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Entrevista

Primeira mulher a presidir CFMV, Ana Elisa Almeida projeta gestão mais próxima de veterinários e zootécnicas

Por Victor Hernandes

Primeira mulher a presidir CFMV, Ana Elisa Almeida projeta gestão mais próxima de veterinários e zootécnicas
Foto: Igor Barreto / Bahia Notícias

A médica-veterinária, Ana Elisa Almeida, será a primeira mulher a presidir o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV). A baiana, que tomou posse na última sexta-feira (15), possui uma trajetória na Escola de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Bahia (UFBA), ingressando na vida pública em 1999, ao ser convidada para presidir a Sociedade de Medicina Veterinária da Bahia (SMVBA). 

 

Em 2001, por meio da SMVBA, levou para Salvador o Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária. Após o evento, a médica foi convidada para ngressar na diretoria do Conselho Regional de Medicina Veterinária da Bahia (CRMV-BA). Ela foi ainda secretária-geral da autarquia no triênio 2003-2006. Em 2008, tornou-se a primeira mulher a presidir o CRMV-BA. 

 

Em entrevista exclusiva ao Bahia Notícias, a presidente do CFMV revelou que tem a meta de proporcionar uma maior visibilidade para médicos veterinários e zootecnistas durante sua gestão. 

 

“A gente precisa mostrar à sociedade a importância do médico veterinário e do zootecnista. As pessoas não sabem quando sentam em uma mesa, a quantidade de médicos veterinários responsáveis e presentes ali, já que muitas vezes eles estão envolvidos em um trabalho no laticínio e etc. O médico veterinário está ali presente na vida do cidadão, a gente quer mostrar e fazer com que a própria sociedade entenda onde o médico veterinário está. Nós vamos inclusive destinar um recurso, através de campanhas publicitárias para mostrar à sociedade a importância dessas duas profissões”, disse. 

 

Ana Elisa comentou também sobre a expectativa para o triênio que vai conduzir no órgão.  “A expectativa é grande, principalmente por ser tudo novo. Nós, mulheres, somos assim, temos capacidade de ouvir e de acolher. Eu acho que o mundo está precisando também disso, de decisão, mas também decisões estudadas, decisões pensadas. Então eu espero corresponder todas as expectativas que estão sendo depositadas”, completou. 

 

Confira a entrevista completa:

 

Qual o panorama e a avaliação que você faz da antiga gestão do CFMV? 

Sou suspeita de falar, pois já participava dessa gestão. A gente queria e conseguimos uma mudança quando assumimos em 2017. Hoje, o nosso conselho está mais transparente, tanto que nós tivemos uma referência do Tribunal de Contas com nota máxima no quesito transparência. Tudo nosso é aberto. Nos aproximamos bastante dos Conselhos Regionais que executam as ações, já que a gente é um órgão de segunda instância. Quem executa, quem fiscaliza e faz todo o tribunal de honra são os regionais, que são órgãos de primeira instância. Estamos renovando nosso sistema de forma online. Um sistema unificado de administração pública, onde os processos fluem com mais facilidade e agilidade, que qualquer pessoa tem acesso. 

 

Quais serão as principais metas e objetivos a serem traçados em sua gestão para este triênio? O que ainda precisa ser alcançado e superado no CFMV? 

Nós vamos priorizar quatro eixos: gestão participativa que é importantíssimo, onde queremos ter um canal de comunicação permanente e ouvir nossos colegas dos Regionais. Depois nosso outro eixo nosso é fazer uma articulação institucional, a gente precisa conversar com os órgãos que estamos relacionados. São esses órgãos que fazem as leis e a gente precisa dessa construção com o Ministério da Saúde, Ministério da Educação entre outros. O terceiro item é a modernização dos processos. Já estamos fazendo fiscalização online e remota inclusive. O quarto item é gerar visibilidade das profissões. A gente precisa mostrar à sociedade a importância do médico veterinário e do zootecnista. As pessoas não sabem quando sentam em uma mesa, a quantidade de médicos veterinários responsáveis e presentes ali, já que muitas vezes eles estão envolvidos em um trabalho no laticínio e etc. O médico veterinário está ali presente na vida do cidadão, a gente quer mostrar e fazer com que a própria sociedade entenda onde o médico veterinário está. Nós vamos inclusive destinar um recurso, através de campanhas publicitárias para mostrar à sociedade a importância dessas duas profissões. Vamos destinar outros recursos também para o planejamento, onde pretendemos estar presentes nos grandes congressos das feiras agropecuárias, no agronegócio que é muito forte e que contribui com uma parcela, onde nós somos um dos atores principais. Então queremos ter essa participação mais efetiva nesses segmentos. 

 

O CFMV reforçou o pedido para o Ministério da Educação (MEC) suspender graduação a distância em Medicina Veterinária. Atualmente como está este processo? E quais serão as novas medidas que vocês vão buscar em 2024? 

Não só Conselho Federal, mas como todo o sistema é radicalmente contra. O curso de medicina veterinária, inclusive as nossas diretrizes curriculares nacionais dizem que é necessário a prática. Então não podemos ter um curso em que o aluno não tenha o treinamento em serviço, não pegue, não sinta. Nós somos radicalmente contra, isso já é pacificado. Estamos inclusive conversando com o MEC, tivemos com o ministro Camilo [Santana] e ele se mostrou favorável a não ter [cursos de Veterinária EAD]. Estamos querendo inclusive retornar o exame de proficiência nos moldes da OAB. Queremos que este exame seja para que a gente tenha um parâmetro nesse sentido. Isso vai fazer com que o Conselho Federal participe das avaliações do MEC, na autorização de novos cursos e abertura de mais vagas. Hoje temos um termo de colaboração com o MEC e a nossa comissão nacional de educação avalia alguns cursos, só que é uma avaliação construtiva que não é deliberativa. Então nós recebemos 40 processos de solicitação de autorização de cursos. Visualizamos que algumas instituições não tinham as mínimas comissões oferecidas. Então a gente gostaria de participar dessa avaliação, mas com critérios técnicos até para que possamos ter uma avaliação mais precisa da qualidade desses cursos. Nós estamos querendo aprovação de um Projeto de Lei que prevê apenas 10% de carga horária para conteúdos teóricos. 

 

Estudantes do curso de medicina veterinária da Universidade Federal da Bahia (UFBA) alegaram que alguns professores estariam perseguindo alunos e calouros. Essa informação já chegou para o CFMV? Como que você vai acompanhar essa questão? 

Isso já chegou ao conhecimento do Conselho Regional e também do Federal. Eu vi inclusive na página no Instagram da Escola Veterinária e fiquei sem entender. Mas eu ainda não sei muito bem especificamente. Vi em grupo também e eu vou até depois conversar com o diretor da Escola, mas em termos assim de denúncia perante o conselho não chegou nada nem no Conselho Regional e no Federal. Os professores são médicos veterinários ou zootecnistas e estão escritos no conselho. Caso seja verificado que essa atitude configure uma infração ética com certeza serão avaliados e caso se comprove serão penalizados. O conselho tendo conhecimento pode ser aberto um processo e aí pode se fazer uma apuração. O conselho vai designar um instrutor, um relator para analisar e ouvir as partes. Depois disso vai ser determinado um relator para analisar aquilo que o instrutor colocou. 

 

Como o CFMV está acompanhando a construção do Hospital Veterinário de Salvador?

Para o médico veterinário será mais uma oportunidade no mercado de trabalho, é algo importante. Agora uma preocupação nossa é a manutenção desse hospital. Como é que o o todos os o aparelhamento os os insumos serão mantidos? Essa é a nossa maior preocupação. Inclusive eu soube até  que poderia ser uma até gestão na área de uma organização social.  A nossa preocupação é que esses hospitais, de primeira, precisam estar inscritos no Conselho pois é uma atividade privativa.

 

Qual a expectativa para iniciar a gestão no CFMV? 

Estou recebendo esse desafio com muita responsabilidade. Nós ingressamos no sistema em 2003, quando eu fui secretária geral aqui do Conselho Regional da Bahia. Mas o Conselho Federal é totalmente diferente. Porém, é um aprendizado. Nós estamos com uma equipe muito boa. Tenho certeza que juntos vamos fazer mais e vamos mais longe. A expectativa é grande, principalmente pois tudo é novo. Nós, mulheres, somos assim, temos capacidade de ouvir e de acolher. Eu acho que o mundo está precisando também disso, de decisão, mas também decisões estudadas, decisões pensadas. Então eu espero corresponder todas as expectativas que estão sendo depositadas.