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Mediação de crianças e adolescentes na internet no período do distanciamento social

Por Telma Brito Rocha

Mediação de crianças e adolescentes na internet no período do distanciamento social
Foto: Arquivo Pessoal

Vivemos cada dia mais a  cultura de exposição de si e observação de outro. As  características das sociedades do século XIX e XX, marcada pela solidão do seu lar e de seu quarto privado, passamos para o século XXI, não mais assinalada pela privacidade das subjetividades na modernidade, voltadas para dentro de “si”, mas para “fora”, acompanhadas pelos olhares alheios, em um mundo marcado pelos estímulos visuais da televisão e internet.


Assim, novas gerações ou não, se mostram cada dia mais em rede internet, sentem necessidade de tornar pública sua intimidade, de mostrar ao mundo como estão vivendo o tempo todo e demonstram como é incompreensível a fronteira da privacidade.

 

No atual momento em que vivemos, com necessidade de distanciamento social para prevenção da pandemia da Covid-19, crianças e adolescentes em casa,  mais tempo ficarão concetados (as) a internet. Nesse sentido,  a seguir algumas orientações para pais, mães  e/ou responsáveis, acompanharem as navegações, interações online. 


Aos docentes da educação básica  que estão desenvolvendo atividadaes online, uma reflexão sobre os desafios  da didática, do ensinar e aprender.  Sendo a didática um campo que investiga os fundamentos, as condições e os modos de realizar a educação por meio do ensino, nesse contexto de exposição cotidiana, exacerbada de intimidades na internet, professores (as)  de diferentes áreas do conhecimento, tem função de tornar essas narrativas de “si”, as informações do jornalismo profissional para prevenção de Fake News sobre a pandemia, em conteúdos formativos em suas praticas cotidianas. Em meio a complexidade contemporânea, alguns professores ainda acreditam que seu papel é ensinar os conteúdos dos saberes específicos de sua disciplina, sem articular os saberes da experiência dos alunos, apoiada em uma didática instrumental, aquela que não conecta a cultura e o cotidiano escolar em sua atitude de investigação.


Primeiro, ouçam  o que as crianças e adolescentes entendem sobre a exposição que fazem de si na rede internet, quais são os perfis que seguem em redes sociais, por exemplo, se as mensagens inbox, direct são frequentes; quais conteúdos acessam e compartilham. Importante  construir um vínculo de confiança e,  assim,  protegê-los de eventuais perigos, tais como violência virtual, cyberbullying,  pedofilia, assédio, crimes de ódio, racismo, homofobia.  Com crianças recomenda-se acompanhamento das navegações, orientações. Com os adolescentes orientações, conscientização dos perigos. 


Dicas para os pais e/ou responsáveis, ao permitirem a participação de crianças  nas redes sociais, monitorem o tempo que ficam online, inclusive limitando o uso da rede; este tempo deve ser dosado com  outras atividades físicas, escolares, culturais; estabeleça combinados com eles (as), criando regras de uso, como acesso a sites. As informações postadas nas redes sociais devem ser acompanhadas. É importante conhecer os perfis de outras crianças que eles adicionam. Se não há familiares nas fotos, nos posts ou nos depoimentos, e as comunicações  são apagadas, desconfie. A mesma atitude dever ser feita em relação aos comunicadores instantâneos, WhatsApp, entre outros. É recomendado colocar no perfil dele o link do seu próprio perfil ou seu e-mail pessoal, com um aviso de que está monitorando diariamente os contatos das crianças. Assim os pedófilos saberão que aquele perfil possui acompanhamento de um adulto. Isso também facilitaria que outros usuários entrem em contato com você caso alguém queira alertá-lo sobre problemas. 


Usar bloqueadores de site apenas, nem sempre é a solução mais eficiente, em alguns casos as crianças e adolescentes sabem como desinstalá-los, o mais importante é criar um clima de diálogo e confiança. Instrua a não divulgar dados pessoais, endereço de escola, e-mails, entre outras informações. Manter o computador numa área comum da casa é outro fator importante. Se encontrar material ofensivo e violento, explique as crianças e adolescentes o que vai fazer.


Outro caminho importante, além dos cuidados que devemos ter,  é a denúncia de atitudes e condutas ilegais. Existe por parte do poder governamental e não governamental, intuições tais como, conselhos tutelares, varas da infância e da juventude em sua cidade, delegacia de proteção a criança e adolescente, em alguns estados. As denúncias ainda podem ser feitas pela internet, nos sites:  SaferNet – https://new.safernet.org.br/denuncie/ ou através do Disque 100 discagem gratuita, de qualquer terminal telefônico fixo ou móvel (celular), recebe e encaminha denúncias de violações de direitos humanos  de crianças e adolescentes. No meu blog (https://telmabr.blogspot.com/) vocês podem  encontrar mais dicas para gerenciar interações, tempo de uso e privacidade de softwares  sociais, games, bem como, cartilhas educativas para prevenção de violência virtual e fake news. 

 

*Telma Brito Rocha é professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia e doutora em Educação (Ufba)

 

*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias