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Em meio a mudanças na diretoria, médicos do Ernesto Simões reclamam de atrasos salariais

Por Bruno Leite

Em meio a mudanças na diretoria, médicos do Ernesto Simões reclamam de atrasos salariais
Foto: Fernando Vivas / GOVBA

Há seis meses Denice*, médica do Hospital Geral Ernesto Simões Filho (HGESF), não vê o salário cair na conta. Plantonista de uma das maiores unidades hospitalares da rede estadual da Bahia, ela relata que a situação é comum aos colegas, que trabalham e não têm o saldo no extrato bancário por um bom tempo.

 

Ela é contratada como pessoa jurídica (PJ) pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), que faz a gestão do equipamento localizado no Pau Miúdo, em Salvador. 

 

"É uma confusão. Tem PJ que paga, outros que não pagam. Tem gente que não recebe desde junho. Eu estou sem receber desde dezembro e tem um valor de outubro que recebi errado e não corrigiram", desabafou ao Bahia Notícias.

 

E a complicação financeira se estende para outros profissionais. Até mesmo os celetistas, com carteira assinada e tudo, contam que passam pelo mesmo problema. 

 

Segundo os servidores ouvidos pela reportagem, o atraso atinge a folha de pagamento de todas as especialidades cirúrgicas e da Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

 

O pagamento da folha, quando acontece, se dá de forma irregular, conta outra pessoa: "Quando os coordenadores cobram a Sesab, eles afirmam que são problemas documentais das PJs, porém, tem profissional que recebeu novembro e não recebeu outubro, por exemplo".

 

Um terceiro médico, Cláudio*, diz que está sem o dinheiro desde janeiro. "Sou uma das pessoas que está numa situação melhor hoje em dia. Temos colegas que estão desde setembro e outubro sem receber", revela.

 

"A Sesab não tem uma organização muito correta de pagamento. Então ela não paga as PJs necessariamente na ordem. Foi o que aconteceu comigo, por exemplo, ao ter recebido o mês de novembro sem ter recebido setembro, pela mesma PJ, pelo mesmo lugar de trabalho", aponta a fonte.

 

A reclamação de todos os denunciantes é de que falta informação por parte de quem deveria pagar. "Eles têm uma organização que a gente não sabe, não tem a mínima ideia. Não tem um prazo determinado de pagamento", acrescentou Cláudio. 

 

E, da mesma maneira, as contas vão se acumulando: "Às vezes a gente recebe dois meses seguidos, mas sem saber se vamos receber no seguinte", ressaltou, apontando que não há uma pessoa de referência para resolver o assunto.

 

Questionada sobre as pendências, a Sesab confirmou que tem protelado os vencimentos, mas nega que seja tanto tempo assim. Segundo a assessoria da pasta, até a semana passada estava pagando os vencimentos referentes a janeiro e, em muitas unidades, já estavam na conpetência de fevereiro. 

 

A Saúde pontuou que, no entanto, "não há nenhuma interrupção de assistência nos hospitais da rede própria sob gestão direta".

 

Em março do ano passado, pelo mesmo motivo, uma equipe de ex-anestesiologistas do HGESF entregou seus cargos. Na ocasião, segundo eles, a pasta ainda devia o pagamento de outubro e novembro, e a primeira semana de dezembro de 2020 (relembre aqui).

 

Apesar dos dígitos negativos nas contas dos médicos, a falta de pagamento é mais um número na soma que teve como produto a exoneração da enfermeira Cristiana Maria Brito França do cargo de diretora do hospital, no último dia 19 de abril (veja aqui). 

 

No lugar dela assumiu o médico Luis Carlos Cavalcante Galvão. Ao site, a Sesab justificou que a alteração na diretoria foi motivada por uma "troca administrativa".

 

*Os nomes foram alterados para preservar a identidade e garantir o sigilo das fontes.