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Prática comum entre a maioria dos brasileiros, sexo anal ainda é um tabu

Por Bruno Leite

Prática comum entre a maioria dos brasileiros, sexo anal ainda é um tabu
Representação de como era o sexo na Roma Antiga | Foto: Reprodução / Wiki

O assunto sexo anal, quando colocado na roda, costuma vir acompanhado de dúvidas, tabus e por muitas vezes gozação, mesmo que o comportamento seja comum entre quatro paredes para a maior parte dos brasileiros.

 

Uma pesquisa do instituto Datafolha já apontava que, em 2009, cerca de 64% da população adulta afirmava ter praticado sexo anal alguma vez na vida. Durante o levantamento, que ouviu indivíduos com idade entre 18 e 60 anos, em 125 municípios de todas as regiões do país, apenas 20% dos entrevistado negaram ter recebido ou feito estímulos no ânus.

 

Ainda segundo esse estudo, 72% das pessoas bissexuais, 62% das homossexuais e 34% das heterossexuais abriram o jogo e disseram ter gostado de receber carícias na região. Somente 17%, 26%, e 32%, respectivamente, afirmaram não ter gostado da prática.

 

O local, inclusive, é conhecido por estar próximo do ponto G para os que possuem próstata. E, por isso, o ânus é uma possível via de prazer, mesmo que o público masculino não costume falar aos quatro ventos sobre o tema. A dificuldade em assumir o "B.O.", aliás, é um reflexo de um preconceito arraigado na sociedade, explica a sexóloga Mayara Magalhães ao Bahia Notícias. 

 

"O tabu ainda está muito ligado com a questão da homossexualidade. Ainda existe muito preconceito, embora no passado tenha sido muito utilizado, inclusive como método contraceptivo", esclareceu, atribuindo a visão equivocada a motivações também religiosas.

 

Apesar de acontecer de uma maneira diferente para cada um, o prazer anal é comum a todos os gêneros, afinal, o local é formado por diversas terminações nervosas. 

 

"Qualquer pessoa pode ter prazer nessa área. Não significa que ela vai chegar ao orgasmo, mas ela pode ter prazer. Ela também pode chegar ao orgasmo, a depender da estimulação", afirmou Mayara.

 

Mas para enfrentar a questão com seriedade é preciso, além de abrir a roda, ter a mente aberta. Para a especialista, os praticantes que estiverem dispostos estão mais suscetíveis a experimentar as sensações.

 

HÁ MODO DE FAZER?
Dicas práticas podem ajudar os que buscam se aventurar no sexo anal ou até mesmo aprimorar a maneira com que concebem suas relações, sem dor, com tranquilidade e nenhum constrangimento.

 

A primeira dica que a entrevistada dá é o uso de preservativos. De acordo com Mayara, por se tratar de uma região mais sensível, a fricção ocasionada por uma penetração ou pela introdução de brinquedos, por exemplo, pode ocasionar pequenas fissuras e facilitar o contágio por ISTs. Entretanto, é sempre bom lembrar, toda e qualquer relação sexual requer este cuidado.

 

O ânus é uma área que não possui lubrificação natural, portanto, o uso de lubrificante é um cuidado necessário. Ao BN a sexóloga destaca que os compostos à base de água são sempre preferíveis, por não prejudicarem o material da camisinha. O produto é um importante aliado para propiciar conforto e uma elevação no nível de prazer na hora H. 

 

Uma outra dica importante que a profissional dá é que haja cautela no momento: "Os dois [envolvidos] têm que estar à vontade e com vontade de fazer. Eu costumo falar que sexo anal não é presente de aniversário ou algo para agradar o parceiro. A pessoa tem que estar muito relaxada para fazer, porque se não vai doer".

 

A adoção de uma ou outra posição também pode facilitar. O básico "papai e mamãe" pode ser uma ótima escolha para os iniciantes, mas a clássica "posição de quatro" é uma opção favorável aos que querem ir mais fundo. "A pessoa que está sendo penetrada é que deve estar no controle da situação, porque ela é quem vai dizer os limites", destaca Mayara Magalhães.

 

Muito difundida entre os vendedores de sex shops, a manipulação de xylocaína ou outros anestésicos não é aconselhada. Essas substâncias inibem sensações e podem fazer com que a pessoa não sinta possíveis machucados.

 

Como sexo não se baseia apenas em penetração, um modo não tão incomum de quebrar o tabu é o “beijo grego”, que coloca a boca e a língua em ação - dois atributos não somente podem, como devem ser utilizados. 

 

E A FAMOSA 'CHUCA'?
Uma dúvida recorrente é sobre a higienização da região. Há os que, mesmo desaconselhados pela classe médica, cultuam o método da "ducha higiênica", que consiste na introdução de um jato de água no reto, que logo deve ser expelido.

 

Também chamada de "chuca", a maneira de higienizar o órgão pode prejudicar a flora intestinal e, caso haja o compartilhamento de materiais, provocar contaminação.

 

A sexóloga consultada pelo BN diz que uma higienização normal seria o suficiente, mas pondera que a realização da limpeza interna é uma escolha muito pessoal. "A gente sabe que pessoas que praticam mais o sexo anal se sentem mais seguras de fazer a chuca. Justamente pra evitar qualquer tipo de surpresa desagradável na hora do sexo". 

 

No entanto, no surgimento de qualquer imprevisto, é necessário sempre lembrar que o ânus tem outras funções. "Se acontecer, é algo que tem que ser, que faz parte do do processo. Aí é tomar um banho e se der certo voltar a brincar de novo", aconselha Mayara. 

 

VAMOS NOS PERMITIR?
Longe de qualquer acusação de "apologia ao ânus". A permissão é um importante passo para quem queira "abrir sua mente". Aos diversos casos que chegam em seu consultório, afirma Mayara, o conselho - independente de orientação sexual, gênero, religião, classe social ou raça - é apenas um: "experimentar se tiver vontade".

 

"É [necessário] você seguir muito os seus instintos, respeitar seus limites, e considerar se é algo que você deseja fazer", completa. Na visão dela, é preciso ficar despreocupado(a) com o que a sociedade diz e, sobretudo num relacionamento, dialogar.

 

Ela revela que é habitual existir um pacto de silêncio entre casais hetetrossexuais. E, em algumas situações, os parceiros costumam até a procurar o prazer em outros corpos, fora da relação ou dos acordos estabelecidos ali.