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"Torto Arado" fura bolha e universaliza obra de Itamar Vieira Junior

Por Alexandre Brochado

"Torto Arado" fura bolha e universaliza obra de Itamar Vieira Junior
Foto: Renato Parada / Divulgação

Itamar Vieira Junior, escritor baiano, autor do premiado livro “Torto Arado”, tece narrativas que ecoam as influências da literatura brasileira que adquiriu durante sua trajetória desde a infância. Com a maestria de quem entrelaça a realidade e a ficção, ele convida o leitor para um mergulho na diversidade brasileira. Em conversa com o BN Hall, Itamar compartilhou a essência de seu processo criativo.

 

De acordo com o escritor, nascido em Salvador, a fusão entre memória e imaginação permeia toda a sua obra. “Toda a minha experiência atravessa aquilo que escrevo. Sempre tento me aproximar da realidade, mas não aquela realidade factual, como se estivesse fazendo a disciplina de história. É uma realidade que dá vez e voz à imaginação das pessoas”, explicou. 

 

“Torto Arado”, romance lançado em 2019, se tornou um best-seller e ganhou o prêmio Jabuti, a mais importante honraria literária do Brasil. Segundo o autor, no momento em que escrevia a obra, não havia passado pela sua cabeça a proporção que o livro tomaria. Itamar contou que na produção pensava nas pessoas que estavam à sua volta, como se tivesse contando uma história. 

 

“Nunca passou pela minha cabeça. Primeiro, porque vivemos em um país que não é propriamente um país leitor de literatura ficcional. Segundo, que é uma história do meio ficcional que sempre privilegiou as histórias do eixo Rio-São Paulo, pelo menos as das últimas décadas. Uma história que se passa no interior da Bahia, protagonizada por uma família negra de trabalhadores rurais, em um regime que lembra a escravidão, isso não passava pela minha cabeça que chegasse aos corações dos leitores, que ganhasse o sentido que ganhou. [...] Hoje, escrevo, em alguma medida, pensando nesses leitores que não conheci”, declarou. 

 

Para o baiano, é importante o contato com os seus leitores, pois é durante a leitura que o livro ganha vida. Ele enfatiza a influência do leitor na interpretação da obra, iluminando aspectos que o próprio autor pode não ter percebido ao escrever. Mas quando o assunto é o público  de outros países, que também adquiriu gosto pela obra, Itamar caracteriza as emoções das personagens como uma ponte entre culturas. 

 

“Escrever sobre a Bahia, sobre essas personagens, é de alguma forma escrever sobre algo que é familiar pra mim, essa é a minha ‘aldeia’. Acho que no fundo essas personagens não são diferentes de outras personagens de outros lugares do mundo. Os leitores se interessam pela experiência humana, e elas são capazes de transmitir isso independente do idioma no qual elas sejam lidas. Ainda assim as personagens são humanas, elas sofrem, sentem medo, se decepcionam, elas erram, têm coragem, ou seja, são sentimentos que são universais, atravessam todas as culturas, atravessam todos aqueles que têm capacidade de ler e interpretar essas histórias. Acho que só isso pode justificar a leitura desse livro, com uma história tão particular e específica, do interior da Bahia, tocar os leitores”, pontuou. 

 

O livro “Torto Arado” faz parte de uma trilogia que ganhou, no ano passado, seu segundo volume, “Salvar o Fogo”. Na obra, Itamar conta ao leitor uma história real do Brasil, apesar de utilizar da ficção para passar a sua mensagem. Tendo como cenário o interior da Bahia, temas como luta de classes, escassez, religião e cultura são retratados, dando voz a um povo silenciado. 

 

A história do primeiro livro criou um vínculo com seus leitores e está projetada para se tornar uma série na HBO Max, com produção do cineasta Heitor Dhalia. Questionado sobre como anda o processo do audiovisual, Itamar confessou que não está acompanhando e que irá assistir com a mesma curiosidade de um leitor. 

 

“Eu não participo, não sei nem em que pé anda, quando vai estrear, quem são as pessoas. Não participo do processo de adaptação. Até fui convidado, mas prefiro me ocupar com outras coisas, como escrever. [Seria um trabalho que] demandaria muita energia, muito tempo de mim. Estou sendo bem honesto, não sei em que pé anda, como estão as coisas”, afirmou. 

 

Aos nossos leitores do BN Hall, o escritor baiano deixou uma mensagem de incentivo à leitura: “Leiam, valorizem a cultura do nosso país. O Brasil é uma potência de histórias, de arte, e falando em particular de literatura, de estilo literário, que não deixa nada a dever a melhor literatura do mundo. Então, valorizem a literatura brasileira, comprem livros, peguem emprestado em bibliotecas, isso é importante até para fomentar aqueles que estão nessa estrada, escrevendo esse país.”

 

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