. “Temos que buscar a salvaguarda do Bem Cultural, sua permanência para as futuras gerações e a autossustentabilidade da Irmandade”, comentou o diretor geral do Ipac, João Carlos de Oliveira. A Festa da Boa Morte tornou-se Patrimônio Imaterial da Bahia em 2010.
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Capitão Alden
"Estamos preparados, estamos em guerra. Toda e qualquer eventual postura mais enérgica, estaremos prontos para estar revidando".
Disse o deputado federal Capitão Alden (PL) sobre possível retirada à força da obstrução dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Congresso Nacional.