Bebida falsificada, com maior teor de metanol, pode até cegar, afirma especialista
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O consumo de bebidas alcoólicas no carnaval pode causar mais problemas do que as previsíveis e nem um pouco agradáveis ressacas. Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, os foliões devem ficar atentos também quanto à procedência das bebidas. Isso porque, as falsificadas, sem registro no Ministério da Agricultura, podem causar neurite óptica, uma lesão no nervo óptico que pode levar à perda irreversível da visão, a depender do grau de exposição ao metanol. Segundo Queiroz Neto, o máximo de metanol permitido nos destilados pela legislação brasileira é 0,25ml/100 ml de álcool anidro, limite que geralmente é desrespeitado nas bebidas clandestinas. O especialista lembra que a falsificação é mais comum do que se possa imaginar e o crime não se restringe às bebidas de custo mais elevado como o uísque, mas Inclui também as populares vodka e cachaça. Por isso, para quem não resiste a tomar uma na folia é recomendável checar na embalagem o registro do Ministério da Agricultura antes de comprar qualquer bebida para eliminar o risco de intoxicação.
Diagnóstico
De acordo com Queiroz Neto o grau de intoxicação depende da quantidade ingerida. Já a neurite óptica é decorrente de edema no nervo óptico. Os sintomas podem incluir desde dor de cabeça, náuseas, vômitos e queda na visão de contraste até cegueira e morte. O diagnóstico é feito com completo exame oftalmológico. Estudos mostram que mulheres afetadas pela neurite óptica têm o dobro de chance de ter esclerose múltipla quando comparadas à população masculina.
Tratamento
Depende da avaliação de cada caso, mas geralmente são aplicadas injeções de corticóide para reduzir a inflamação do nervo óptico. A recuperação pode demorar semanas ou meses e ocorrer queda da visão de contraste e de cores, mesmo nos caos em que a exposição ao metanol é pequena. Nas exposições mais intensas as lesões no nervo óptico causam perda irreversível da visão.