Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias
Você está em:
/
Notícia
/
Salvador

Notícia

"Educando com o c*": Entenda o que foi debatido em seminário que gerou polêmica na UFBA

Por Leonardo Almeida

"Educando com o c*": Entenda o que foi debatido em seminário que gerou polêmica na UFBA
Foto: Divulgação

A Universidade Federal da Bahia (UFBA) foi alvo de críticas após promover a roda de conversa “Educando com o cu: traveco-terrorismo e descolonialidade de gênero”, dentro do campus da instituição nesta sexta-feira (5). Contudo, apesar do nome “polêmico”, estudantes que estiveram no local relataram que a mesa tratou assuntos importantes, como pedagogia corporal, trazendo referências das tradições dos povos indígenas e africanos.

 

“Estou aqui e isso está sendo uma experiência transformadora. Educar com o cu na verdade é pedagogia com a corporalidade, tal como ensinada pelas nossas tradições ancestrais, em oposição à pedagogia jesuítica/europeia baseada na escrita como única forma válida de conhecimento. A ideia de usar o nosso próprio corpo como material de ensino e aprendizado”, disse a aluna de Produção Cultural da UFBA, Ana Carolina Branco, ao Bahia Notícias.

 

Leituras disponibilizadas durante o evento | Foto: Acervo Pessoal 

 

Apesar do tema central ter sido pedagógico, dentro da mesa também foram abordadas pautas da comunidade LGBTQIA+, cultura indígena, intelectualidade travesti e o papel das mídias na sociedade. A estudante de Produção Cultural comentou que, apesar do título polêmico, também houve a descredibilização das pautas que seriam abordadas, mesmo de grupos “menos conservadores”.

 

“Por mais que o título tenha sido afrontoso, me assustei com as reações questionadoras e desincentivadoras, principalmente de grupos que, em geral, se dizem progressistas e apoiadores da diversidade. Foi pautado como esses grupos que adoram esses discursos de diversidades e inclusão, eles vivem muito na superfície e não se aprofundam de fato. Foi mostrado o quão grande é bibliografia de pessoas trans que compõem a intelectualidade da brasileira hoje”, disse Ana Carolina.

 

A roda de conversa foi ministrada pela artista Tertuliana Lustosa, cantora da banda de pagode “A Travestis”. Além de vocalista, ela também é escritora e mestranda da universidade. O evento foi organizado pelo grupo de extensão e pesquisa “Laboratório Permanente de Práticas e Estudos sobre Performance”.

 

“Nosso objetivo foi trazer artistas diferentes que pudessem falar sobre suas vivências com a performance. Hoje contamos com Tertuliana e ela veio falar sobre o lado dela acadêmico, enquanto pesquisadora. Ela veio falar um pouco sobre como é que a travesti é vista. O título 'Educando com o cu' assustou um pouco o pessoal, mas na verdade ela quis evidenciar como a sociedade só a enxerga a partir do sexo”, explicou Vinícius, um dos coordenadores do laboratório.

 

“Longe do que foi imaginado, não foi nada promíscuo, foi uma troca de experiências. Ela [Tertuliana] mostrou como pode ser prazeroso a educação, mostrando que não é preciso aprisionar. A perspectiva de educando com o cu foi para falar sobre educação através do prazer”, disse Drica Bispo, membra da instância de pesquisa.

 

Nas redes sociais, Tertuliana comentou sobre os “deboches” contra a mesa ministrada pela artista e ressaltou a importância da correlação entre a pedagogia e a corporalidade.

 

“A minha aula  foi um sucesso, realmente faz todo o sentido educação é corpo, prazer, transcendência. O koo educou e muito e em breve esse encontro só me mostrou o quão importante é quebrar tabus na universidade sim, na UFBA, sim onde sou mestranda com muita dificuldade. A mídia distorceu tudo, debocharam do nosso evento e inclusive tentaram acabar com ele, mas ele aconteceu e foi lindo obrigado a todes que estavam lá”, disse a pesquisadora.