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Sob a 'benção' de Jorge Amado, Duvivier leva ao TCA espetáculo que une mitologia e memes

Por Alexandre Brochado

Sob a 'benção' de Jorge Amado, Duvivier leva ao TCA espetáculo que une mitologia e memes
Foto: Porta dos Fundos

O ator e humorista Gregório Duvivier está na capital baiana para apresentar o seu espetáculo “Sísifo”. Após dois anos longe dos palcos devido à pandemia, o artista se diz apaixonado pelo Teatro Castro Alves (TCA), em Salvador e comemora que “é uma delícia retornar”. 

 

“Estou feliz da vida de voltar para essa cidade, para esse público, estou com muita saudade mesmo”, declarou em entrevista ao BN Hall.

 

O monólogo, que começou a ser apresentado no TCA nesta sexta-feira (13) e segue até o domingo (15) - confira a programação aqui -, é inspirado no mito grego do homem que carrega diariamente sua pedra, morro acima, para vê-la rolar ladeira abaixo e começar tudo novamente. O texto, assinado por Gregório Duvivier e Vinícius Calderoni, conecta a mitologia ao caótico mundo hiperconectado e ao Brasil dos memes.

 

Segundo o humorista, assim como a internet, de modo geral, os memes são uma tecnologia, algo que pode ser tanto bom quanto ruim. “Às vezes nós achamos que uma tecnologia é boa ou má, mas ela é um veículo e pode ser usada para os fins mais diversos e sempre foi assim. O walkman, por exemplo, serviu para os artistas chegarem a lugares inusitados, você podia colocar o aparelho no bolso, viajar para o mundo todo, ouvir no ônibus, ouvir na escola, ouvir onde você quiser... Por outro lado foi o que fez o Aiatolá Khomeini fazer a revolução iraniana, porque através das fitas cassetes que ele enviava do exílio que as pessoas copiavam e faziam uma grande revolução fundamentalista que deu no que o Irã virou nos anos 1980 e 1990. A tecnologia pode servir para salvar vidas, alegrar existências ou matar muita gente e promover retrocesso, porque nem toda tecnologia vai criar revoluções benéficas. A tecnologia não é nada, o que importa é o que o ser humano fará com ela, e a internet e os memes são a mesma coisa”, apontou.

 

Para Gregório, nesse período digital, cada pessoa está na sua própria narrativa e elas ficam “mergulhadas nos seus smartphones”, às vezes não tendo acesso ao que está acontecendo no exterior, na sociedade ou no país. Ele destacou ainda que é importante que em alguns momentos se tire os olhos da tela do celular, e que o teatro é o espaço para que as pessoas não estejam, durante uma hora ou uma hora e meia, com os olhos no smartphone. 

 

Além do seu espetáculo, o artista atua em outros projetos paralelos, como Greg News, que está na sexta temporada, sua coluna na Folha de São Paulo e o seu trabalho no Porta dos Fundos, canal de humor que fará 10 anos em agosto. 

 

“Nesse ano vão ter várias comemorações, porque é raro um canal no Youtube [como o Porta dos Fundos] ficar tanto tempo nessa constância. Faz 10 anos que ele expõe três vídeos por semana no mínimo, então é muito vídeo. Estou muito feliz com esse ano cheio de comemorações. E vou ter uma filha também, esse é o projeto principal! Terei uma filha em julho chamada Celeste”, destacou.

 

Em meio a tantas comemorações e conquistas, Gregório também celebra uma carreira nacional consolidada através do humor, que ele classifica como a maneira de falar coisas que nem todo mundo consegue: “Tem portas que estão trancadas que são difíceis de entrar, portas que são tabus, como falar de morte, falar de injustiça, falar de solidão… coisas que são difíceis de falar porque são doloridas. E o humor, enquanto está todo mundo tentando passar por debaixo dessa porta que é o tabu, tenta passar por debaixo dessas frestas, ele passa pela fechadura das portas e isso faz com que consigamos abordar assuntos proibidos. E a política sempre foi um assunto querido. O humor sempre foi político. Aristófanes, da Grécia antiga, já tinha comédias muito politizadas, como 'Lisístrata', que é uma comédia antibélica e antimilitar, uma coisa espetacular que já faz 1500 anos. O humor sempre foi uma forma de ativismo”. 

 

Mas enquanto não está no palco, Gregório aproveita uma lista enorme de coisas para fazer em Salvador. E peli menos uma delas ele já tirou do papel: a visita à casa de Jorge Amado e Zélia Gattai. 

 

“A Casa do Rio Vermelho, que eu queria muito levar a minha filha. Aquela casa é a coisa mais linda, eu sou apaixonado pelo casal Jorge Amado e Zélia, e toda vez que venho a Salvador preciso ir lá pedir a benção, entrar um pouco naquele ambiente. Jorge, para mim, foi um dos maiores escritores romancistas brasileiros do Século XX. Eu fui lá e gosto muito. Ainda quero, claro, passear pelo Pelourinho, Santo Antônio, Rio Vermelho, dar um mergulho na praia, que é uma das coisas que faço quando venho". E a culinária, claro, também está incluída nesse roteiro. "A comida [baiana] eu sou apaixonado por tudo, de vatapá a caruru. Mas tem uma coisa que tem na Bahia que é difícil de encontrar que é o mungunzá, é algo que a gente não encontra no Rio de Janeiro”, admitiu.