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“Tem os que se desesperam e tentam tirar a própria vida...”. É com essa frase, um tanto forte e chocante, que um dos membros dos Jogadores Anônimos Salvador começou a contar os depoimentos e histórias mais marcantes acerca de integrantes do programa, que enfrentam transtornos relacionados ao vício de jogos e apostas.
Um livro não seria suficiente para resumir todos esses atos. Traições, impactos financeiros, tentativas de suicídio e falsos roubos são algumas das narrativas que dão o tom das histórias dignas de produções cinematográficas. E os protagonistas são as pessoas que enfrentam uma compulsividade por apostas e jogos.
Ainda fazem parte do drama, que acontece no cotidiano de muitos brasileiros, outros personagens que são acometidos de forma indireta, ou até direta, por sofrerem pelos danos causados por jogadores compulsivos.
Dados do Ministério da Saúde apontaram que desde 2023 a rede pública de saúde obteve um crescimento na quantidade de pacientes que buscam este tipo de ajuda. Os registros de atendimentos de pessoas com sintomas de jogo patológico foi de 841 em 2022 para 1.290 em 2023, um aumento de 53%. Já até julho deste ano foram notificados 2.406 casos.
O BN fez contato com as Secretarias de Saúdes baiana e da capital baiana para trazer o recorte local de números de registros e atendimentos da questão, mas as pastas informaram que não têm a contabilização. Neste cenário, a reportagem do Bahia Notícias foi ouvir e conhecer algumas dessas histórias que marcam a trajetória de pessoas com esta patologia.
A apuração está inserida na série de matérias "Endemia Social: O impacto do vício em apostas na vida dos Jogadores Anônimos de Salvador", que tem o intuito de alertar sobre a compulsividade em relação a jogos de azar, cassinos onlines, entre outros do tipo; mostrar como é possível encontrar auxílio; e entender como o ato influência no cotidiano dos adeptos.
O conteúdo a seguir pode despertar gatilhos em pessoas que passam por este tipo de problema. Em caso de gatilho é necessário procurar uma ajuda de um profissional de saúde mental.
Uma primeira história é contada pelo o jogador anônimo Walter (nome fictício). O relato aconteceu com ele antes de sua fase de abstinência dos jogos - e antes dele procurar o JA para buscar auxílio. Era no período de final de ano, quando ele enfrentava o transtorno e recebeu seu salário de trabalho junto com o pagamento do benefício do 13º.
O que era para ser destinado a pagamentos e investimentos virou verba para suas apostas e jogos. Após perder seu salário, ele efetuou um empréstimo, mas em sequência também gastou. Frustrado em decorrência dos sentimentos causados pela dependência, Walter tentou tirar a própria vida.
“O meu relato pessoal talvez seja um dos mais impactantes. Porque se não fosse o meu [depoimento], talvez eu não estivesse aqui. Em um dia eu tinha recebido meu salário todo. E às duas horas da tarde, eu tinha perdido tudo. Fui no banco, peguei mais dinheiro financiado, fiz empréstimo e gastei tudo. Quando chegou às 20 horas eu estava de frente para a janela desesperado. Só que eu tinha medo de altura e aí eu tive a oportunidade de pensar um pouquinho e reformar minha vida. Três dias depois eu entrei na sala dos Jogadores Anônimos“, contou.
Uma situação vivida por um outro integrante do programa, que foi compartilhada durante a entrevista ao BN, trata de uma traição de um marido com sua esposa. Traição não física, mas sim de uma quebra de confiança. O homem, que não teve a identidade revelada, gastou toda poupança que juntou com sua esposa durante alguns anos de casamento e de muito trabalho, e só revelou a despesa com os jogos durante a reunião do JA.
“Uma senhora trouxe o marido para a reunião e começou a perguntar: ‘Aquela poupança que nós juntamos durante tantos anos? E o marido respondeu: ‘ Você pensa que tem? Eu torrei tudo’. O casamento acabou ali, não importa o valor que ela estava se referindo, mas sim a traição. Não era uma traição sexual, ele fez isso sem ela saber. E isso é a coisa mais comum que acontece, é sobre roubar”, alertou.
ETAPAS COMUNS NOS DEPOIMENTOS
Três etapas marcam as trajetórias daqueles que enfrentam a compulsão por jogos: Insanidade, prisão e morte. Os 3 momentos podem não ser nessa respectiva ordem, mas o que se sabe é que são encontrados constantemente relatos de jogadores que perderam o controle de si, se envolveram em algum caso de criminalidade para conseguir dinheiro para apostar e morreram em decorrência da tentativa de praticar suicidio ou por dever dinheiro.
“A pessoa pode ser interditada pelos atos, ou seja, insanidade. Você está insano e está fazendo aquilo constantemente sem perceber, ali sem pensar. A prisão é quando seu dinheiro é insuficiente e você começa a roubar, a tomar emprestado e não pagar, ou por cometer outro ato ilícito. A morte pode acontecer através de autodestruição ou alguém cometer este ato por ele, em decorrência de dever dinheiro às vezes a agiota. Então tudo isso acontece”, disse o JA.
De acordo com ele, cerca de 90% dos membros do projeto já pensou em cometer suicidio.
“Em nossa literatura de acolhimento, ao recém-chegado a ultima pergunta que a gente faz é: ‘Você já pensou em cometer um ato de suicídio, de auto-destruição?’ E 90% diz que sim, quase todos pensaram, é o desespero”, indicou.
O servo do programa listou ainda alguns dos depoimentos mais fortes que já foram citados durante as reuniões.
“Tem gente que diz: ‘Eu não tenho mais solução em minha vida, vou dar um tiro em minha cabeça’. São situações super delicadas, o que você vai dizer para o cara? São casos que a gente enfrenta às vezes. Mas temos que atender essas pessoas e encaminhá-las para profissionais de saúde, a exemplo de psiquiatras e psicólogos”, observou.
DESTRUIÇÃO PESSOAL E FAMILIAR
O impacto financeiro é também um outro drama real nas narrativas desses personagens. Além disso, a destrução familiar também causa um choque durante a explanação desses depoimentos.
“Na realidade, o primeiro impacto é financeiro. As pessoas chegam porque estão endividadas. Então esses são os primeiros relatos, só que quando a pessoa observa, ela destruiu outras coisas também, ou seja, a família. Às vezes ele perdeu o emprego por causa do jogo”, constatou.
Tem ainda viciados que mentem ao dizer que perderam o dinheiro após serem roubados, mas na verdade gastaram suas verbas.
“Tem gente que recebia salário no dia e chegava em casa sem nada. Ao ser questionado a pessoa dizia que foi assaltada e roubada, mas na verdade era mentira. Os relatos são muito complexos, alguns menores e outros maiores. Porém, todos envolvem drama pela obsessão pela aposta. O vício da aposta do dinheiro tem reflexo em toda a estrutura familiar, de trabalho, de tudo. Destrói tudo”, revelou.
Apesar de toda trama em alguns desses enredos, o final feliz de muitos filmes também acontece na vida real. Há relatos daqueles que superaram o vício de apostas.
“É muito difícil você ter um tratamento, mas não é impossível. Tanto é possível que eu estou há 18 anos sem fazer nenhuma aposta, porque nós conseguimos entender a mensagem e conseguimos aceitar minha condição de doente. A primeira vez que me disseram que era um doente, eu rejeitei. Não me achava doente. Então é preciso aceitar essa condição. [...] Entendi também que isso [o vício] não serve para nós, para minha vida. Eu já estava separado da minha mulher por conta do jogo”, completou o membro do grupo.
Há cerca de um ano, o “conglomerado pônei” e frases como “não seja ONG de macho” e “ninguém tem dó de corno” têm se popularizado na internet. Tudo isso, fruto do trabalho de Déia Freitas, voz e a mente por trás do podcast “Não Inviabilize”, que atualmente conta com cerca de 8 mil assinantes pagos e ultrapassou a marca de 20 milhões de ouvintes nas plataformas gratuitas.
Lançado há poucas semanas, o site oficial do projeto - que chegou a travar por conta dos 668 mil acessos logo na estreia - classifica a iniciativa como “um espaço de contos e crônicas, um laboratório de histórias reais”. O nome, por sua vez, deriva do blog “Não Inviabilize A Minha Existência”, criado nos anos 2000 por Déia, que é curadora, redatora, roteirista e apresentadora do podcast.
Para situar melhor o público, o projeto é dividido em quadros como “Picolé de Limão”, sobre os dissabores, mutretas e ciladas da vida; “Amor nas Redes”, com histórias de amor inusitadas, mas com final feliz; “Luz Acesa”, que traz causos de arrepiar e tirar o sono de quem tem medo de assombração; e “Mico Meu”, criado para narrar situações vexatórias da própria criadora, mas que acabou aberto para outros personagens.
Em entrevista ao Bahia Notícias, Déia Freitas, que é psicóloga por formação, conta como nasceu a ideia de contar histórias cotidianas online e de que forma venceu - parcialmente - a timidez para soltar a voz. “Eu não tinha ideia do que era um podcast. E aí, eu tinha uma amiga de Twitter chamada Priscila Armani, que já é podcaster, e falava todo dia pra mim: ‘você tem que transformar isso em áudio, você tem contar as histórias em áudio’. E eu falava: ‘não, Pri, nada a ver, eu sou muito tímida, não quero fazer isso, nãnãnã…’”, lembra Déia, que em 2019 decidiu fazer um teste enviando os causos pelo Telegram e em 2020, no início da pandemia, criou coragem para lançar o podcast, e agora se prepara para lançar livros e série.
Durante o bate-papo, Déia falou também sobre suas posições políticas e ideológicas transparentes e de que forma reage às críticas. “Eu sou uma pessoa de esquerda, eu sou petista, eu sou Lulista, eu sou Dilmista (risos), então é meio complicado. Recentemente eu postei uma foto do Lula e, nossa, uma moça lá surtou, porque ela é Bolsonaro e ela me escuta. E aí, ela disse que não ia me escutar mais, que isso, que aquilo, daí no final ela disse que ia continuar escutando sim”, conta a apresentadora do “Não Inviabilize”, que diz conseguir entender que as pessoas deixem de seguir seu trabalho ao saberem de seus posicionamentos. “Porque ninguém é obrigado. De repente odeia muito o Lula e vai ver que eu vou fazer campanha pra ele em 2022 e vai ficar puta. Vou perder o ouvinte e paciência. Mas eu não posso deixar também de me posicionar pensando aí em audiência, em números, isso nunca me passou pela cabeça”, garante.
A partir de suas convicções, ela também põe um filtro no material que recebe e alguns relatos estão vetados. “Tem uma categoria de pessoas com um pouco mais de dinheiro que me manda histórias, por exemplo, reclamando de suas empregadas domésticas e suas diaristas. Essas histórias eu me recuso a contar e eu sempre respondo meio mal. Tipo ‘ah, ela comeu a sobremesa da geladeira…’. Ah, vai se ferrar, sabe? Então, quando chegam essas histórias num tom ‘sinhá’ aí eu me recuso realmente”, diz Déia, revelando que em alguns desses casos responde aos e-mails com um puxão de orelha.
Apesar desses assuntos sensíveis, no geral, o reconhecimento é muito maior que as críticas, e o crescimento do “Não Inviabilize” já tem rendido situações novas na vida da podcaster. Muito tímida, Déia lembra com desconcerto o dia em que sua voz foi reconhecida durante chamada telefônica com a atendente de uma loja de departamento e se surpreende com ocasiões onde vê pessoas rindo na rua, enquanto ouvem seu podcast. “Isso é muito louco, a pessoa está ali no metrô, a pessoa não me conhece e eu não conheço a pessoa, mas ela está me ouvindo”, observa. Clique aqui e confira a entrevista completa na coluna Cultura.
De autoria do dramaturgo Rafael Martins e fruto da conclusão do componente curricular Laboratório de Direção Teatral A Cena Fechada - Realismo - do curso de Direção Teatral da UFBA, "A Mão na Face", conta a a história de duas personagens, Mara, uma prostituta veterana, e Gina, uma jovem travesti, que dividem suas histórias no camarim de uma boate. As apresentações acontecem no Estúdio Zona de Produção, no Rio Vermelho, nos dias 12, 13 e 14 de dezembro, às 20h, e no dia 15 de dezembro, às 19h30.
Durante o desenrolar da história, as personagens vão aos poucos revelando suas angústias e questionamentos existenciais, na medida em que elementos surpresas vão sendo incorporados dramaticamente ao diálogo revelador.
O espetáculo tem a direção de Rodrigo Queiroz, texto de Rafael Martins e a atuação de Sônia Leite e Rodrigo Queiroz.
SERVIÇO:
O QUÊ: Espetáculo "A Mão na Face"
QUANDO: 12, 13, 14 e 15 de dezembro
ONDE: Estúdio Zona de Produção (Rua Ilhéus, 258 - Rio Vermelho)
VALOR: Entrada gratuita
Além de ser conhecido como o “mês das crianças”, outubro é também o mês em que as festas ganham um tema específico: o Halloween. Neste clima, Salvador recebe a segunda edição do "Calafrio". Com palestras, bate-papos, sorteios de brindes e a participação de produtores do gênero "terror", o evento gratuito acontece às 17h, da próxima quarta-feira (11), no Teatro Eva Herz, na Livraria Cultura, do Salvador Shopping.
Entre os convidados estão o organizador do Cine Horror, Val Oliveira, o escritor Saulo Dourado e Márcio Liolly, da Ciaxa do Medo. O evento vai contar ainda com "Desfile Cosplay" temático para premiar a melhor fantasia de halloween.

Moraes Moreira foi o primeiro artista a cantar em trio elétrico | Foto: Divulgação/Max Haack/Saltur
Com show baseado no “Acabou Chorare”, na época do encontro dos Novos Baianos na reabertura da Concha Acústica, Paulinho Boca de Cantor disse ao Bahia Notícias que o disco veio em um momento em que o Brasil acabava de chorar pela ditadura militar e que, através da música, o grupo conseguiu fazer o país sorrir outra vez. Ele falou da importância da mensagem da banda, que segue atual, e prometeu levar alegria novamente em um “momento de desunião”. Meses e acontecimentos marcantes passaram, desde aquela apresentação histórica, mas para Moraes Moreira, a arte do grupo segue importante para resgatar o orgulho do povo brasileiro. “Os Novos Baianos talvez sejam uma das poucas unanimidades no Brasil de agora, por isso mesmo precisamos passar uma mensagem, que levante a autoestima da galera, e mostre que o artista é muito maior do que estas bobagens políticas que vemos por ai. Precisamos revolucionar usando nossas armas que são principalmente a música e a poesia”, afirma.

Novos Baianos fizeram show histórico na reabertura da Concha Acústica do TCA | Foto: Divulgação
Serviço
Com a iniciativa, a empresa se torna signatária dos princípios da ONU Mulheres, que visa, entre outras questões, a eliminação da discriminação contra mulheres e meninas e a igualdade de gêneros. "Desde sua criação, Mônica é um exemplo de que as meninas (e as mulheres) devem ter seu espaço garantido na sociedade sem aceitar nenhum tipo de maus-tratos ou violência. Com o projeto Donas da Rua queremos reforçar a autoestima das meninas e a defesa de seus direitos, algo que faz parte do DNA da nossa Turminha desde o princípio", afirmou Mônica, diretora executiva da empresa e inspiradora da protagonista da HQ.
Para isso, uma das principais plataformas do projeto será um site colaborativo (veja aqui) em que meninas poderão contar, através de textos ou vídeos, o que as fazem se sentir como Donas da Rua. "Nosso projeto também busca ser bastante autêntico no que acredita: queremos cada vez mais encorajar as meninas, sejam elas do Limoeiro ou do mundão afora, a serem quem são, a amarem quem são, a saberem seus direitos, a valorizarem suas qualidades, a viverem suas infâncias sem serem tratadas diferente simplesmente por serem meninas. Não vamos deixar que Cebolinhas nenhum nos bote para baixo, pois meninas combinam com o que quiserem!", complementa o texto, publicada na Fanpage da Turma.
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Capitão Alden
"Estamos preparados, estamos em guerra. Toda e qualquer eventual postura mais enérgica, estaremos prontos para estar revidando".
Disse o deputado federal Capitão Alden (PL) sobre possível retirada à força da obstrução dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Congresso Nacional.