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"Junho Verde" chamou a atenção da população mundial para a problemática da escoliose 

Por Redação

"Junho Verde" chamou a atenção da população mundial para a problemática da escoliose 
Foto: Reprodução / Arquivo Pessoal

Cerca de 2% da população universal sofre com algum tipo de escoliose, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, aproximadamente 6 milhões de pessoas vivem com esta condição, que deforma a coluna vertebral e impacta diretamente da qualidade de vida dos portadores. Para sensibilizar a sociedade mundial, desde 2013 o mês de junho é dedicado ao assunto.

 

Segundo a fisioterapeuta Monique Nery Luduvice, da clínica Vitalité e do Ambulatório de Ortopedia do Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard Santos (HUPES/UFBA), ao longo dos últimos dias, a época é um chamado para que pais e responsáveis por crianças e adolescentes passem a observar e acompanhem tais pessoas para que possam ter acesso a um tratamento qualificado.

 

"Geralmente, a escoliose é identificada no dia a dia, quando, por exemplo, uma adolescente está se trocando perdo da outra, ou quando a mãe ou algum parente próximo, observa às vezes um ombro mais alto que o outro, a cabeça que não está centralizada com o restante do corpo, uma escápula mais evidente que a outra", exemplificou a profissional ao Bahia Notícias.

 


Foto: Reprodução / Arquivo Pessoal

 

De acordo com a entrevistada, é considerada como escoliose aquela deformidade que apresenta um ângulo de Cobb igual ou maior que dez graus. A medida, aferida com exames específicos, é utilizada para quantificar a magnitude da condição.

 

"Há também um teste que a gente pode fazer que é muito simples. Que é você ficar atrás da criança ou do adolescente, pedir para que ela junte as mãos e leve-as até o pé. Ou até onde puder. Fazer uma flexão anterior do tronco. E aí quem está atrás observa e vai observar uma gibosidade de um dos lados, ou dos dois lados se a escoliose for em S", pontuou Ludovice ao falar sobre outras maneiras de perceber a escoliose.

 

Mesmo tendo relação com a estrutura óssea e a coluna vertebral, a fisioterapeuta explicou ainda que não há nenhuma ligação entre a causa da doença com a realização de atividades cotidianas. "A escoliose não tem a ver com postura de trabalho, nem tem relação com atividades em que a pessoa passa muito tempo sentada", desmistificou.

 

Ela enumerou os principais tipos. "Existem alguns tipos de escoliose: tem a infantil, que vai de zero a três anos; a juvenil, que é de três a dez anos; a de adaptação, que é por conta, assim, de uma perna mais curta que a outra, ou depois de algum trauma; a congênita; a neurológica; e a antálgica, que é aquela escoliose que você quer fugir de alguma dor e começa a fazer um situação postural", enumerou.

 

Entretanto, uma é mais comum. "A escoliose mais comum é a idiopática, que é aquela que não tem causa definida. E é a que mais atinge a população. Cerca de 2% a 3% da população com idade de dez anos até a maturidade esquelética é acometida com ela", ressaltou, explicando que, por causas ainda indefinidas, as meninas são mais atingidas pelo problema.

 

Acompanhada de dor ou não, o sinal mais evidente da doença é a mudança na postura. "Ela não causa nenhum problema associado, agora se ela for uma escoliose muito acentuada, aí sim, pode haver a compreensão de determinadas vísceras, problemas nas costelas e pulmão pode ficar apertado de um lado", disse Monique Nery Luduvice.

 

Problemas psicológicos podem estar associados ao problema, impactando diretamente na qualidade de vida e no desempenho laboral. Conforme detalhou a terapeuta, a condição "mexe demais com a autoestima do adolescente". "As meninas geralmente se escondem, elas não querem usar traje de banho e até usam roupas folgadas para esconder o desvio postural", acrescentou.

 

Em alguns pacientes, apesar de terem passado boa parte da vida com a deformação vertebral, o diagnóstico só acontece na vida adulta. A descoberta tardia inviabiliza a redução do ângulo, mas ainda possibilita uma melhora na mobilidade e em quadros em que a dor está presente.

 

Apesar de não haver um tratamento medicamentoso, procedimentos, inclusive cirúrgicos, poderão ser realizadas para que haja uma melhora na condição de alguém que é acometido pelo problema. A definição da terapia vai depender do grau de curvatura apresentado nos exames específicos.

 

A Sociedade Internacional de Tratamento Ortopédico e de Reabilitação da Escoliose (SOSORT) indica os seguintes tratamentos, de acordo com os seguintes quadros:

  • De 0 a 10 graus só haverá a observação, mas se estiver acompanhado de rotação de vértebras, exercícios poderão ser indicados; 
  • De 10 a 25 graus, o paciente deverá ser submetido a exercícios exclusivos para escoliose;
  • De 25 até 45 ou 50 graus, a indicação é de colete ortopédico, associado aos exercícios;
  • Acima de 45 ou 50 graus, o paciente deverá se submeter a um procedimento cirúrgico.

 

Apesar de servir como uma referência, as indicações da SOSORT não são os únicos critérios de definição do procedimento adequado para o tratamento. "Nenhuma decisão é tomada apenas pelo profissional, mas de maneira conjunta, pela equipe multiprofissional, com a família e o paciente", afirmou Ludovice ao BN.

 

 

O ideal, ela explicou, seria que na escola houvesse um rastreio postural, ou que os pais ficassem atento a todos os sinais. Ela recomentou ainda que, ao contrário do que pensam, a pessoa acometida pela escoliose continue a fazer exercícios físicos, pois eles são importantes aliados para a mitigação de problemas posturais.

 

"Não é porque o adolescente tem escoliose que ele deve parar de se movimentar. Pelo contrário. É importantíssimo que o adolescente faça atividade física, faça um esporte que lhe dê prazer e não pare de se movimentar, porque a mobilidade do tronco é extremamente importante para o tratamento", finalizou.