Programa de atenção obstétrica destaca hospitais elegíveis para implantação de anestesia peridural na Bahia; veja lista
Por Victor Hernandes / Eduarda Pinto
Uma seleta lista de hospitais públicos da Bahia podem ser escolhidos para implantar um novo procedimento de concepção, utilizando anestesia peridural em procedimentos de parto “normal”. A lista, obtida com exclusividade pelo Bahia Notícias, integra os estudos de viabilização de um projeto de cooperação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com a França, voltado à redução das cesarianas.
Os estudos ocorrem em meio a realização do II Seminário Franco-Brasileiro sobre Analgesia Peridural no Parto, em Salvador. O evento, que teve início nesta quinta-feira (18) e segue até esta sexta (19), reúne gestores, profissionais de saúde e pesquisadores nacionais e internacionais para incluir a capital baiana no avanço do tema.
O modelo de atuação, que cria procedimentos para a incorporação da iniciativa pela rede hospitalar pública, já foi testado na cidade do Rio de Janeiro (RJ). No seminário, que ocorre no Auditório Lúcia Alencar, na sede da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), foi divulgada a lista de unidades de saúde elegíveis para o início do projeto no estado.
Confira as unidades destacadas, considerando dados do Relatório de Informação Hospitalar do DATASUS:
Maternidade do Hospital Geral Roberto Santos (Salvador)
Leitos obstétricos: 60
Partos: 2.210, sendo 753 vaginais (34,07%) e 1.457 cesáreas (65,93%)
Equipe: 47 médicos obstetras, 35 enfermeiras obstetras e 3 anestesistas.
Maternidade Regional de Camaçari
Leitos obstétricos: 64
Partos: 3.340, sendo 1.553 vaginais (46,5%) e 1.787 cesáreas (53,5%)
Equipe: 43 médicos obstetras, 20 enfermeiras obstetras e 45 anestesistas.
Maternidade do Hospital Regional de Juazeiro
Leitos obstétricos: 30
Partos: 1.139 sendo 369 vaginais (32,4%) e 770 cesáreas (67,6%)
Equipe: 15 médicos obstetras, 22 enfermeiras obstetras e 11 anestesistas.
Hospital Materno Infantil Dr. Joaquim Sampaio (Ilhéus)
Leitos obstétricos: 32
Partos: 2.922 sendo 1.872 vaginais (64,07%) e 1.050 cesáreas (35,93%)
Equipe: 22 médicos obstetras, 12 enfermeiras obstetras e 09 anestesistas.
Maternidade Maria da Conceição de Jesus
Leitos obstétricos: 60
Partos: 2.788 sendo que 1.764 vaginais (63,27%) e 1.024 cesáreas (36,72%)
Equipe: 84 médicos obstetras, 91 enfermeiras obstetras e 43 anestesistas.
Maternidade José Maria de Magalhães Neto
Leitos obstétricos: 136
Partos: 5.566 sendo 2.326 vaginais (41,79%) e 3.240 cesáreas (58,21%)
Equipe: 92 médicos obstetras, 40 enfermeiras obstetras e 15 anestesistas.
Maternidade Tsylla Balbino
Leitos obstétricos: 67
Partos: 2.680, sendo 1.375 vaginais (51,31%) e 1.305 cesáreas (48,69%)
Equipe: 66 médicos obstetras, 22 enfermeiras obstetras e 23 anestesistas.
INCENTIVO AO PARTO NORMAL
A proposta do Seminário Franco-Brasileiro é incentivar a busca por iniciativas que garantam a segurança das mulheres e homens trans em atendimento pelo SUS, reduzindo a necessidade de cesarianas sem indicação clínica e garantindo um parto mais seguro e humanizado.
Dados divulgados pela Fiocruz indicam que as taxas de cesáreas no Brasil estão entre as mais altas do mundo, considerando que mais da metade dos nascimentos são realizados por via cirúrgica, com estimativas recentes situando essa proporção em torno de 56% a quase 60% dos partos registrados. O número é quase três vezes maior que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), idealmente entre 10% e 15% dos partos no plano populacional.
A iniciativa pela redução da cesária está diretamente relacionada à tentativa de redução das complicações maternas e neonatais, além da violência obstétrica e mortalidade materna. Apesar de ter sua segurança e eficácia comprovadas, a cesariana, quando realizada sem indicação clínica, está associada a maior probabilidade de hemorragias, infecções, complicações anestésicas e repercussões em futuras gestações.
Estudos epidemiológicos realizados no Brasil também apontam que a cesariana pode ser um fator de risco para morte materna quando comparada com o parto vaginal em determinadas condições, com risco quase três vezes maior de óbito pós-parto associado a cesarianas em comparação com partos vaginais, especialmente por causas como hemorragia e complicações anestésicas.
