Hanseníase ainda é rodeada de estigmas pela insuficiência de ações governamentais
Por Marcos Maia
Foto: Divulgação/OMS
Apesar de ser uma doença difícil de adquirir, a Hanseníase ainda possui uma série de estigmas alimentados pela quantidade insuficiente de ações governamentais ao seu respeito, mesmo sendo instituído em 31 de janeiro o Dia Mundial de Luta contra a doença. “Um dos grandes problemas da hanseníase é que esta é uma doença negligenciada, pouco estudada e pouco conhecida. Os médicos e profissionais da área de saúde são poucos treinados para reconhecer a doença, principalmente no estágio inicial”, lamenta o dermatologista e presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia da Bahia (SBD-BA), Paulo Machado. De acordo com o médico, o Brasil é o segundo país em número de casos de hanseníase, perdendo apenas para Índia.

Mycobacterium leprae é o causador da doença | Foto: Reprodução/ Bio Web

Doença é marcada por manchas com limites imprecisos | Foto: Agência Brasil
“Certamente devido a diversos fatores associados à colonização e genética da população, além da falta de tratamento e controle adequado da doença”, arisca. Segundo o especialista, a hanseníase é caracterizada pelo surgimento de manchas claras com limites imprecisos, onde pode haver diminuição de suor, pelo e sensibilidade. Na maioria das pessoas essa fase é atravessada sem diagnóstico. “Essa é uma doença que se manifesta principalmente na pele, e atinge os nervos periféricos. Então, ao lado das lesões de pele, muitas vezes os pacientes vão sentir falta e diminuição de sensibilidade nas lesões, ou nas extremidades dos dedos das mãos e dos pés, na planta do pé. A pessoa pode desenvolver ulceras, ferimentos profundos”, exemplifica. O médico conta que o tratamento depende da quantidade de bacilos do paciente, que também define se ele é transmissor ou não. “Pessoa Multibacilar (com muitos bacilos) faz o tratamento de um ano de duração com três medicamentos. Já a pessoa Paucibacilar (com poucos bacilos) usará dois medicamentos por seis meses. O tratamento cura a doença, e por muitas vezes ela não volta”, explica. Além da ausência de maiores investimentos em pesquisa e preparo dos profissionais , Machado também se queixa de que a falta de informação para o grande público acaba alimentando o preconceito ao redor da doença. “É muito difícil o paciente entender que tem lepra, e que lepra na verdade é um nome inadequado para hanseníase, que na bíblia designava uma série de doenças que provavelmente nem eram hanseníase. O preconceito é muito claro e todo paciente com diagnostico sofre o impacto, uns mais, outros menos”, conclui.
