Fundadora do espaço Humanize fala sobre importância da psicoterapia no combate a ansiedade
Por Alexandre Brochado
A psicoterapeuta e fundadora do Humanize - Espaço Integral, Flávia Nunes, explica que um dos problemas ocasionados pela pandemia de Covid-19 foi o aumento de casos de pessoas com ansiedade. Em entrevista ao BN Hall, a especialista relatou como práticas de psicoterapia, yoga e meditação são alguns dos pilares para auxiliar os pacientes a enfrentar um momento de crise de ansiedade.
“Os problemas mais comuns que recebemos são pessoas que sofrem com o cotidiano, de amor, ansiedade, tristeza, luto, esgotamento, dificuldade nos relacionamentos... Então são os sofrimentos do cotidiano que, quando apertam muito as pessoas, fazem com que elas venham parar num consultório terapêutico. E aí algumas delas saem da crise, mas descobrem que fazer terapia é muito bom, que previne outras crises. Costumo dizer que terapia é para fazer com que vivamos mais leves, mais livres e mais felizes. Aqui dentro acontece a terapia que é a relação que promove o processo terapêutico que acontece lá fora. O processo terapêutico é a forma de viver de maneira mais consciente”, declarou Flávia.
Segundo a psicoterapeuta, o momento vivido atualmente é algo difícil, diante de pandemia, guerra, problema político e crise econômica. “A ansiedade é esse medo de um futuro incerto que eu posso antecipar de forma catastrófica [...]. Costumo dizer que a ansiedade é uma mensageira, e muitas vezes tratamos ela como um sintoma que queremos nos livrar. Mas, assim como uma febre que vem nos avisar que tem algo que não está legal no organismo, ela também vem para dar um recado”.
No espaço Humanize, os profissionais buscam ajudar os pacientes a escutarem a “mensagem” dada pela crise de ansiedade, conforme aponta Flávia, mas também auxiliando para que lidem com esses momentos de crise, pois muitos desses casos acabam resultando em idas ao hospital. A especialista informou que vários dos seus pacientes foram ao consultório após terem taquicardia e serem orientados por um médico que fizessem terapia como forma de tratar a ansiedade.
“Nós ajudamos a pessoa a dar um zoom, a olhar para a crise de ansiedade e não ser ela, e a partir disso ela vai se permitir passar pela crise sem aumentá-la. Porque quando você tem um pensamento antecipatório catastrófico, a crise de ansiedade vai aumentando. Se você simplesmente observa o que causa no seu corpo - como taquicardia e mãos frias -, com uma meditação, sem ampliar e sem evitar aquilo, você começa a mostrar ao seu corpo que consegue atravessar essa crise, que é uma onda que vem e vai. Nós treinamos isso com o paciente”, disse.
De acordo com a fundadora da Humanize, a ideia de construção do espaço é de um lugar que favoreça a saúde integral do indivíduo, trabalhando corpo, mente, alma e espírito, com atividades para cada dimensão. Além da psicoterapia, são oferecidas atividades como yoga, pilates, massoterapia, psiquiatria, psicopedagogia, reiki e outras opções.
Atualmente, Flávia atende pacientes de vários lugares do mundo, como Estados Unidos e Japão, brasileiros que ainda estão conectados à sua cultura e sentem a necessidade de serem consultados por alguém do seu país de origem. Nos seus atendimentos ela utiliza de técnicas de respiração. “Particularmente, sou praticante de yoga há 10 anos, então conheço os pranayamas [exercícios respiratórios], que são técnicas de respiração, e incluo na minha prática clínica também”.
Para a psicoterapeuta, a terapia possibilita que as pessoas se conheçam melhor e possam viver de maneira mais livre, sendo elas mesmas e podendo providenciar uma vida melhor.
“Terapia é para nos ajudar a nos conhecermos melhor e assim nos tornarmos mais livres, porque assim como dizia Jung (Carl G. Jung), o que eu não vejo me controla. Se eu não estou me dando conta do que está causando aquela ansiedade, ela fica ali e eu tomo remédio, aquele medicamento quimicamente vai baixar minha ansiedade, mas ela vai voltar. Por isso trabalhamos em parceria com a psiquiatria. Porque a química vai baixar a sua ansiedade, porém não vai resolver aquele problema se você não quiser se conhecer. Quando nos conhecemos e entendemos mais o que está acontecendo conosco, podemos ser nós mesmos”, afirmou.