Artigos
Com 2º FENABA, Bahia se consolida como referência no artesanato
Multimídia
Vereadora diz que há endividamento crescente nas contas de Salvador
Entrevistas
Hamilton Assis critica projeto de criação de uma loteria municipal: “Temerário e inconstitucional”
educando com o cu
A Universidade Federal da Bahia (UFBA) foi alvo de críticas após promover a roda de conversa “Educando com o cu: traveco-terrorismo e descolonialidade de gênero”, dentro do campus da instituição nesta sexta-feira (5). Contudo, apesar do nome “polêmico”, estudantes que estiveram no local relataram que a mesa tratou assuntos importantes, como pedagogia corporal, trazendo referências das tradições dos povos indígenas e africanos.
“Estou aqui e isso está sendo uma experiência transformadora. Educar com o cu na verdade é pedagogia com a corporalidade, tal como ensinada pelas nossas tradições ancestrais, em oposição à pedagogia jesuítica/europeia baseada na escrita como única forma válida de conhecimento. A ideia de usar o nosso próprio corpo como material de ensino e aprendizado”, disse a aluna de Produção Cultural da UFBA, Ana Carolina Branco, ao Bahia Notícias.
Leituras disponibilizadas durante o evento | Foto: Acervo Pessoal
Apesar do tema central ter sido pedagógico, dentro da mesa também foram abordadas pautas da comunidade LGBTQIA+, cultura indígena, intelectualidade travesti e o papel das mídias na sociedade. A estudante de Produção Cultural comentou que, apesar do título polêmico, também houve a descredibilização das pautas que seriam abordadas, mesmo de grupos “menos conservadores”.
“Por mais que o título tenha sido afrontoso, me assustei com as reações questionadoras e desincentivadoras, principalmente de grupos que, em geral, se dizem progressistas e apoiadores da diversidade. Foi pautado como esses grupos que adoram esses discursos de diversidades e inclusão, eles vivem muito na superfície e não se aprofundam de fato. Foi mostrado o quão grande é bibliografia de pessoas trans que compõem a intelectualidade da brasileira hoje”, disse Ana Carolina.
A roda de conversa foi ministrada pela artista Tertuliana Lustosa, cantora da banda de pagode “A Travestis”. Além de vocalista, ela também é escritora e mestranda da universidade. O evento foi organizado pelo grupo de extensão e pesquisa “Laboratório Permanente de Práticas e Estudos sobre Performance”.
“Nosso objetivo foi trazer artistas diferentes que pudessem falar sobre suas vivências com a performance. Hoje contamos com Tertuliana e ela veio falar sobre o lado dela acadêmico, enquanto pesquisadora. Ela veio falar um pouco sobre como é que a travesti é vista. O título 'Educando com o cu' assustou um pouco o pessoal, mas na verdade ela quis evidenciar como a sociedade só a enxerga a partir do sexo”, explicou Vinícius, um dos coordenadores do laboratório.
“Longe do que foi imaginado, não foi nada promíscuo, foi uma troca de experiências. Ela [Tertuliana] mostrou como pode ser prazeroso a educação, mostrando que não é preciso aprisionar. A perspectiva de educando com o cu foi para falar sobre educação através do prazer”, disse Drica Bispo, membra da instância de pesquisa.
Nas redes sociais, Tertuliana comentou sobre os “deboches” contra a mesa ministrada pela artista e ressaltou a importância da correlação entre a pedagogia e a corporalidade.
“A minha aula foi um sucesso, realmente faz todo o sentido educação é corpo, prazer, transcendência. O koo educou e muito e em breve esse encontro só me mostrou o quão importante é quebrar tabus na universidade sim, na UFBA, sim onde sou mestranda com muita dificuldade. A mídia distorceu tudo, debocharam do nosso evento e inclusive tentaram acabar com ele, mas ele aconteceu e foi lindo obrigado a todes que estavam lá”, disse a pesquisadora.
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Rui Costa
"Estamos conversando todos os dias e haveremos de intensificar as conversas na virada do ano, porque temos que discutir a política no país inteiro".
Disse o ministro da Casa Civil, Rui Costa ao afirmar que ainda não há definição sobre uma possível candidatura ao Senado em 2026, e que as conversas sobre o tema serão intensificadas na virada do ano. Segundo ele, a decisão será tomada de forma coletiva, considerando o cenário político nacional e as prioridades do governo.