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Entrevista

Secretário da Saúde de SSA, Luiz Galvão diz ter sido escolhido por experiência em gestão

Por Renata Farias

Secretário da Saúde de SSA, Luiz Galvão diz ter sido escolhido por experiência em gestão
Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias

Um mês após tomar posse na Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Luiz Galvão disse ao Bahia Notícias que acredita ter sido escolhido para ocupar o cargo devido à sua formação em gestão e sua posição anterior como subchefe de gabinete do prefeito ACM Neto. "Eu estou na gestão desde o início, desde 1º de janeiro de 2013. Estava no gabinete do prefeito, como subchefe. O gabinete foi uma grande escola para mim, porque hoje eu conheço a prefeitura praticamente como a palma da minha mão, sei onde estão os principais gargalos, tenho relacionamento de porta aberta com todas as secretarias, e isso realmente vai me ajudar no dia-a-dia na Secretaria da Saúde", afirmou. Administrador por formação, ele acrescentou que a SMS possui "excelentes técnicos" para questões efetivamente de saúde. O secretário pontuou a necessidade de avanços nos índices da área, mas ressaltou o "excelente trabalho" do ex-secretário da Saúde, José Antônio Rodrigues Alves, que elevou a cobertura da Atenção Básica de 18%, em 2012, para 45,7%, no final de 2017. Galvão falou também sobre a manutenção do Hospital Municipal, problemas relacionados à tabela do Sistema Único de Saúde (SUS) e a recente greve dos caminhoneiros. 

 

O senhor assumiu recentemente a Secretaria Municipal da Saúde, então eu gostaria primeiro de uma avaliação da situação encontrada. Quais serão seus principais desafios nessa gestão?

Eu já estava na gestão e conheço um pouco da realidade da Saúde. A primeira semana foi justamente para fazer um diagnóstico, conversar com as principais áreas estratégicas, saber quais são os números que nós temos e quais os avanços poderíamos garantir. A Saúde realmente avançou bastante de 2012 para cá, José Antônio fez um excelente trabalho. Agora a gente precisa continuar avançando nos indicadores. A gente tem hoje uma cobertura de Atenção Básica de 45,7%. Saímos de 18% [em 2012] para 45,7% [no final de 2017]. Nós temos um planejamento estratégico da prefeitura, estamos lançando o Reda para a Atenção Básica. Após a conclusão, vamos fechar 2018 em torno de 50% de cobertura de Atenção Básica. Vamos avançar em todos os indicadores, inclusive na questão dos exames de consultas especializadas, tudo indicando quais os principais gargalos para ver como a gente consegue zerar essa fila, seja através de mutirão, seja potencializando a nossa rede ainda mais. Precisamos avançar bastante com os números que estão apresentados na Saúde.

 

O prefeito ACM Neto sempre afirma que escolhe secretários pela competência técnica. O senhor tem alguma experiência na área da Saúde?

Na verdade, eu não sou da área da Saúde. Eu sou administrador, gestor público, tenho uma pós-graduação em Gestão Pública pela FGV, em São Paulo. Acho que ele me escolheu justamente por essa característica. Eu estou na gestão desde o início, desde 1º de janeiro de 2013. Estava no gabinete do prefeito, como subchefe. O gabinete foi uma grande escola para mim, porque hoje eu conheço a prefeitura praticamente como a palma da minha mão, sei onde estão os principais gargalos, tenho relacionamento de porta aberta com todas as secretarias, e isso realmente vai me ajudar no dia-a-dia na Secretaria da Saúde. Eu acredito que a secretaria tem excelentes técnicos que cuidam das questões técnicas relativas à área da Saúde e acredito que a decisão de colocar um gestor à frente da secretaria para avaliar os indicadores e avançar com os indicadores foi acertada.

 

Durante a recente greve dos caminhoneiros, a rede municipal de Saúde sofreu algum tipo de desabastecimento? Existe algum plano de contingência pronto para situações como essa?

A greve dos caminhoneiros começa a andar de uma maneira muito silenciada e, à medida que o tempo vai passando, ela reflete em todos os setores da sociedade. Com a saúde não foi diferente. Quando nós percebemos que existia essa possibilidade de agravamento da situação, criamos um plano de contingenciamento. O plano incluiu as áreas prioritárias, escolhidas pelo prefeito: saúde, limpeza urbana e transporte público. Nós não tivemos essas áreas afetadas por conta dessas ações.


 

Um dos marcos e o ato final da gestão do ex-secretário José Antonio Rodrigues Alves foi a inauguração do Hospital Municipal. Quanto será necessário para manutenção dessa unidade e quais os principais esforços para o pleno funcionamento?

O hospital foi projetado para ter, a partir do seu pleno funcionamento, um custeio em torno de R$ 8 milhões por mês. Estamos dialogando com o Ministério da Saúde para garantir uma parte desse custeio. Isso está bem avançado. Eles já liberaram uma parcela de R$ 6 milhões e vão liberar mais duas. Nós vamos retornar agora em junho com o prefeito, em audiência com o ministro da Saúde, para tentar garantir mais 12 parcelas referentes ao custeio do Hospital Municipal. Isso acontecendo, a gente vai ganhar uma sustentabilidade de pelo menos um ano do hospital. Nós antecipamos a capacidade de atendimento dele, antecipamos as habilitações justamente por entender que existe uma demanda que precisa ser atendida naquela região. Nós sabemos que um equipamento desse não fica em pleno atendimento da noite para o dia, mas, à medida que podemos acelerar essas habilitações, temos feito isso.

 

Com essa grande inauguração, já foi possível observar uma melhoria nas principais filas?

Nós temos um profissional da secretaria participando dessa implantação e, à medida que ele percebe restrição nas UPAs [Unidades de Pronto Atendimento] do município, nós fazemos esse deslocamento direto para o hospital, folgando o atendimento de urgência e emergência da cidade.

 

A gestão da saúde, não só na Bahia, tem enfrentado um problema relacionado aos valores pagos pela tabela SUS. Isso afeta desde a contratação de profissionais até o credenciamento de unidades. O que o senhor acredita que a secretaria pode fazer para driblar essa questão?

Nós estamos inclusive com o processo de credenciamento aberto e percebemos que existe uma baixa adesão. Nós estamos tentando identificar qual fator causa isso, mas acreditamos que seja pelos baixos valores da tabela SUS. É uma situação muito difícil, porque o orçamento do município é restrito. A gente precisa ver, dentro dessa tabela SUS, qual a maior demanda do município para tentar entrar com um plano de apoio. Nós estamos estudando, isso vai depender da quantidade de clínicas credenciadas do município. Quando tivermos um resultado, vamos poder ofertar um plano B de atuação.

 

O senhor falou, no início da entrevista, sobre o aumento do índice de cobertura de Atenção Básica durante a gestão do prefeito ACM Neto. No entanto, os dados do Ministério da Saúde mostram que Salvador ainda tem um dos piores índices entre as capitais e também entre os maiores municípios da Bahia. Quais os planos para melhorar os números atuais? O senhor pode detalhar um pouco mais?

Nós tivemos uma grande dificuldade, que foi a questão de pessoal. Temos um concurso que está judicializado na Saúde. Negociamos com o Ministério Público, e ficou acordado que iríamos lançar o Reda e Atenção Básica, tanto para médicos quanto para os demais profissionais. A partir do momento que essa questão avançar, a gente vai ter como ampliar mais a cobertura de Atenção Básica. Hoje nós temos 13 unidades básicas de saúde em construção, com mais de 50% concluídas. A gente acredita que, no final de 2018, com o Reda caminhando como esperado, aumente para 50% de cobertura. É baixo ainda para o que a cidade precisa, mas a gente precisa olhar o avanço que foi feito. Eu vou olhar sempre pelo lado do avanço. Claro que o índice de cobertura vai nos deixar atentos para a necessidade de melhorar, mas já foi feito muito de 2012 para cá, e a gente vai continuar avançando.