Encerramento em alto nível: Brasil homenageado, parcerias criativas e uma polêmica no ar
Por Americo Neto, direto de Cannes
O quinto e último dia do Festival de Cannes Lions foi um verdadeiro turbilhão de emoções, aprendizados e também… polêmica. Teve de tudo: babado de bastidor, cases inspiradores de parceria duradoura entre marcas e agências, e uma celebração histórica ao Brasil, homenageado como Creative Country of the Year. O público recebeu até taças de prosecco para brindar o momento no Grand Théâtre Lumière — um reconhecimento simbólico, mas poderoso, da força criativa brasileira.
Entre os temas centrais do dia, destacaram-se as relações profundas e longevas entre clientes e agências. Em diversos painéis, vimos líderes de marketing exaltando como a confiança mútua e a continuidade transformam negócios. Foi o caso do CMO da Renault, que subiu ao palco ao lado da brasileira CMO da Heineken, reforçando como a criatividade – quando combinada com estratégia e consistência – eleva as marcas a um novo patamar.
Um dos exemplos mais comentados foi o case do Mercado Livre com a agência Gut São Paulo. Quando a parceria começou, há seis anos, o briefing era claro: “pode mudar tudo, menos o slogan.” Mas o tempo mostrou que até isso poderia ser repensado. O resultado? Uma campanha de impacto, inúmeros prêmios e uma marca entre as mais valiosas da América Latina.
Outro destaque foi o universo dos creators. Com o investimento em influenciadores crescendo mais de 20% ao ano, o festival trouxe dados e boas práticas para tornar essa comunicação ainda mais eficaz. Um dos aprendizados mais repetidos? A mensagem da marca precisa aparecer já nos três primeiros segundos do conteúdo — caso contrário, a audiência não espera.
Mas nem tudo foram aplausos. Uma polêmica ganhou força nos corredores e jantares do festival: a campanha da Consul, criada pela DM9 e vencedora do Grand Prix, teria sido produzida apenas para inscrição no festival, sem veiculação real. O caso gerou desconforto entre os profissionais presentes, e já repercute na imprensa especializada. Uma mancha lamentável justamente no ano em que o Brasil foi homenageado, reacendendo o debate sobre ética, responsabilidade e a credibilidade dos prêmios.
Apesar disso, o saldo é extremamente positivo. Cannes 2025 termina com a constatação de que a publicidade segue forte, vibrante e relevante. É uma indústria que movimenta bilhões, atrai as maiores marcas do mundo — de Amazon a Mercado Livre — e que está se reinventando com novas plataformas, campanhas sociais e narrativas fora do convencional.