Home office: Flexibilidade ou prática que levará trabalhadores ao esgotamento mental?
No Brasil, cerca de 9,5 milhões de pessoas seguem trabalhando em formato home office, segundo dados do IBGE. Se por um lado é uma modalidade prática e cômoda, inclusive por otimizar a vida de quem tem dupla jornada, esse tipo de labor, sem os devidos cuidados e a longo prazo, pode gerar prejuízos ergonômicos e esgotamento mental aos funcionários.
Na Bahia, não é diferente. O home office consolidou-se no estado, refletindo uma transformação significativa nas relações laborais, sendo inclusive uma modalidade favorita por muitos trabalhadores. Esse crescimento exige que os empregadores adaptem suas políticas e estruturas para garantir condições adequadas de trabalho remoto. Isso porque, ao mesmo tempo em que é cômodo e prático, ele exige atenção extra das empresas. Os principais problemas estão ligados à ergonomia, muitas vezes provocados pelo mobiliário inadequado; e jornadas excessivas de trabalho, que podem gerar sérios agravos à saúde mental dos funcionários.
Em um cenário ideal, é fundamental que as empresas forneçam equipamentos apropriados, tais como: cadeira e mesa adequadas, computadores e acesso à internet de qualidade, além de estabelecerem diretrizes claras sobre jornada de trabalho e metas. A legislação brasileira, atualizada pela Reforma Trabalhista de 2017, já prevê o regime de teletrabalho, mas a implementação eficaz depende do comprometimento das organizações em respeitar e promover os direitos dos trabalhadores remotos.
Além das questões legais e estruturais, é importante enfatizar a necessidade dos empregadores considerem o bem-estar dos colaboradores em home office. A manutenção de uma comunicação eficiente, o incentivo à saúde mental e a promoção de um ambiente de trabalho equilibrado são essenciais para a produtividade e satisfação dos funcionários. Na Bahia, empresas diversas adotam ainda modelos híbridos, permitindo que os funcionários trabalhem em casa e no escritório, buscando equilibrar flexibilidade e interação presencial.
Ainda sobre a situação local, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) identificou que 326,2 mil baianos já estavam trabalhando em regime home office em dezembro de 2020 - o que já correspondia a 7% do total de ocupados no estado.
Dicas importantes:
* Certifique-se sobre a equipagem disponibilizada pela empresa, antes de formalizar contratos.
* Atente-se à jornada de trabalho. Muitas pessoas acabam trabalhando pelo menos uma hora a mais por dia, em home office, o que pode gerar desgaste físico e mental.
* Crie uma rotina de trabalho com horários regrados de entrada, descanso e saída – como se estivesse em um escritório.
* Crie um espaço em que possa atuar de maneira confortável e atenta às demandas.
* Tenha como hábito constante a realização do alongamento – evitando ficar muito tempo em uma mesma posição, evitando, assim, problemas por esforços repetitivos como a tendinite.
* Ao menor sinal de desconforto, desgaste físico ou emocional consulte o empregador e a área responsável pelas boas práticas de saúde do trabalho.
*Ana Paula Teixeira é médica do trabalho, escritora, palestrante e especialista em Saúde e Bem-estar
*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias
