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Câncer de pulmão: rastreamento não deve se limitar apenas a fumantes

Por Larissa Abrahão

Câncer de pulmão: rastreamento não deve se limitar apenas a fumantes
Foto: Divulgação

O câncer de pulmão está entre as principais causas de morte por câncer no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1,8 milhão de óbitos são registrados anualmente em decorrência da doença. Embora o tabagismo seja reconhecido como o principal fator de risco — responsável por aproximadamente 80% a 90% dos casos —, evidências mostram que a doença também atinge pessoas que nunca fumaram, o que reforça a necessidade de ampliar o debate sobre rastreamento e diagnóstico precoce.

 

Dados do Registro de Câncer Hospitalar (RHC), referentes a pacientes com mais de 18 anos atendidos pelo SUS, indicam que, em determinadas faixas etárias, especialmente acima dos 65 anos, até 26% dos casos de câncer de pulmão ocorrem em não fumantes. Esses números evidenciam que o perfil de risco é mais amplo do que tradicionalmente se considera.

 

Além do tabagismo, diversos outros fatores estão associados ao desenvolvimento da doença. Entre eles estão a exposição ao gás radônio, o histórico familiar de câncer de pulmão, o tabagismo passivo — que pode elevar o risco em até 25% —, a poluição do ar, exposições ocupacionais a substâncias como asbesto e sílica, além de doenças pulmonares prévias, como a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e a fibrose pulmonar. Diante desse cenário, limitar o rastreamento apenas a fumantes pode significar a perda de oportunidades importantes de diagnóstico precoce.

 

O rastreamento do câncer de pulmão é feito por meio da tomografia computadorizada de tórax de baixa dose (TCBD), um exame indolor e com baixa exposição à radiação. As recomendações atuais indicam a realização anual do exame em fumantes ou ex-fumantes com idade entre 50 e 80 anos. Para pessoas que nunca fumaram, ainda não existem diretrizes que indiquem o rastreamento populacional de rotina.

 

No entanto, especialistas ressaltam que o rastreamento individualizado deve ser considerado em situações específicas, como em pessoas com 50 anos ou mais, forte histórico familiar de câncer de pulmão, exposição ocupacional intensa a agentes carcinogênicos, histórico de radioterapia torácica em doses significativas ou presença de doenças pulmonares estruturais importantes.

 

No Brasil, o diagnóstico precoce do câncer de pulmão ainda enfrenta desafios relevantes, como o acesso desigual aos exames e a alta prevalência de doenças pulmonares que podem gerar achados inespecíficos. Para avançar, é fundamental integrar estratégias de rastreamento às políticas de controle do tabagismo e investir na capacitação das equipes de saúde, ampliando o olhar sobre os diferentes perfis de risco da população.

 

*Dra. Larissa Abrahão é pneumologista do Centro Integrado do Tórax.

 

*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias