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Estudo detecta centenas de novos coronavírus em morcegos da China

Estudo detecta centenas de novos coronavírus em morcegos da China
Foto: Pixabay

Um vírus hipotéticamente irmão ao SARS-CoV-2, responsável pela pandemia, pode estar escondido na natureza. Segundo o joral El País, uma análise genética de centenas de novos coronavírus encontrados em morcegos da China aponta que alguns vírus tem alto potencial de contágio entre espécies. A descoberta também leva a uma "origem provável" do causador da Covid-19 em uma espécie regional de morcegos-de-ferradura.

 

A conclusão foi feita pela Eco Health Alliance, uma organização internacional dedicada a investigar doenças emergentes que surgem da fauna selvagem e ameaçam a humanidade. Em conjunto com o Instituto de Virologia de Wuhan, foram analisadas mais de 1.200 sequências genéticas de coronavírus achados em morcegos, sendo 630 delas novas. “Há uma enorme diversidade natural destes coronavírus”, afirma o ecólogo boliviano Carlos Zambrana, que faz parte da Eco Health Alliance.

 

O estudo constatou que o sudoeste chinês seria um "centro de diversificação" desses vírus. Isso aconteceria por causa da grande quantidade de espécies de morcegos (cada um com seu vírus específico); alta densidade populacional humana e o constante contato entre pessoas e animais pelo hábito de caçar e comer morcegos. “É muito provável que vejamos novas pandemias no futuro”, diz o ecólogo. O novo estudo leva a assinatura da virologista chinesa Shi Zhengli. 

 

Os cientistas colheram amostras de milhares de morcegos de 15 províncias chinesas entre 2010 e 2015. “Quando apanhamos um morcego, quase sempre ele dá negativo para coronavírus. Para encontrar um positivo temos que examinar centenas”, explica o ecólogo. Os pesquisadores não analisaram o genoma completo de cada vírus. Ou seja, as 630 novas sequências genéticas publicadas agora não correspondem necessariamente a 630 novas espécies de coronavírus, embora o ecólogo boliviano acredite que possivelmente se trate de “centenas” de agentes patogênicos desconhecidos.

 

Os vírus causadores da SARS, da MERS e da covid-19 pertencem a um grupo de coronavírus chamado betacoronavírus. A nova análise sugere que outro grupo, o dos alfacoronavírus, tem maior facilidade para saltar entre espécies. Os autores pedem a implantação urgente de programas de vigilância que procurem novos coronavírus nas populações de morcegos do sul da China, mas também em países vizinhos, como Myanmar, Laos e Vietnã.

 

A nova análise genética, um rascunho pendente de sua publicação na revista especializada Nature Communications, aponta os morcegos-de-ferradura como principal reservatório de vírus similares ao SARS, outro coronavírus irmão do atual que surgiu em 2002 na China e matou 800 pessoas. Os coronavírus de morcegos também são suspeitos de serem os antecessores do vírus da síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS, na sigla em inglês), um agente patogênico letal identificado pela primeira vez na Arábia Saudita em 2012, que infecta os humanos através dos dromedários.

 

O coronavírus conhecido mais similar ao causador da covid-19 é o RaTG13, identificado em morcegos-de-ferradura da província chinesa de Yunnan. Os dois vírus compartilham 96% do genoma e se calcula que divergiram de um ancestral comum há mais de 50 anos, segundo o geneticista Rasmus Nielsen, da Universidade da Califórnia em Berkeley (EUA). A semelhança entre os dois agentes patogênicos é “mais ou menos a de uma pessoa com um porco”, nas palavras do geneticista.

 

O virologista Juan Emilio Echevarría, da Associação Espanhola para a Conservação e o Estudo dos Morcegos (SECEMU), também participou da busca por coronavírus na Espanha e concorda com seu colega. “Está havendo uma confusão entre a origem evolutiva do vírus, que segundo a principal hipótese provavelmente está nos morcegos-de-ferradura, com a origem epidemiológica da pandemia, com a fonte de infecção do primeiro caso humano de covid-19, que se desconhece”, opina Echevarría.

 

“O animal que transmitiu o SARS aos humanos foi a civeta, um pequeno mamífero do Sudeste Asiático, em um mercado da província de Cantão. Ainda se desconhece o reservatório do vírus. "Não se documentou nenhuma transmissão de um coronavírus de morcego para pessoas”, salienta o virologista. Alguns especialistas, como o virologista alemão Christian Drosten, apontam a possível origem da covid-19 nas fazendas chinesas onde há criação de animais para uso de peles, com milhares de espécimes amontoados que facilitam a evolução dos vírus.