Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias Saúde

Entrevista

Projeto para emagrecer deve ir além de 'festa momentânea' como carnaval, diz especialista

Projeto para emagrecer deve ir além de 'festa momentânea' como carnaval, diz especialista
Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias

Para pessoas que fazem dieta com o objetivo de emagrecer, festas como o carnaval podem ser verdadeiros desafios. Em entrevista ao Bahia Notícias, a fisioterapeuta e responsável pela Nutriderm, Lidiane Angelim, afirmou que é essencial focar nos benefícios do tratamento, em comparação a uma festa passageira.

 

"É importante seguir o planejamento alimentar, manter a atividade física e tentar, pelo menos, diminuir o álcool", sugeriu a profissional. "Quando o paciente tem motivação, torna-se mais importante seguir o processo do que uma festa momentânea. No carnaval do ano passado, eu liberei cerca de 15 pacientes que já estavam próximos à meta, mas só dois aceitaram. Eles já estavam tão felizes com as conquistas que não fizeram questão de sair do processo, achavam mais importante a sensação de bem estar, o corpo conquistado, a saúde".

 

Angelim também explicou como funciona o programa de emagrecimento da Nutriderm, baseado em cinco "S": sustentável, simples, saudável, saboroso e sociável. Ela ressaltou esse último ponto, pela grande dificuldade que pacientes têm para manter a vida social enquanto fazem dieta. "Esse último ponto é muito importante, porque a vida social pesa muito mais do que qualquer vício alimentar. Os pacientes ficam muito preocupados em não sair para jantar, para um bar com amigos".

 

Quando questionada sobre a discussão de que é possível ser gordo com saúde, ela argumento que, em algum momento, o excesso de peso terá repercussão negativa sobre o corpo. "Eu acredito que não exista o corpo perfeito, não é preciso seguir as normas das redes sociais. Hoje em dia é muito grave esse apelo pelo corpo perfeito, que é necessário ser fitness. Isso não é saudável. Mas também não acredito na saúde com excesso de peso. Em algum momento da vida, isso vai ter uma repercussão, e a gente sabe que as doenças cardiovasculares são muito mais frequentes junto ao sobrepeso e obesidade".

 

A especialista falou ainda sobre a necessidade de adaptação do tratamento para cada paciente, como evitar o reganho de peso, entre outros assuntos. 

 

O que há de novo com relação a tratamentos para emagrecer?

A gente descobriu que o processo de emagrecimento vai muito além do que apenas uma dieta. Tem que ter todo o suporte emocional para quem tem dificuldade. Não dá para seguir aquele modelo de dar uma dieta, largar o paciente só e voltar depois de 30 dias para observar resultados. Isso não funciona mais. O ponto forte da gente é dar essa assistência, a gente fica o tempo inteiro com o paciente, até por meio de aplicativo. Tem  parte na qual ele vai para a clínica, para o contato pessoal, que não pode ser desprezado. Com essa questão que hoje todo mundo está sempre no celular, a gente consegue usar a tecnologia a favor. Ainda assim, é preciso o contato pessoal. O paciente tem uma frequência na clínica de duas vezes por semana, e isso faz com que ele entre em um processo de autoconsciência, de que ele está em uma mudança de hábitos. Já tem três anos que a gente faz esse processo. Nós usamos também a microfisioterapia, que é uma técnica francesa de massagem sutil, com a qual a gente trata a origem dos problemas emocionais, das doenças. Essa linha acredita que todas as fragilidades e doenças do nosso corpo vêm de algum trauma emocional, então a gente trata a origem do problema. É muito usado em casos de ansiedade e depressão. Dentro do processo de emagrecimento, a gente usa muito com pacientes que apresentam quadro de ansiedade.

 

E quais são os pilares do programa de emagrecimento 5S?

São os 5 S: sustentável, porque ele consegue manter, é uma dieta fácil que pode ser mantida depois; simples, porque é fácil de fazer, são alimentos que se encontra em qualquer lugar; saudável, porque não tem medicamentos, é todo baseado em uma alimentação anti-inflamatória; saboroso, porque a gente estimula que o próprio paciente aprenda a fazer a própria comida de forma prazerosa; sociável, porque ele tem acesso aos alimentos em qualquer restaurante, não é necessário sair da vida social. Esse último ponto é muito importante, porque a vida social pesa muito mais do que qualquer vício alimentar. Os pacientes ficam muito preocupados em não sair para jantar, para um bar com amigos.  

 

Mas o tratamento segue um padrão ou é adaptado para cada paciente?

A dieta é específica para cada paciente. Há mudanças estratégicas, semanais. A gente faz uma avaliação, para que o corpo demore de se acostumar com a dieta. É um programa fechado, no qual a gente inclui dieta, suporte do grupo, sessões de coaching. Esse é um processo que a gente considera super importante para reprogramação e autoconhecimento. A gente se esforça para que isso não vire uma dieta momentânea, para que ele consiga manter depois.

 

 

Qual a importância desse acompanhamento psicológico?

Eu acho essencial. Não consigo pensar hoje em como tratar um paciente sem esse suporte associado. Eu preciso que tenha, porque é o que vai garantir que ele mantenha depois. Emagrecer é muito fácil, o problema é manter. A gente tem um número muito grande de pesquisas que mostram pacientes que voltam a engordar depois de experimentar muitas técnicas de emagrecimento. A gente consegue minimizar muito isso fazendo a reprogramação, que é um dos nossos diferenciais.

 

Quem pode fazer esse programa? Há uma faixa-etária, algum tipo de restrição?

A gente tem o programa kids, que é de cinco a 13 anos. É um processo um pouco diferente, porque o suporte emocional é maior, com psicólogo. A dieta é mais flexível, leva mais para o lado lúdico. É muito educativo e não é tão restritivo. A gente estimula atividade física, sair dos eletrônicos e ensina o que se deve comer e por que. No tradicional, a gente tem pacientes acima de 13 anos. Apenas pacientes renais e cardíacos graves não podem fazer. Já os pacientes diabéticos e com síndromes metabólicas podem fazer, inclusive melhora muito as taxas.

 

Como entra o exercício nesse processo?

Eu sempre digo que não é obrigatório, mas deveria ser. A gente precisa fazer com que o paciente entenda os novos hábitos, e a atividade física entra como liberação de neurotransmissores, sensação de prazer. O exercício entra no lugar da comida, por essa questão de fuga, de prazer. A gente consegue, através da atividade física, reprogramar isso e, principalmente, saber que mais tarde ele não vai ter uma dieta tão restritiva. A atividade física também vai ajudar a equilibrar isso. Então não é só o efeito bioquímico da atividade, mas também o gasto calórico. No momento que você malha, você tende a se preocupar um pouco mais com a alimentação também.

 

Existem casos de compulsão por comida que podem ser comparados a vícios em drogas. Nesses casos, só a dieta é suficiente ou são necessários remédios?

A gente não utiliza remédios sob hipótese alguma. Quando a gente tem casos de compulsão alimentar, e usada a física quântica, através de florais. Eu não acredito no modelo de medicamento. Claro que alguns pacientes realmente precisam de um suporte psiquiátrico, que a gente não consegue fazer sozinho, mas na clínica usamos mesmo a física quântica. Temos tido resultados muito positivos, inclusive de pacientes que deixaram de tomar remédios psiquiátricos.

 

Existe um período no qual a busca por esse tratamento é maior? Talvez perto do verão?

No tratamento estético, nós vemos mais essa sazonalidade. No emagrecimento não, porque engloba muito mais a saúde, então tem demanda o ano inteiro, não é dependente do verão. Claro que perto do verão a demanda cresce.

 

Há festas anuais nas quais muitas pessoas acabam fugindo da dieta, como Natal e carnaval. Qual a dica para que isso não aconteça?

É uma dica difícil. A gente tenta principalmente mostrar os benefícios que ela vai ter seguindo a dieta. É importante seguir o planejamento alimentar, manter a atividade física e tentar, pelo menos, diminuir o álcool. Com isso, é possível minimizar os efeitos. É uma época mais difícil. Até mesmo para os pacientes que ainda estão no programa é preciso reforçar a questão do coaching. Quando o paciente tem motivação, torna-se mais importante seguir o processo do que uma festa momentânea. No carnaval do ano passado, eu liberei cerca de 15 pacientes que já estavam próximos à meta, mas só dois aceitaram. Eles já estavam tão felizes com as conquistas que não fizeram questão de sair do processo, achavam mais importante a sensação de bem estar, o corpo conquistado, a saúde.

 

 

Quanto tempo dura o tratamento?

Há um período mínimo de três meses para reprogramação, mas depende da meta. É uma perda média de 6 kg a 10 kg por mês, então depende da meta de cada paciente.

 

Após o tratamento, o que o paciente deve fazer para evitar que ganhe o peso novamente?

Um grande diferencial é justamente isso. A gente montou um programa para o pós-emagrecimento, chamado Permaneça Magro. Virou um programa que mudou o sucesso que a gente tinha na clínica com relação à manutenção. A gente usa estratégias nutricionais de biogenética. Isso incentiva o ganho de massa com o incremento da atividade física, para que ele não volte a engordar. O mais difícil, realmente, é o depois. Todo mundo que chega na clínica já chegou, no mínimo, cinco métodos de emagrecimento. Eu tenho índice de menos de 2% de pacientes que nunca fizeram nada antes. Uma das nossas preocupações é realmente que seja sustentável.

 

Com relação a pessoas que precisam retornar depois porque engordaram de novo, há um tratamento diferenciado?

A gente faz uma avaliação para saber o que levou aquilo a acontecer. Eu me preocupei muito com isso no ano passado e fiz um relatório interno para entender esse perfil. Quem fez certinho, bateu meta e seguiu no Permaneça Magro ou foi para qualquer outro nutricionista não voltou a engordar.

 

Mas o paciente vai ficar preso à dieta pelo resto da vida? Isso não se torna um problema?

É um processo restritivo momentâneo. Eu preciso daquela restrição para que seja rápido, para que não tenha deslizes, boicotes, autossabotagem, então é preciso cumprir a risca. Depois a gente ensina a fazer compensações, por isso que passa a ser sustentável. Ninguém consegue fazer uma dieta restritiva a vida inteira. A gente analisa o que é importante para ele voltar a fazer e ensina a fazer compensações, seja beber álcool, comer um brigadeiro. Por isso que fica sustentável, ele não precisa abrir mão do que gosta muito. A regra é 80% e 20% é mais liberado.

 

Atualmente existe uma discussão muito grande com relação ao "ser gordo". Enquanto algumas pessoas dizem que é questão de saúde, outras defendem que as pessoas gordas podem ter saúde perfeita. Como você vê isso?

Eu não acredito em obesidade saudável. No entanto, eu acredito que não exista o corpo perfeito, não é preciso seguir as normas das redes sociais. Hoje em dia é muito grave esse apelo pelo corpo perfeito, que é necessário ser fitness. Isso não é saudável. Mas também não acredito na saúde com excesso de peso. Em algum momento da vida, isso vai ter uma repercussão, e a gente sabe que as doenças cardiovasculares são muito mais frequentes junto ao sobrepeso e obesidade. Além disso, principalmente o câncer me preocupa muito. Com os hábitos atuais, acho que isso é uma coisa que a gente precisa se preocupar muito. Para ter um equilíbrio, a gente precisa de uma homeostase. Nisso não cabe o excesso de peso. Os hormônios precisam estar em pleno funcionamento, uma nutrição adequada, ter entrega celular de minerais e vitaminas, para que o corpo fique perfeito e a pessoa não esteja exposta a doenças. A partir do momento que a pessoa está acima do peso, isso não é possível. Ela pode não estar ainda com diabetes e hipertensão, mas saúde não é ausência de doença, é muito mais.