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Opinião: Caetano vence em Camaçari, mas acirramento entre PT e União Brasil chega a linha tênue do aceitável

Por Fernando Duarte

Opinião: Caetano vence em Camaçari, mas acirramento entre PT e União Brasil chega a linha tênue do aceitável
Foto: William Rocha/ Divulgação

Não dá para dizer que deu o resultado esperado em Camaçari com a vitória de Caetano (PT) para o quarto mandato na prefeitura após uma disputa em dois turnos. No máximo, é possível afirmar que deu houve uma lógica eleitoral nas urnas, visto que era impossível prever quem sairia vitorioso, ainda que o petista tenha largado na frente no primeiro turno. Para a primeira experiência com uma eleição disputada em duas etapas, os eleitores camaçarienses resolveram levar a emoção até os últimos instantes.

 

A diferença de cerca de 2% mostra que o acirramento entre Caetano e Flávio, candidato derrotado do União Brasil, não era meramente discursivo. O próprio eleitorado ficou bem dividido ao se deparar com os dois modelos de gestão que se alternaram no poder ao longo de 20 anos. Era natural que, quem terminou à frente em 6 de outubro, permanecesse à frente neste domingo. Viradas nas urnas são extremamente raras e, talvez por isso, consigamos encontrar justificativas para a campanha do "tudo ou nada", vivida pelos apoiadores de Flávio, mas que encontrou total respaldo na base de Caetano.

 

A guerrilha dos últimos dias, inclusive, foi uma das mais constrangedoras do passado recente das campanhas na Bahia. Houve excessos de todos os lados, desde a vã associação de candidaturas a facções criminosas ao próprio uso do aparato estatal para constranger eleitores. Caso fosse este colunista um desavisado, questionaria todos os relatos divulgados por ambas as campanhas. Como alguém atento ao dia a dia da política, o questionamento virou dúvida constante - e praticamente insanável. E aí, em um Brasil cuja antipolítica ganha muito mais fôlego do que a política, fica a reflexão para os envolvidos.

 

A disputa em Camaçari funcionou como uma espécie de laboratório do embate entre PT e União Brasil para 2026 na cena baiana. Tanto que tanto Caetano quanto Flávio usaram os "grandes eleitores" que lhes cabiam. Houve até um esforço de nacionalização do debate, com Luiz Inácio Lula da Silva atacando Jair Bolsonaro e um falso evento do segundo em apoio ao candidato do União Brasil. Ou seja, o embate de Caetano e Flávio não foi para amadores, muito menos para novatos que achavam que o mundo é um mar de rosas.

 

O "cinturão 44" na Região Metropolitana de Salvador saiu desfalcado por uma das cerejas do bolo, o PIB de Camaçari. O resultado, obviamente, é favorável ao PT e serve como um rascunho do que o União Brasil deve enfrentar, caso deseje permanecer como antagonista do petismo na Bahia. Camaçari não necessariamente é um prenúncio do que está por vir daqui a dois anos. No entanto, é preciso ficar atento, pois a escalada de tensão e de guerrilha eleitoral mostrou que há sempre como tornar um processo democrático em algo traumático. Caetano venceu nas urnas e é isso que preciso ser respeitado, acima de tudo.