Apenas nova vacina pode eliminar tuberculose: 'O ser humano errou, o bacilo venceu'

O Brasil registrou, em 2015, um total de 70 mil novos casos de tuberculose. O número é preocupante, de acordo com o presidente da Rede Brasileira de Pesquisas em Tuberculose, Afrânio Kritski, principalmente devido à meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) de eliminação da doença até 2030. "O que vai realmente agilizar o processo de eliminação é uma nova vacina. BCG funciona bem para prevenir tuberculose na infância, mas não evita novos casos na adolescência e em adultos. Na década de 1970 achava-se que a BCG e novos medicamentos iriam eliminar a tuberculose. O ser humano errou, o bacilo venceu", pontuou o especialista. Neste ano, pela primeira vez, o Ministério da Saúde seguirá os pilares estabelecidos pelo órgão mundial para o Plano Nacional de Combate à Tuberculose. "O primeiro pilar é melhorar as ações de controle usuais: diagnóstico precoce, tratamento adequado, abandono baixo, diminuição de ocorrência de motivo. O pilar dois, que é novo em nível global, é focar na questão do suporte social, proteção social, porque a tuberculose é um indicador social. E tem o terceiro pilar, que também é novo, é focar na pesquisa, descobrir como você pode, por exemplo, desenvolver rapidamente novos medicamentos em que o tratamento seja, ao invés de três meses, dois meses", explicou Kritski em entrevista coletiva nesta segunda-feira (6). O tempo de tratamento é uma das questões que dificulta a eliminação da tuberculose, já que a taxa de abandono é maior do que a recomendada. No Brasil, a média de abandono do tratamento varia de 12% a 14%, quando o índice ideal é de 5%. Outro fator que deve ser especialmente observado é o social, já que a doença atinge ainda mais os países pobres. "Em 16 de dezembro foi aprovada uma proposta do Brasil, junto com a Índia, do plano dos BRICs. Vai ser lançado em novembro um plano global de pesquisa em tuberculose dos BRICs. Esses são os países que têm mais casos: de 10 milhões de tuberculose no mundo, 50% é nos BRICs", afirmou o presidente da entidade. Para ele, é necessária uma integração entre Ministério da Saúde e outras pastas, como Desenvolvimento Social, Tecnologia e Educação.