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Conhecido pelo clima semiárido, temperaturas elevadas e chuvas escassas, o caatinga despontou como um ambiente ideal para o investimento em transição energética no Brasil. A caatinga é o quarto maior bioma do país e o maior da Bahia e atualmente abriga 62% das áreas de usinas fotovoltaicas do Brasil, que totalizaram 35,3 mil hectares. É o que aponta o relatório produzido pela MapBiomas e divulgado nesta quinta-feira (18).
Do total de hectares ocupados pelas usinas de produção de energia solar, cerca de 3.800 estão localizadas na caatinga baiana, representando o segundo maior contingente entre os estados analisados. Destacando a problemática do desmatamento no bioma, nesta área ocupada por usinas no território baiano, a maior parte das usinas, cerca de 71% está localizada em áreas de vegetação savânica nativa, um total de 2753 ha. O estado fica atrás apenas de Minas Gerais, que registra 26% do contingente total, o equivalente a 5,6 mil ha.
Transições de cobertura e uso da terra no bioma Caatinga para usinas fotovoltaicas entre 2016 e 2024 por estado. Foto: Reprodução / MapBiomas
Em entrevista, o professor Washington Rocha, coordenador da equipe da caatinga do MapBiomas destaca que a transição energética do país e a matriz energética limpa não podem ultrapassar os limites da conservação. “A gente tem notado, ainda não tenho esse número, mas há uma porcentagem muito significativa [das usinas fotovoltaicas] que estão em áreas ainda não desmatadas, ou seja, estão desmatando para implantar essas usinas”, explica.
O pesquisador destaca ainda que o estudo tem como um dos objetivos destacar as alternativas para a prática. “Não só na caatiga, mas no cerrado, existem opções de instalação de áreas que já apresentam desmatamento, alguma degradação e acho que aquelas deveriam ser as áreas prioritárias para a instalação desses empreendimentos”, destaca.
A segunda maior região ocupada pelas usinas são os espaços de mosaicos de usos, sendo 21,2% do total. Os mosaicos são espaços de usos mistos. Outros 6,6% das usinas foram implantadas em espaços de pastagens agropecuárias.
Os dados são de um levantamento sobre as mudanças ocorridas na cobertura e uso da terra na Caatinga, cobrindo o período entre 1985 e 2024.
A CAATINGA BRASILEIRA
O estudo indica que, em 2024, a caatinga ocupa 86,2 milhões de hectares, ou 10,1% do território nacional, e, em 40 anos, sofreu uma perda de 9,25 milhões de hectares de áreas naturais. O número indica uma perda de 14% da área natural. Entre os tipos de formações naturais mais afetadas, a savânica, vegetação clássica do semiárido, foi a mais afetada, com uma perda de 15,7% no período, o equivalente a 8,9 milhões de hectares.
Em sua área total, apenas 59%, ou 51,3 milhões de hectares, ainda é ocupada por vegetação nativa, mantida sem ação humana. Quando contabilizamos também corpos d’água, praia, duna e areal, a área natural da Caatinga sobe para 52,9 milhões de hectares, ou 61% do bioma.
A Bahia está entre os estados com maior índice de áreas nativas. Foi o quarto estado, com 58% das áreas naturais preservadas, atrás apenas do Piauí (82%), Ceará (68%) e Pernambuco (60%). Os estados com menor proporção de áreas naturais no ano passado foram Minas Gerais (50%), Rio Grande do Norte (50%), Alagoas (27%) e Sergipe (24%).
Enquanto as áreas naturais sofrem grandes perdas, as áreas chamadas conhecidas como “antrópicas” tiveram um aumento de 39% nos últimos 40 anos, somando 9,2 milhões de hectares de expansão. A maioria destas áreas de uso ou manejo humano são utilizadas para a agropecuárias, 37%, ou 32,3 milhões de hectares, e as pastagens são o principal uso (27%). Entre os usos agrícolas, as lavouras temporárias predominam com 1,4 milhão de hectares (74%), enquanto as lavouras perenes ocupam 483 mil hectares (26%).
O Cerrado e a Caatinga são os dois dos principais biomas baianos e, juntos, abrigam a maior parte dos municípios da Bahia. Acontece que ambos estão entre os mais ameaçados em meio as queimadas e violações ambientais pelo estado. O reflexo desses e outros fatores só vieram a tona a partir de estudos científicos que identificaram, na Bahia, a primeira microrregião árida em todo o país.
Um estudo desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), divulgado em novembro de 2023, identificou características de clima árido na região norte da Bahia, especialmente o território de Itaparica, incluindo as cidades de Abaré, Chorrochó, Glória, Macururé, Paulo Afonso e Rodelas.
Nesta reportagem, o Bahia Notícias relembra a descoberta e busca entender de que forma as iniciativas sociais e do poder público podem contribuir para a resiliência climática. Ainda em 2023, a nota técnica do Inpe e Cemaden identificou um crescimento histórico nacional das zonas semiáridas e alertou para o favorecimento de queimadas e os impactos severos nas atividades econômicas, como a agricultura e a pecuária, devido a falta de água nessas regiões.
Mais recentemente, ainda neste ano, a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) disponibilizou o Mapa de Áreas Susceptíveis à Desertificação (ASD) do estado. Utilizando o mesmo método de cálculo do índice de aridez, a metodologia de Thornthwaite (1948), o mapeamento estadual considera que quanto menor o IA [Índice de Aridez], maior a aridez e, consequentemente, a suscetibilidade à desertificação. Confira o mapa:
Reprodução do mapa disponibilizado pela SEI
“Ao analisar o mapa, observa-se uma área na cor laranja na parte central do estado, no sentido do percurso do Rio São Francisco, e que se espalha na parte norte, onde o índice de aridez (entre 0,13 e 0,50) demonstra alta suscetibilidade à desertificação e retrata as áreas áridas e semiáridas do estado. Nas bordas, em cores mais suaves, aparecem os trechos com média susceptibilidade. Já a região litorânea e o oeste do estado, em azul no mapa, apresentam baixa (IA entre 0,66 e 1,0) ou muito baixa (IA acima de 1,0) suscetibilidade”, apontou a nota oficial da Superintendência.
A AÇÃO PÚBLICA
O Bahia Notícias conversou com o Diretor de Políticas e Planejamento Ambiental da Sema, Tiago Porto, sobre as iniciativas públicas relacionadas a estratégias de resiliência e sustentabilidade em meio a desertificação.
“A gente tem boa parte da Bahia, cerca de 85% do nosso estado, inserido numa área que a gente chama de semiárido. Toda essa região semiárida do estado, ela tem condições naturalmente desafiadoras. Tem muita insolação, pouca chuva, pouca disponibilidade hídrica para usos econômicos. Toda a região do bioma Caatinga, que é o centro da Bahia, e praticamente todo o oeste do estado, que é o bioma Cerrado, fazem parte dessa área que chamamos de semiárido.”
“A convivência com o semiárido traz vários desafios para a vida, então a gente tem, no Estado, uma série de políticas públicas que buscam tornar a vida no semiárido mais confortável, mais digna, mais para que as pessoas possam prosperar lá.”
Neste caso, o gestor fala sobre a Plano Estadual de Convivência com o Semiárido, oficializado em 2020 e em vigor até 2029. O plano contextualiza todas as especifidades técnicas e sociais das regiões incluídas no semiárido baiano, além de determinar as diretrizes de atuação nessas regiões.
Ao total, mais de 100 ações foram definidas para alcançar 20 diretrizes. Entre as ações estão “efetivar a regularização fundiária dos Povos e Comunidades Tradicionais” e “implementar Banco de dados sobre inovações, conhecimento e tecnologias adaptadas à convivência com o semiárido”. O diferencial da iniciativa é a inclusão e cooperação de todas as áreas do governo estadual.
Foto: Marcello Casal Jr. / Agência Brasil
Porto destaca que o plano foi elaborado antes mesmo da descoberta científica, e por isso se aplica a toda a região. No que diz respeito às especificidades sentidas nas regiões áridas, o biólogo afirma que “as pessoas que a gente tem contato, elas não sentiram que de um dia para o outro a coisa mudou". "Aquilo [o processo de desertificação] já era uma tendência, já estávamos caminhando para uma aridização daquela região e esse caminhar foi acelerado pela forma como a gente explora os recursos naturais”.
“Especialmente naquela região, a vegetação é muito sensível a mudanças. Então, quando eu tiro ali um pedaço de Caatinga para implantar, por exemplo, uma plantação de coco, a Caatinga é incapaz de retornar a sua condição original, sem muita intervenção humana. Então, a gente precisaria investir muito para resgatar aquele ambiente. É diferente da Mata Atlântica, por exemplo, a gente vê um terreno baldio, passado 2 meses volta a ter vegetação ali naquele terreno. A Mata Atlântica é um bioma que tem muito mais resiliência”, explica.
“Então, o Estado já vem implementando ações, por exemplo, de implantação de sistemas de abastecimento de água, fornecimento de carro-pipa, tem uma série de ações”, ressalta. “A gente fez um esforço direcionado para essa região, o território de Itaparica, porque a gente entende que a gente não poderia agir da mesma forma que a gente age para o semiárido como um todo, para essa região. A gente precisava ter um investimento maior de recurso público, porque a região tava mais vulnerável do que as outras nesse momento.”
Questionado sobre a possibilidade de atuação para “refrear”, Tiago garante que é possível, ainda que complexo. “É que a gente precisa mudar em todas as áreas. A infraestrutura, como a gente constrói, como a gente se alimenta, as profissões que a gente vai formar, como a gente se desloca. A gente precisa buscar transformações em todas as áreas, porque essa forma como a gente vive hoje, na sociedade, é muito emissora dos gases de efeito estufa”, reflete.
“Esse diagnóstico a gente já elaborou que é o Inventário da Emissão de Gases de Efeito Estufa e tem uma fotografia do estado da Bahia, de quais são os principais emissores”, afirma. O Inventário de Gases de Efeito Estufa (GEE) do Estado da Bahia (2020-2022) foi oficialmente divulgado em 2024. Segundo o documento, em 2022, a Bahia foi 9º estado brasileiro em termos de emissões brutas de gases de efeito estufa (GEE), totalizando 91,37 MtCO2e dos 2.331,5 megatoneladas de CO2 equivalente emitidas por todo o Brasil.
Sobre o tema, Porto define que “a gente precisa buscar uma transformação dessa das atividades econômicas". "A gente sabe que isso não é de um dia para o outro, a gente precisa ir fazendo para que essa transformação aconteça e porque assim, essa é a solução mais definitiva”. Ele afirma que “é a gente mudar as nossas formas de viver nesse planeta para que a gente emita menos gases de efeito estufa, e vá arrefecendo os efeitos das mudanças climáticas”, conclui.
A RESILIÊNCIA VERDE
Mas não apenas a mobilização do Poder Executivo é suficiente para garantir a manutenção dos modos de vida da população do semiárido e árido baiano. As iniciativas que surgem da sociedade civil são parte intrínseca da resiliência climática ao redor do mundo. E são essas iniciativas que a Fundação Verde – Herbert Daniel, vinculada ao Partido Verde, vem buscando incentivar por meio do “A Tenda Verde”, com seminários com a participação de lideranças comunitárias ao redor do estado.
O presidente do Partido Verde na Bahia, Ivanilson Gomes, e a coordenadora do projeto da Fundação, Vânia Almeida, conversaram com o Bahia Notícias sobre a ação e revelaram que um novo projeto, totalmente voltado para os debates sobre a desertificação do semiárido baiano.
“Nós temos um projeto que se chama ‘A Tenda o Verde’, que é uma tenda onde nós montamos em cada município e a gente leva pessoas que tem conhecimento sobre a questão ambiental e sobretudo de arborização. Além, claro, desse projeto que está agora sendo elaborado que é sobre a questão do semiárido baiano”, afirma Ivanilson.
O líder partidário contextualiza que “que nós temos uma área territorial bastante extensa de semiárido e a gente entendeu que era importante, nesse momento, trazer um pouco essa discussão, envolvendo sobretudo as pessoas, os moradores da localidade, a sociedade, até porque parte significativa do que acontece hoje é fruto de uma ação antrópica”, aponta.
Foto: Divulgação
Vânia Almeida, coordenadora deste projeto da Fundação e ativista ambiental, conta que o impulso dos projetos é a realizada da COP30 no Brasil, em Belém, ao final deste ano.
“A fundação está desenvolvendo uma série de ações, não só na Bahia, mas no Brasil todo, com o foco de levar mensagens ‘dos verdes’ para a COP 30 e na Bahia nós entendemos que o nosso foco deveria ser justamente na Caatinga, nessa região do semiárido, sobretudo nessa nova área árida”, explica a gestora, que é cientista social de formação, com especializações em educação ambiental.
“E assim, a gente percebeu pelas nossas vivências, experiências, inclusive junto da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, que existem muitas soluções locais da comunidade, que eles estão então desenvolvendo para conviver com essa realidade das mudanças climáticas e são metodologias sociais bastante interessantes e que, na verdade, a gente precisa dar visibilidade”, ressalta Vânia.
Corroborando com o pensamento de Tiago Porto, com relação à mudança dos modelos socioeconômicos frente às mudanças climáticas, Ivanilson destaca que o modelo econômico do Brasil é similar ao de outros países considerados subdesenvolvidos e surge a partir de uma divisão sociogeográfica do trabalho ao redor do mundo.
“A gente não conseguiu avançar muito [no combate as mudanças climáticas] em função exatamente de todo um processo histórico onde os países subdesenvolvidos acabavam por aquecer sua economia da manufatura, ou seja, do envio de produtos agrícolas e para isso acelerar houve uma ação antrópica [humana], sem uma tecnologia adequada e sem o manejo adequado [dos biomas]”, contextualiza.
O líder “dos verdes” delimita ainda que “da mesma forma, quando a gente fala da Caatinga, um bioma essencialmente brasileiro e muito importante para nossa cultura, para nossa história, já chegou um ponto de desertificação". "É um caso basicamente irreversível. O que a gente precisa e tenta fazer agora é que esse processo não avance”.
E completa: “Então a gente precisa ter ações que possam despertar a sociedade de que a gente tá vai enfrentar um problema muito difícil aí na frente, se a gente não começar a ter iniciativas que possam diminuir esse tipo de efeito climático no nosso estado”.
A coordenadora da Fundação ressalta ainda que, atualmente, “289 municípios que são suscetíveis à condição de desertificação". "Por isso a importância da gente ter sensibilizado e ainda, aonde ainda não chegou nesse nível, a gente tentar barrar e segurar”. Ela afirma que “a ideia é justamente chamar atenção, porque as comunidades tradicionais de quilombolas, indígenas, fundo e fecho de pasto, são justamente as mais atingidas. E quando a gente pensa em justiça climática, a gente tem que pensar em financiamento. Não pode ser só boa vontade, é preciso ter financiamento porque eles [as comunidades tradicionais] não geram [as mudanças climáticas], mas sofrem as consequências”, reforça.
Por fim, a educadora ambiental destaca a importância unir a sociedade civil e os poderes Executivo e Legislativo em torno da pauta. “Questão ambiental, ela não é uma questão de uma de um único órgão, de um o único setor, é uma questão que tem que ser tratada por todos. É a sociedade civil, são as organizações, é o governo, são os partidos, todo mundo precisa estar envolvido e colaborando para que a gente possa ter sucesso, porque não é uma única ação que vai resolver o problema, mas ela contribui”, resume.
A expectativa da Fundação Verde é de reunir um grupo de lideranças comunitárias, ambientais e políticas para tratar das mudanças climáticas, especialmente a desertificação, na Bahia na COP, que ocorre em novembro deste ano.
Os alunos do Colégio Estadual Antônio Batista, localizado em Candiba, interior da Bahia, desenvolveram um creme dental orgânico, a partir de componentes da caatinga. O projeto foi desenvolvido no Programa Ciência na Escola, da Secretaria da Educação, (SEC) e tinha como objetivo criar um produto orgânico e sustentável, que cuidasse da higiene bucal.
Para realizar o produto, os estudantes contaram com a orientação de William Oliveira e utilizaram o extrato do juazeiro e da hortelã. Segundo Késia, esse método preserva as práticas tradicionais e os conhecimentos de outras gerações.
“Após escutar relatos positivos de pessoas idosas sobre o uso do juazeiro e da hortelã, tivemos certeza sobre a importância de elaborar uma alternativa sustentável para as pessoas que não têm condições financeiras de manter a saúde bucal através de meios convencionais”, afirmou a jovem.
A aluna ainda explica que os ingredientes naturais colaboram com o meio ambiente e apresentam propriedades que auxiliam na saúde, por ser desenvolvido com menos química. “O juá tem características antissépticas, antimicrobianas, anti-inflamatórias, além de ser um clareador natural. Já a hortelã tem propriedades antibacterianas, anti-inflamatórias e é um ótimo antifúngico”, explicou.
Os jovens expressam confiança de que o produto atenderá às demandas locais, dedicando-se à pesquisa e à distribuição em larga escala do creme dental, visando beneficiar a população regional que busca produtos naturais.
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Em seu último dia na COP28, nos Emirados Árabes, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) participou, neste domingo (3), de um painel que reuniu governadores do Nordeste na defesa do bioma da Caatinga. Ao lado da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, e do governador do Ceará, Elmano de Freitas, Jerônimo ressaltou que a importância ambiental e social da Caatinga precisa ser reconhecida e preservada.
“A Caatinga precisa ocupar o seu espaço na construção das políticas públicas de preservação no Brasil. Colocamos à mesa do governo federal uma proposta para a criação do Fundo da Caatinga, um instrumento que vai, entre outras coisas, permitir o financiamento de ações para prevenir desmatamento, promover revegetação, educação ambiental e sustentabilidade, por exemplo”, explicou o governador da Bahia.
A ideia dos governadores do Nordeste é criar um fundo similar ao Fundo da Amazônia. A proposta foi entregue ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e está em estudo. A governadora de Pernambuco destacou a importância da Caatinga para o cumprimento das metas brasileiras de preservação. “Sem dúvidas, o Brasil é parte da solução do problema climático no mundo, e queremos que o Brasil veja a Caatinga como parte da solução no Brasil”, afirmou Raquel.
A Caatinga é o único bioma que é totalmente brasileiro, está presente em todos os estados do Nordeste e no norte de Minas Gerais. Nele moram 27 milhões de pessoas e sua área ocupa cerca de 10% do território do país. Na Bahia, a Caatinga ocupa 85% do território. O estado promove ações de preservação do bioma e, em agosto de 2016, instituiu a Política Estadual de Convivência com o Semiárido, instrumento intersetorial que dá sustentação jurídica a programas governamentais e ações da sociedade civil.
“Reconhecemos a importância de todos os biomas, não queremos competir ou inviabilizar outras ações, mas o Fundo da Caatinga precisa ser pensado como mais uma ação do Brasil em seu compromisso com a questão ambiental, inclusive por conta da sua importância no processo de transição energética”, ressaltou Jerônimo.
Atualmente, 90% da energia eólica e a grande maioria dos parques de energia solar instalados no país estão na Caatinga. Como contrapartida a essa contribuição, os governadores pedem que o governo federal aprove a criação do fundo que vai garantir as condições naturais do bioma, que passa por graves ameaças, com pontos de desertificação que preocupam especialistas.
“Se engana quem pensa que a caatinga é um lugar seco e sem vida. Apesar da aridez, a vegetação tem como característica raízes profundas que seguram o carbono, contribuindo para a redução do aquecimento global. Precisamos de mecanismos que permitam preservá-la”, explicou o governador Jerônimo Rodrigues.
O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), entregou diretamente à ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva (Rede), uma proposta de criação do Fundo da Caatinga. A reunião aconteceu na sede da pasta nesta terça-feira (31).
Já com a minuta do decreto em mãos, resultado de trabalho realizado em conjunto com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Consórcio Nordeste propôs um fundo para a Caatinga inspirado no Fundo da Amazônia.
Participaram da cerimônia o secretário de Meio Ambiente da Bahia, Eduardo Sodré, a secretária de Meio Ambiente, Sustentabilidade e de Fernando de Noronha, Ana Luiza Ferreira, além do secretário executivo do Consórcio Nordeste, Carlos Gabas.
Na proposta apresentada, ganham ênfase e possibilidade de financiamento de projetos para o manejo sustentável, recuperação e revitalização de áreas degradadas, apoio a projetos sustentáveis de geração e distribuição de energia, atividades econômicas desenvolvidas a partir do uso sustentável da Caatinga e, dentre outros, conservação e uso sustentável da biodiversidade.
O governador Jerônimo Rodrigues, que lidera os debates sobre meio ambiente no Nordeste, enfatizou que “a criação de um fundo específico para o bioma mais brasileiro e tipicamente nordestino é fundamental para ampliar as nossas possibilidades de convívio com o semiárido. A Caatinga nos oferece diariamente soluções de resiliência e, apoiar o potencial da bioeconomia do bioma, fomentar a agricultura de baixo carbono em pequenas e médias propriedades para a produção de alimentos e outras tecnologias sociais já conhecidas vai nos permitir um salto de qualidade em nossas políticas para a sustentabilidade”.
De acordo com Consórcio Nordeste, o Ministério do Meio Ambiente recebeu a proposta com muito entusiasmo, ressaltando o protagonismo do Nordeste no redesenho institucional e já se dispôs a montar um grupo de trabalho com o Consórcio Nordeste para elaboração de um Plano para a Caatinga e aprofundar os estudos para criação do Fundo.
Além de Marina Silva, participaram da reunião o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, e os secretários Edel Moraes, André Lima e Daniel Viegas.
CAATINGA
A Caatinga, do tupi “mata branca”, é o único bioma exclusivamente brasileiro. Dotada de uma riquíssima variedade biogenética, a Caatinga é um território que muito tem a ofertar ao Brasil e ao mundo, desde as possibilidades de sequestro de carbono da atmosfera até como sua vegetação, já tão bem adaptada a um ambiente semiárido, pode ensinar ao mundo como construir exemplos de políticas de adaptação climática em territórios com menor acesso à água.
Adiciona-se a isso o fato que a Caatinga é uma grande região natural que presta importantes serviços ao planeta. Ela também apresenta índices notáveis de biodiversidade e endemismo. A resiliência das diferentes espécies vegetais que povoam a Caatinga pode, em um mundo que vem sofrendo um processo de mudanças climáticas, ser fonte de adaptações genéticas para maior eficiência agrícola. A sua proteção, assim, é chave para a construção de um mundo adaptado às mudanças do clima e a conservação de sua biodiversidade é crucial para o atingimento dessa finalidade.
A Polícia Federal, junto a CIPE-CAATINGA/PMBA e da PM/PE, prendeu na madrugada da última sexta-feira (15) sete pessoas em flagrante por tráfico internacional de drogas, em um galpão às margens do Rio São Francisco, no município de Petrolina, em Pernambuco.
Após o recebimento de denúncia anônima, em 1/9, policiais federais passaram a realizar diligências veladas para confirmação dos fatos narrados, culminando na abordagem realizada, quando foram apreendidos 437 Kg de cocaína, no momento em que eram inseridas em caixas de mangas que seriam exportadas para a Europa. Além da droga, foram apreendidos dois veículos.
O veículo e as drogas apreendidas foram encaminhados para a Delegacia de Polícia Federal em Juazeiro/BA.
O Banco do Nordeste (BNB) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciaram nesta quarta-feira (26) um acordo para um termo que viabiliza a abertura de um edital de R$ 10 milhões para restauração da caatinga, por meio do programa Floresta Viva. A iniciativa conjunta é destinada a implementar projetos de restauração ecológica com espécies nativas e sistemas agroflorestais nos biomas brasileiros.
O ato foi anunciado durante o evento Desenvolvimento Econômico – Perspectivas e Desafios da Região Nordeste, que ocorreu no Palácio do Planalto.
A diretora Socioambiental do BNDES, Tereza Campello, informou que cada instituição entrará com R$ 5 milhões para financiar os projetos.
“Vamos restaurar a mata branca, restaurar a caatinga, que é um dos biomas mais devastados, e precisa ser restaurada. Não tem a atenção que muitas vezes é dada à floresta amazônica. [Caatinga] Tem um potencial enorme de resgate de carbono, pode ser uma entrega muito importante. Então, de certa forma, BNB e BNDES estão inaugurando essa fase onde as instituições somam esforços e se dispõem a trabalhar juntos”, disse Tereza Campello.
O Ibama concluiu nesta semana operação de combate ao desmatamento ilegal do bioma caatinga na região da bacia do Rio São Francisco que resultou no embargo de 3.380 hectares, área equivalente a 3.300 campos de futebol. A Operação Mandacaru I foi realizada nos municípios de Santana, São Félix do Coribe, Sítio do Mato, Coribe, Carinhanha, Serra do Ramalho e Santa Maria da Vitória.
De acordo com informações do Acorda Cidade, parceiro do Bahia Notícias, os proprietários dos terrenos foram identificados, autuados e responderão na justiça por crime ambiental, além de serem obrigados a recuperar as áreas degradadas. As multas superam R$ 5,8 milhões.
Segundo os agentes ambientais federais que participaram da ação, o desmatamento foi realizado para ampliação de atividades agropecuárias, em especial a criação de gado, sem licença dos órgãos ambientais.
O desmatamento ilegal na caatinga empobrece o solo, provoca o assoreamento dos rios e elimina o habitat de diversos animais silvestres. Também contribui para o aumento dos níveis de gás carbônico na atmosfera, acelerando mudanças climáticas.
A superintendente do Ibama na Bahia, Lívia Martins, informou que a operação realizada na caatinga terá continuidade ao longo do ano.
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Tiago Correia
"Na verdade o medo deles é que Neto seja o candidato. Ele é o mais competitivo e que lidera as pesquisas. Na eleição passada eles fizeram o mesmo".
Disse o deputado estadual e líder da oposição na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), Tiago Correia (PSDB) ao comentar os rumores de que o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União), poderia desistir de disputar o governo da Bahia em 2026.