Jovem baiana teme interrupção de tratamento após Cassi cortar repasses para hospital; dívida do plano ultrapassou R$ 170 mil
Por Eduarda Pinto
Uma paciente de uma clínica especializada em obesidade, em Camaçari, teve o tratamento ameaçado de interrupção após dez meses de atendimento por falta de repasses vindos do plano de saúde. A baiana Laís Barbosa, de 26 anos, manteve o pagamento do seu plano de saúde regularmente e foi surpreendida com a notificação do hospital de que as despesas de seu tratamento não estariam sendo pagas pelo plano de saúde, CASSI.
Ao Bahia Notícias, a paciente conta que os trâmites para dar início ao tratamento começaram há mais de 10 meses, quando a jovem foi informada de que o plano não cobriria as despesas deste tipo de tratamento e posteriormente, ela abriu um processo judicial contra a CASSI.
“Eu conheci o hospital, fiz a consulta para saber se eu tinha direito, estava com obesidade grau três e tinha varias comorbidades e daí a gente deu entrada com o processo, já que o plano não cobre [...] mesmo que seja um tratamento de urgência, obesidade seja uma doença crônica, eles não cobrem. A gente colocou na justiça e o plano perdeu porque eu tenho o direito, estou fazendo esse tratamento”, detalha Laís.
Ela relembra, no entanto, que as ameaças de interrupção do tratamento ocorreram há cerca de dois meses, quando ela já havia passado pela maior parte do acompanhamento. Na ocasião, a paciente foi surpreendida com a notificação do hospital, sobre a falta do pagamento do tratamento.
“Eu recebi do hospital uma carta, avisando que eu teria mais ou menos cinco dias, para que o plano voltasse a fazer pagamento, porque o plano não tava pagando, e se o plano não pagasse, eu teria que sair do hospital e sair do tratamento”, conta. “Pelo que eu fiquei sabendo, dentro do hospital, esse já é um problema que está vindo há meses, só que eles não estavam repassando isso para os pacientes por questões administrativas. E quando a gente veio a saber disso, a situação já estava no auge, o plano já estava sem pagar não só a mim [ao tratamento] como a diversos outros pacientes”, completa Laís.
Ela detalhou ao BN, por sua vez, que buscou a ouvidoria da CASSI para resolver a questão. “Eu entrei em contato com a Ouvidoria da CASSI da primeira vez, pedindo uma ação, que eles tomassem uma iniciativa, explicando”, relata. A paciente conta que a CASSI teria realizado o pagamento de parte dos débitos em aberto. Ao Bahia Notícias, o hospital informou que a soma dos valores devidos ao Hospital, pelo plano, chegaram a R$173 mil, na época.
“Eles fizeram pagamento de uma parte do meu tratamento que estava em aberto, só que ficaram faltando algumas notas em aberto. Eu recebi outra carta informando quais as notas que estavam em aberto. Então eu dei entrada novamente na ouvidoria da CASSI, e me mandou algumas guias informando que tinha feito pagamento. Inclusive, esses pagamentos foram debitados no meu extrato do plano, porém, em comunicação com o financeiro do hospital, eles me informaram que na verdade não houve nenhum pagamento”, afirma.
Laís relata que, neste momento, ela está na última etapa do tratamento intensivo, com alta prevista para esta quarta-feira (8). No entanto, o tratamento completo para obesidade é vitalício e ela precisa manter o acompanhamento com consultas mensais para evitar a ressurgência da doenças e suas comorbidades.
“Há risco de eu não conseguir fazer a manutenção porque o plano de saúde não está pagando a clínica ou o hospital, como houve alguns pacientes que tiveram a manutenção suspensa por alguns meses porque a Cassi não estava fazendo repasse para a clínica”, conta.
O Bahia Notícias procurou a CASSI para mais esclarecimento sobre o caso e, em nota, a empresa informou que "vem mantendo os pagamentos de forma regular, dentro do prazo, e pagou R$ 239.609,50 a esse prestador em 2024, referentes exclusivamente ao atendimento a essa participante do plano"
"Foram R$ 690.349,03 em pagamentos recentes a essa clínica, somando mais de R$ 38 milhões nos últimos cinco anos. No final do ano, houve um aumento na quantidade faturas apresentadas, em geral, exigindo um tempo maior de análise e respostas. Além disso, há, eventualmente, a falta de apresentação de algum documento pelo prestador, ou preenchimento incorreto da fatura. Nesses casos, a CASSI solicita a adequação para que possa dar continuidade ao pagamento. Reapresentadas as faturas e estando corretas, o pagamento é realizado.", escreveu a CASSI. (Atualizada no dia 08/01 às 19h10)