Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias Saúde

Entrevista

Apae acolheu mais de 275 mil pessoas em 2021 com atendimentos transversais

Por Erem Carla / Bruno Leite

Apae acolheu mais de 275 mil pessoas em 2021 com atendimentos transversais
Foto: Divulgação

Fundada em 1968, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) Salvador desenvolve um trabalho junto a crianças e adolescentes com diversos tipos de deficiência intelectual, motora ou auditiva da capital baiana. 

 

Um dos poucos locais do município com esse tipo de atendimento especializado, a instituição é referência na realização do teste do pezinho para nascidos vivos em unidades de saúde mantidas tanto pela gestão estadual quanto municipal.

 

No raio de atuação, somente no ano passado, 275.614 pessoas passaram pelos quatro núcleos da associação em diferentes locais de Salvador. Um quantitativo formado por pacientes e educandos que tiveram ao seu dispor não só o atendimento com equipes multidisciplinares como também o acolhimento de familiares, responsáveis por acompanhar as crianças e adolescentes.

 

A APAE no entanto, alega que passa, assim como outras da área da saúde, uma dificuldade na manutenção dos serviços (relembre aqui) - a maior parte deles por dependerem de profissionais específicos e terem um alto custo.

 

"Tentamos contratar, mas a gente não está achando no mercado. Não só a APAE Salvador está passando por isso. A área médica está muito difícil. O que a gente tenta é ampliar. Nós somos de assistente social, educação e saúde, atendemos transversalmente", afirmou a superintendente Ângela Ventura. 

 

Confira a entrevista completa: 

Como funciona esse atendimento da APAE, quantas pessoas são atendidas e porque esses atendimentos pelo SUS não estão acontecendo?


A gente está trabalhando diretamente com a Secretaria de Saúde, com Leo Prates que é muito tempo é um parceiro da gente há muito tempo. A instituição tem 53 anos en nosso atendimento extrapola todas as instituições filantrópicas, atendendo Salvador e o estado do estado da Bahia. A APAE é um movimento bastante grande, que tem 65 anos, e conta com 2250 unidades em todo o Brasil. Aqui no estado da Bahia a gente tem 77. Especificamente, na APAE de Salvador a gente tem quatro núcleos que são importantes. Temos o CER [Centro Especializado em Reabilitação], em Coutos, numa parceria com a prefeitura, lá a gente atende a 400 pessoas. Todas nossas atividades estão estranguladas, porque a demanda é muito grande. A gente não está dando conta de atender. Além de atender o município, atendemos ao estado por meio do teste do pezinho, que somos o serviço de referência. Então, todos os bebês nascidos vivos a gente tria pelo SUS e, para além disso, a gente faz o teste e trata crianças que nascem com alguma doença diagnosticada. São mais de 2 mil crianças que vem do interior. Elas vem do interior, passam o dia aqui, são atendidos por uma equipe multidisciplinar, fazemos refeição, temos um lugar para que essas famílias fiquem conosco, fazemos os exames de laboraório e no fim da tarde elas voltam para seus municípios. Esse é um trabalho gigantesco. 

A gente tem também um serviço de referência em doenças raras, que também é municipal e estadual. A gente tem, claro, o contrato com a SMS, em que a gente tem uma parceria lá no CER e diversos outros atendimentos têm um contrato e a gente cumpre. Profissionais da área de saúde estão extremamente escassos. Temos limitações com pediatra, com neuroped e a gente não consegue atender toda a população. A gente tenta administrar administrar da melhor forma possível. 

De pessoas com deficiência, dentro da instituição a gente tem um AEE, o atendimento educacional especializado, com, hoje em dia, 354 pessoas com deficiência na sede [na Pituba]. São crianças de 4 a 16 anos. Quando eles completam 16 anos a gente tem um núcleo que funciona lá na Cidade Baixa, onde atendemos 800 pessoas com deficiência. Há também o complexo de saúde, que inauguramos agora em outubro. Em Coutos temos o CER II. Até pedimos habilitação para um CER III, para atender também deficientes auditivos.

Depois desse processo da pandemia, não existe dinheiro. A gente realmente batalha por doação, pensamos em projeto, mas não conseguimos abarcar. É muita gente. Esse não é um processo que para.

 

Esse CER III, se o pedido for atendido, onde vai ser? 
Temos o II lá em Coutos, que é de suma importância para a população daquele entorno. Lá a gente atende pessoas com deficiência intelectual, física, fazemos ostomia e dispensação de órtese (que é cadeira de rodas, bengalas e essas pernas quando a pessoa tem diabetes e precisa amputar). A gente pediu uma autorização para lá ser um CER III, que a gente parte pra reabilitação auditiva [o tipo II atende pacientes em reabilitação física e intelectual]. 

 

Os atendimentos aos pacientes do SUS acontecem na APAE quando existe um excedente no escopo? Como é aplicado esse critério?
A gente está sem vaga. Todas estão cheias. Consulta pediátrica normalmente é da rede básica, então tem que ver onde a pessoa mora, e nas policlínicas do município. Temos esse tipo de atendimento, mas já está com o escopo que a gente não consegue mais atender. Tentamos contratar, mas a gente não está achando no mercado. Não só a APAE Salvador está passando por isso. A área médica está muito difícil. O que a gente tenta é ampliar. Nós somos de assistente social, educação e saúde, atendemos transversalmente. 

 

Você tem o número de pacientes que são assistidos hoje na APAE. O número total? 
Somente na assistência social eu tenho 800 pessoas na unidade lá da Cidade Baixa. Na área de educação, não atendemos como uma escola normal. Aqui eles fazem fono, tipologia, psicopedagogia. Então é diferente. Nossos profissionais são todos técnicos. Tenho psicopedagogia, pscicólogos, assistente social. É todo um contexto diferente de atendimento, porque são atividades no contraturno escolar, que a criança com deficiência demanda. São caras. Fiz uma conta rápida e a gente atende cerca de 25 mil pessoas/mês. 

 

Eu sei que a gente deveria atender muito mais, mas as vezes a gente não dá conta porque a gente tem limitações financeiras. Tenho compromisso com todo todo o pessoal que trabalha aqui, de manter a instituição, de ter alimentação adequada, diversos compromissos. Apesar de que a gente tem uma diretoria toda voluntária, 27 pessoas das que estão conosco e que desenvolvem o trabalho voluntariamente.