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Hanseníase ainda é rodeada de estigmas pela insuficiência de ações governamentais

Por Marcos Maia

Hanseníase ainda é rodeada de estigmas pela insuficiência de ações governamentais
Foto: Divulgação/OMS
Apesar de ser uma doença difícil de adquirir, a Hanseníase ainda possui uma série de estigmas alimentados pela quantidade insuficiente de ações governamentais ao seu respeito, mesmo sendo instituído em 31 de janeiro o Dia Mundial de Luta contra a doença. “Um dos grandes problemas da hanseníase é que esta é uma doença negligenciada, pouco estudada e pouco conhecida. Os médicos e profissionais da área de saúde são poucos treinados para reconhecer a doença, principalmente no estágio inicial”, lamenta o dermatologista e presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia da Bahia (SBD-BA), Paulo Machado. De acordo com o médico, o Brasil é o segundo país em número de casos de hanseníase, perdendo apenas para Índia.


Mycobacterium leprae é o causador da doença | Foto: Reprodução/ Bio Web

Doença infectocontagiosa causada pela bactéria Mycobacterium leprae, a Hanseníase é principalmente transmitida por meio da secreção nasal ou oral do portador. “Na grande maioria das vezes, 95% ou mais dos casos, a bactéria é destruída. Ela só vai causar doença em pessoas que tem uma genética que predispõe ela a apresentar a doença. Além disso, para adquirir a doença é necessário um convívio prolongado com quem transmite”, ressalta. Machado salienta ainda que apesar de estudos indicarem que determinadas alterações genéticas aumentam a chance de adquirir a doença, ainda não existe teste clínico capaz de detectar essa predisposição com antecedência. Em 2015, na Bahia, de acordo com a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) foram notificados, em dados ainda não fechados, 2.117 casos novos da doença. De acordo com o órgão, desse montante, 170 casos foram verificados em crianças e adolescentes até 14 anos. Em 2014, 2.638 pessoas foram diagnosticadas, sendo que 191 ocorreram na população entre zero e 14 anos. O presidente da SBD-BA avalia que os números continuam bastante elevados, e que a diminuição nos casos registrados pode ser “ilusória”. “Na maioria dos estados brasileiros, os números de pacientes com hanseníase não tem diminuído ao decorrer dos anos como nós esperávamos. Uma das maneiras de verificar isso é quando você leva meia dúzia de profissionais para uma cidade do interior, e chama a população para ser examinada. Muitas vezes, em um dia de exames acabam sendo diagnosticados mais casos que um ano inteiro naquela cidade”, conta. A Sesab também apontou em dados divulgados em 15 de janeiro, que algumas regiões do estado como o norte, oeste e extremo sul apresentam áreas de concentração de casos. De acordo com o dermatologista, é difícil apontar precisamente o porquê dessa concentração.


Doença é marcada por manchas com limites imprecisos | Foto: Agência Brasil

“Certamente devido a diversos fatores associados à colonização e genética da população, além da falta de tratamento e controle adequado da doença”, arisca. Segundo o especialista, a hanseníase é caracterizada pelo surgimento de manchas claras com limites imprecisos, onde pode haver diminuição de suor, pelo e sensibilidade. Na maioria das pessoas essa fase é atravessada sem diagnóstico. “Essa é uma doença que se manifesta principalmente na pele, e atinge os nervos periféricos. Então, ao lado das lesões de pele, muitas vezes os pacientes vão sentir falta e diminuição de sensibilidade nas lesões, ou nas extremidades dos dedos das mãos e dos pés, na planta do pé. A pessoa pode desenvolver ulceras, ferimentos profundos”, exemplifica. O médico conta que o tratamento depende da quantidade de bacilos do paciente, que também define se ele é transmissor ou não. “Pessoa Multibacilar (com muitos bacilos) faz o tratamento de um ano de duração com três medicamentos. Já a pessoa Paucibacilar (com poucos bacilos) usará dois medicamentos por seis meses. O tratamento cura a doença, e por muitas vezes ela não volta”, explica. Além da ausência de maiores investimentos em pesquisa e preparo dos profissionais , Machado também se queixa de que a falta de informação para o grande público acaba alimentando o preconceito ao redor da doença. “É muito difícil o paciente entender que tem lepra, e que lepra na verdade é um nome inadequado para hanseníase, que na bíblia designava uma série de doenças que provavelmente nem eram hanseníase. O preconceito é muito claro e todo paciente com diagnostico sofre o impacto, uns mais, outros menos”, conclui.