Na Antena 1, especialista alerta para risco de manipulação ou transporte irregular de substâncias emagrecedoras
Por Victor Hernandes
O endocrinologista do Hospital da Obesidade e presidente da Associação Brasileira para o estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica, Fábio Trujilho, esclareceu acerca da origem da fabricação das canetas emagrecedoras manipuladas. A produção de versões manipuladas de Ozempic, Wegovy e Mounjaro, além do Rybelsus, medicamentos indicados para o tratamento de diabetes e obesidade, tiveram sua comercialização proibida após despacho publicado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), na última segunda-feira (25).
Durante entrevista ao programa Bahia Notícias no Ar, na rádio Antena 1 Salvador, nesta quinta-feira (28), o especialista confirmou que os produtos manipulados tiveram produção iniciada na Ucrânia, no antigo espaço da farmacêutica Lilly, responsável pelo Mounjaro.
Questionado sobre a venda desses itens, ele apontou que outras indústrias no Continente asiático também fabricam o produto falsificado.
“Não é só dessa fábrica [da Ucrânia], mas geralmente são algumas fábricas ou lugares que fazem esse produto e geralmente estão na Ásia, isso que a gente sabe. Agora o fato, de ser uma antiga empresa da Lily, mas que não é controlada por ela, qual é a qualidade disso? Como é que você garante que os padrões, de preparação, de conservação estão sendo seguidos? Essa é minha grande preocupação. Como que essa medicação, essa fórmula, chegou a esses ex-funcionários dessa fábrica, de forma que talvez não seja correta de ser feita?”, perguntou o médico.
Fábio expressou preocupação com a qualidade e segurança de produtos fabricados sem o controle da empresa detentora da patente, principalmente os fabricados na Ásia e os contrabandeados. Ele enfatizou que a segurança do paciente deve ser prioridade, alertando sobre a falta de comprovação de seriedade nesses casos.
“Queria também fazer outro alerta, não existe comprovação de seriedade e de qualidade de produção, quando você mantém o controle da empresa que tem a patente e que domina essa patente. Mesmo nas verdadeiras, que são contrabandeadas, mas uma caneta dessa não pode ser levada dentro de um avião, a não ser que esteja acoplada em um local adequado, e vai saber como isso é transportado. Então sempre penso e digo aos pacientes, o que é certo é certo, o que é errado é errado. O foco é o paciente e não o lado financeiro”, concluiu.