Desafiando o balé clássico, bailarina baiana de 19 anos conquista bolsa no Canadá
Por Redação
A bailarina baiana Gabriella Assis, de 19 anos, foi selecionada para estudar na Victoria Academy of Ballet, no Canadá, onde participará de um programa internacional de três anos voltado à formação de jovens bailarinos para companhias profissionais. Aprovada em maio, ela aguarda a liberação do visto para iniciar as atividades.
Nascida em Salvador, Gabriella iniciou no balé aos três anos e construiu uma trajetória marcada por disciplina e dedicação. Formada em diferentes estilos, concluiu todos os exames da Royal Academy of Dance, método inglês reconhecido internacionalmente, e participou de festivais nacionais e internacionais.
Negra e com um corpo fora dos padrões clássicos, Gabriella busca ampliar a representatividade no balé. “Quero que meninas e meninos negros saibam que também há lugar para eles nos palcos”, afirmou. Segundo ela, o sonho é “representar a Bahia pelo mundo e abrir portas para quem vem depois de mim”.
A mãe, Mariane Assis, acompanha de perto a trajetória da filha e destacou o significado da conquista: “Estou ao lado de Gabriella em cada ensaio, cada prova e cada lágrima. Essa conquista não é só dela, é de todas as meninas que acreditam que podem estar em qualquer palco do mundo.”
O percurso até a bolsa foi marcado por desafios. Gabriella enfrentou resistência em audições, cobranças mais rigorosas e até negativas de visto para os Estados Unidos, mesmo após ser aprovada em programas internacionais. Agora, ela se prepara para iniciar um novo capítulo de sua carreira, levando a Bahia aos palcos canadenses.
Para a professora Juliana De Vecchi, da Ebateca Pituba, o esforço da aluna sempre foi notável: “Ela precisou se dedicar três vezes mais. Hoje inspira por ser uma bailarina preta que desafia padrões e mostra que há espaço para diferentes corpos na dança.”
O bailarino profissional Emerson Nascimento, um dos seus maiores incentivadores, reforça: “Quando conheci Gabi, vi aquela dedicação no olhar. Muitas meninas pretas podem trilhar esse caminho também. Quando uma consegue, todas conseguem.”
Políticas públicas também foram fundamentais. Para Raíssa Rocha, diretora da Ebateca Imbuí, o apoio do Estado é indispensável. “Só conseguimos transformar vidas com políticas culturais. Sem elas, não concretizamos sonhos.” Gabriella já conta com patrocínio da Secretaria de Cultura da Bahia, mas os recursos ainda não cobrem os três anos no Canadá, e ela faz apelo por novos parceiros.
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