Podcast Bengalas debate como medicina, fisioterapia e psicologia ajudam filhos que têm pais idosos; assista

Ter que organizar a rotina entre trabalho, filhos, casa e relacionamentos é cada vez um desafio maior. E as dificuldades só aumentam quando, além de lidar com os próprios dilemas, nesta equação entra a necessidade de cuidar de pais idosos. O Podcast Bengalas surge exatamente como uma forma de debater os problemas que aparecem, discutir soluções e compartilhar dicas e vivências. Apresentado pela consultora em planejamento e desenvolvimento humano, Marta Castro, o projeto teve 7 episódios neste ano, indo ao ar às 15h toda terça-feira.

 

Na estreia, o tema foi sobre como a Medicina enxerga uma população cada vez mais envelhecida, com participação da membra do grupo, a enfermeira Katiane Andrade, e a geriatra Lilian Carvalho. A geriatra, que é especializada no atendimento domiciliar, narrou que existem 12 "fatores de risco modificáveis" que podem ajudar a evitar a demência. Entre eles, o primeiro é a escolaridade, que tem um impacto de 7%; e, até a faixa etária dos 60 anos - quando o paciente se torna "geriátrico -, há 6 deles que podem ser trabalhados. Já os outros 6 fatores, que surgem a partir desta idade, têm a ver com "a vida" das pessoas.

 

"O pico de evolução dos quadros demenciais chega por volta dos 75. Então eu tenho um período grande de vida pra tentar recuperar esses fatores, que são variados: traumatismo crânio-encefálico, dos 45 a 65 anos; poluição atmosférica, acima dos 85 anos", explicou. Entre os cuidados para evitar a demência ainda estão controle de diabetes e pressão, tratamento de depressão, obesidade, perda auditiva, inatividade física e interação social.

 

 

No segundo episídio, a pauta foi a psicologia - afinal, neste momento é importante a saúde mental não só dos idosos, mas também de quem cuida deles. A convidada da semana foi a psicóloga Andrea Santa Rosa, enquanto a empresária Daniela Soares representa os membros do Grupo de Apoio Bengalas - Comunidade de Apoio a Filhos de Pais Idosos. Santa Rosa, que é terapeuta cognitiva e comportamental, alertou para uma prática ainda muito comum das filhas mulheres serem colocadas como responsáveis por cuidar dos pais idosos, e sobre a importância de aprender a dizer "não".

 

"As mulheres são os seres da culpa. A gente carrega a culpa como mãe, como filha... [...] E a gente precisa repensar isso. Eu sei que não é fácil dar um 'não' para pais que a gente sempre disse 'sim'. E aí vem aquela sensação ruim, de 'meu Deus, será que eu sou uma pessoa ruim porque eu não levei uma vez na minha vida ele no médico?'. Quem sempre recebeu sim vai brigar pra continuar recebendo sim. Por isso que eu digo para todos os meus pacientes: quem cuida precisa se cuidar. Não adianta a gente cuidar de alguém se a gente não tá bem", fazendo uma comparação com a máscara de oxigênio do avião.

 

E a fisioterapia, que pode fazer muita diferença para quem tem idade mais avançada, também esteve em pauta. No terceiro episódio, o papo foi com o fisioterapeuta Alan Santos, enquanto a jornalista Marília Simões representa o Grupo de Apoio Bengalas.  E Marta Castro tirou uma dúvida que muitas pessoas enfrentam: é preciso limitar os idosos em algum momento? Alan respondeu com um alerta: 

 

"De onde é que vem a limitação? Muitas vezes vem do medo que é muito acentuado dos filhos, dos cuidadores, que acham que precisa poupar aquele idoso. Só que muita gente nãol entende que o corpo precisa de movimento. E um corpo sem movimento tende a enfraquecer, a perder a qualidade. Então se alguém me perguntar: 'Alan, qual o momento de eu pedir que meu pai pare?'. Não há um momento se você percebe que ele tem condições de fazer as coisas", apontou. O fisioterapeuta avaliou, ainda, que caso uma ação se torne perigosa para aquele idoso, o ideal é encontrar alternativas que substituam aquela atividade.

 

Com apoio do Bahia Notícias, o Podcast Bengalas conta com a participação de um convidado especialista e um membro da Comunidade Bengalas, que tem três pilares: um grupo de apoio, com reuniões remotas pela plataforma Zoom; um grupo de WhatsApp para troca de informações, como artigos sobre o tema, contatos de especialistas e dicas; e o podcast, para amplificar o debate e alcançar mais pessoas que enfrentem o mesmo desafio. Clique aqui para saber mais.