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Ildazio Jr.: A cultura está de volta, agora com Margareth!

Por Ildazio Jr.

Ildazio Jr.: A cultura está de volta, agora com Margareth!
Foto: Reprodução / Instagram

Dando continuidade ao meu texto anterior, tinha dito que, com certeza, no Governo Lula o Ministério da Cultura (Minc) voltaria forte, com substância. E assim o Presidente fez, no meu crítico entender. E começou bem! 

 

Ao nomear uma mulher, negra, nordestina e artista para um cargo de tal relevância, Lula prova que possui uma grande angular como ninguém deste vasto Brasil e suas diferenças; que a cultura, nesse fragilizado momento, necessita de uma pessoa entranhada nela; que a Bahia, nesse sentido, sempre fez a diferença. Mais uma vez, um artista sobe a esse grande palco que foi tão vilipendiado, colocado na mão de crápulas, oligofrênicos, maldosos que de Cultura nunca tiveram nada em suas vidas – além de no máximo 15 min de fama em um folhetim televisivo juvenil de fim de tarde –, ou de fanáticos que até Goebels citaram. Mas isso é passado! 

 

Bom, conheci Maragareth pessoalmente em 1994, quando fizemos a segunda temporada da Ópera Lídia de Oxum e O Barão de Santo Amaro, em ritmo de superprodução para a reinauguração do Parque Metropolitano do Abaeté. Este evento muito me orgulhou, pois, além do fato de ser uma obra de meu pai que estava sendo performada para mais de 10 mil pessoas, ela era a protagonista, a Lídia sendo regida pelo grande Maestro Julio Medaglia – e ainda tendo Lazzo como par romântico, entre outros no elenco! De lá para cá, por conta de amigas em comum estarem empresarialmente ao seu lado, fizemos eventos. Além disso, como comunicador a entrevistei muitas vezes em todos os veículos que passei, o que muito me enaltece! 

 

A nossa baiana Ministra, além de uma pessoa protegida e iluminada pelos orixás, acumula uma vasta experiência artística, internacional inclusive. Na música, um sucesso que vai de turnê com David Byrne dos Talking Heads a Tribalistas, de Grammy a Dôdo e Osmar, e muitas mais. Muitas horas de bailes ao longo desses 40 anos de carreira: é voz fundamental no carnaval da Bahia, junto com sua turma fez muita coisa no sentido de produção cultural baiana de destaque e sempre com uma visão à frente do tempo, como o Bloco Os Mascarados, que foi o primeiro bloco de carnaval que repudiava o abadá, assumidamente diverso e que arrastava milhares dentro e fora das cordas. Isso tudo em um momento ainda muito machista e preconceituoso do Carnaval e do Brasil (este ainda muito, viu? Mas dando sinais de melhora).

 

Margareth aliou o social de maneira clara com a economia criativa cultural do seu Mercado Iaô, além de ser fundadora da ONG Associação Fábrica Cultural, uma organização social sem fins lucrativos que atua com cultura, educação e sustentabilidade na capital baiana. Ela ainda é embaixadora do Folclore e da Cultura Popular do Brasil pela IOV/UNESCO e foi reconhecida pelo Mipad 100, da ONU, em 2021, como uma das personalidades negras mais influentes do mundo. E, ainda por cima, foi agraciada com a letra de música mais difícil de todo o mundo do axé music: Faraó! 

 

Cara, imagina aí decorar aquela letra sem fim!? Mas ela o fez e se tornou, na sua estrondosa voz, um dos maiores sucesso de nosso cancioneiro carnavalesco. Apesar de ter sofrido muito por ser negra – e, sim, foi deixada de lado em detrimento de outras artistas baianas do segmento! Me responde aí: por que ela nunca fez a festa da virada no réveillon da Prefeitura de Salvador? Enfim... segue o baile. Pois penso que agora eles devem estar cogitando, rs... 

 

O que se esperar de uma grande artista quando alçada a um cargo desta magnitude é que ela leve tão a sério essa nova etapa de vida e trate até com mais zelo e responsabilidade com que tratou sempre sua carreira – e que percebe-se, pelo currículo, que o fez muito bem! Ser Ministra por merecimento é algo maravilhoso, mas se sustentar no cargo é outra coisa. E alguns fatores nessa arrancada e formação ajudam, principalmente o time a ser escolhido, suas competências, sinergia e sincronia serão a "chave do tamanho” para que Margareth repita com o mesmo sucesso, ou maior ainda, o que outro notório artista baiano fez por lá, dando outros rumos democráticos e corretos à Cultura brasileira. E detalhe: com o mesmo Presidente em exercício! 

 

À Ministra Margareth Menezes da Purificação, esta soteropolitana da Boa Viagem , filha de uma costureira e um motorista, desejo todo axé que os orixás possam dar, e que realize uma gestão de alto nível em prol da cultura, para o povo, e que invada esse país carente e cheio de tantas tradições com arte, sustentabilidade , educação e inclusão! 

 

Enquanto não nos reconhecermos como um país negro e feminino, dificilmente daremos certo.  Mas me parece que retomamos a direção! 

 

Parabéns, Maga! Quero te ver cantando na ONU!