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'Tragédia' da Ford impactou no recuo da indústria na Bahia, lamenta gerente da Fieb

Por Matheus Caldas

'Tragédia' da Ford impactou no recuo da indústria na Bahia, lamenta gerente da Fieb
Foto: Divulgação

Os números apresentados nesta terça-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que colocaram a Bahia com o maior recuo da produção industrial do país no primeiro trimestre de 2021 (leia mais aqui), são fruto da “tragédia” deixada pela saída da Ford, consumada em janeiro deste ano (relembre).

 

Esta é uma avaliação feita pelo gerente de estudos técnicos da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Ricardo Kawabe. “O fator determinante foi, sem dúvida, a Ford. Era o quinto maior setor da indústria baiana e desapareceu. Então, quando você zera a produção de um setor tão expressivo, não tem como o impacto não se refletir no agregado da indústria”, analisou, em entrevista ao Bahia Notícias.

 

De acordo com o levantamento feito pelo IBGE, o setor automotivo no estado apresentou, no comparativo entre os meses de março de 2020 e 2021, um índice de queda de -96,4%. Para Kawabe, isto é “apenas uma estatística”. “A gente sabe que vai zerar o setor na Bahia. Infelizmente, a gente vai ter que repetir essa explicação de que a indústria baiana está com médias abaixo da média brasil”, disse, destacando a média brasileira, que, mesmo com recuo de 2,4%, está acima da baiana que, nos últimos 12 meses, retrocedeu 17,9%.

 

Para ele, o estado foi o mais impactado no país com a saída da montadora e, por conta disto, os resultados da produção industrial foram tão negativos. “A operação da Ford era praticamente na Bahia. Sem falar que a indústria em São Paulo era mais diversificada. Nós perdemos uma operação que era a maior, e numa matriz industrial que é menor, com menos setores que a de São Paulo e fora do país”, opinou.

 

Ele também destacou a queda apresentada no setor de produção de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-36,6%). “É um setor que já tem dificuldades conhecidas de produção lá em Ilhéus, e o momento atual, que a gente percebe, no movimento do câmbio, o dólar subiu muito, e encarece a produção destes produtos. A alta nos preços obviamente afugenta o consumidor que está com a renda restrita com esse ambiente”, pontuou.

 

Para ele, para além destes dois setores, há um “contexto geral muito negativo”, gerado, principalmente, pela crise da pandemia da Covid-19. “Vários setores enfrentam dificuldades de oferta de insumos, e estes insumos, por estarem com uma oferta restrita, têm preços elevados. Isso gera impacto na inflação, que a gente tem tido aceleração. Alguns setores sofrem mais ou menos, mas o cenário geral para a indústria baiana é negativo como na maior parte do país, que sofre com uma economia fragilizada no meio de uma pandemia”, disse.

 

Apesar deste cenário, ele crê que, mesmo com a tendência de fechar o ano abaixo da média Brasil, a situação industrial na Bahia pode melhorar. 

 

SAÍDA DA FORD

Ao todo foram fechadas três plantas de produção no Brasil. Serão mantidos apenas o Centro de Desenvolvimento de Produtos, em Camaçari, que terá sua fábrica fechada, e o Campo de Provas e sua sede regional, ambos em São Paulo. Logo após a divulgação da notícia, o governador Rui Costa (PT) seguiu buscando soluções para amenizar os impactos econômicos (reveja aqui).

 

Em seguida, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) pressionou o Poder Público a reduzir o custo Brasil para evitar a debandada de outras empresas multinacionais (veja mais). A Fieb também lamentou a decisão da retirada das operações da Ford do Brasil e disse que foi uma "ducha de água fria" (veja aqui).

 

Até a Tesla surgiu como alternativa para ocupar o parque fabril de Camaçari. De acordo com a Fieb, a empresa chegou a ser uma das possibilidades (relembre aqui). Além dela, a compra da fábrica de Camaçari já despertou interesse de quatro marcas chinesas, que estariam interessadas em comprar a fábrica na Bahia (veja aqui). Contudo, ainda não houve nenhum avanço.

 

A montadora ainda ignorou um acerto feito com incentivos fiscais garantidos até 2025 pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, após encontro com o vice-governador do estado, João Leão (PP), e os senadores Otto Alencar (PSD) e Jaques Wagner (PT) (leia mais aqui). Na semana seguinte, o governador Rui Costa (PT) foi à Brasília para apresentar ao embaixador da China no país, Yang Wanming, o parque que a Ford ocupava em Camaçari, no intuito de conseguir investimentos (leia mais aqui).