Artigos
Direito e Sustentabilidade III
Multimídia
Ivanilson afirma que PV fará reavaliação de filiados e admite: “Servimos sim de barriga de aluguel”
Entrevistas
Diego Brito indica preocupação com frota e aponta “última milha” como desafio no trânsito de Salvador
vagas de medicina
Números da demografia médica, Censo dos Médicos 2025, indicaram que o estado da Bahia é o terceiro estado com a maior quantidade de cursos de medicina (37) e o terceiro estado com a maior quantidade de vagas de graduação em medicina (3.849) no Brasil, em 2024.
As vagas anuais de graduação no estado em medicina representam 7,9% das vagas ofertadas no Brasil. No ano passado também, a Bahia possuía 37 escolas de medicina. Segundo o documento, foi encontrada uma proporção de 25,92 vagas por 100.000 habitantes em território baiano.
Na lista de quantidade de cursos por unidade da federação no ano anterior lideram São Paulo (80 cursos) e Minas Gerais (45 cursos).
Já o Nordeste, foi a segunda região com mais vagas, sendo 13.750 vagas, correspondendo a 28,4% do total. Nacionalmente, o Brasil obteve a marca de 448 cursos de medicina autorizados até 2025.
De acordo com o censo de 2023 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC) foram listados 407 cursos que foram utilizados para a análise da concorrência. Já na análise dos mantenedores dos cursos (grupos educacionais privados, etc.), foram considerados 446 cursos de medicina. Já a quantidade de vagas totais distribuídas no país era de 48.680.
ENTIDADES PRIVADAS E PÚBLICAS
Ainda conforme o Censo dos Médicos 2025, a Bahia registrou mais vagas em faculdades privadas do que em públicas para o curso de medicina. Conforme o levantamento, as instituições privadas ofertavam 2.656 vagas de graduação em medicina, representando 69,1% do total de vagas no estado.
Já as instituições públicas alcançaram a marca de 1.193 vagas, correspondendo a 30,9% do total. Já no número de cursos, a Bahia possuía 24 cursos privados e 13 cursos públicos em 2024.
O estudo indicou que o estado reflete uma tendência nacional constatada nos últimos anos, que apontou no país, quase 80% do total de vagas de graduação. Em uma comparação dos 10 últimos anos, cerca de 91,5% das vagas preenchidas foram oriundas de alunos de entidades privadas. Na contramão, o ensino médio público obteve seu menor patamar histórico em 2024, representando cerca de 20,7% das vagas de graduação no país.
Após uma decisão polêmica, o Conselho Acadêmico de Ensino (CAE) da Universidade Federal da Bahia (UFBA) suspendeu por três anos a oferta de vagas no curso de Medicina para os alunos do Bacharelado Interdisciplinar (BI). A medida, que vale a partir de 2025, foi justificada pelo diretor da Faculdade de Medicina da Bahia (FMB), que alegou a necessidade de preservar a qualidade do ensino e os recursos da instituição.
Em nota divulgada pelo jornal Correio, o diretor da FMB ressaltou que a suspensão das vagas não afetará as políticas afirmativas da universidade, uma vez que as cotas para estudantes negros, indígenas e de baixa renda continuarão sendo garantidas. Contudo, os alunos da UFBA discordam.
Na nota, o diretor da faculdade, Dr. Antonio Alberto da Silva Lopes, alega que a decisão foi tomada em virtude do aumento significativo de processos judiciais:
"Gostaria que fosse observado que um grande problema que as vagas para o curso de Medicina via BI têm gerado é o número crescente de medidas judiciais, obrigando a UFBA a acolher um grande excesso de estudantes no curso de Medicina nos últimos quatro anos, sob pena de multa diária," destaca o diretor da FMB.
A decisão do CAE foi respondida com indagação pelos alunos dos Bacharelados Interdisciplinares (BIs) do Instituto Milton Santos; muitos se manifestaram com indignação contra a medida. Os estudantes de saúde já declararam sofrer com sérios problemas na disputa pelas vagas, como pressão excessiva e falta de garantias.
Em nota, o Instituto de Humanidades, Artes & Ciências (IHAC) da UFBA classificou a decisão como: "decisão precipitada sobre a retirada de Medicina pode comprometer não apenas o projeto pedagógico dos BIs, mas também conquistas importantes no campo das políticas afirmativas e da inclusão social na universidade."
O IHAC revelou ainda que vai recorrer à ação, “buscando ampliar o debate e encontrar alternativas que minimizem os impactos dos processos judiciais e os ingressos por judicialização no curso de Medicina, sem comprometer o projeto dos Bacharelados Interdisciplinares (BI).”
Além da posição institucional, docentes também se manifestaram. O professor Leandro Colling, do IHAC, em suas redes sociais, adjetivou a medida como ataque às políticas de cotas:
"Eles entram na Justiça com o argumento de que os cotistas usam novamente as cotas ao ir para Medicina. Ora, sabemos que a política de cotas nunca previu que a pessoa negra, por exemplo, pudesse usar as cotas apenas uma vez em sua vida! Tanto é verdade que a pessoa cotista pode usar o sistema de cotas na graduação e pós-graduação," declara o professor.
O Bahia Notícias procurou alguns estudantes do Instituto. Vários alunos relataram temer por represálias e pediram o anonimato. Alguns estudantes do BI toparam dar entrevista à nossa equipe.
Uma estudante do Bacharelado Interdisciplinar de Saúde do 1° semestre destaca que a medida representa uma ameaça à diversidade no curso:
"A decisão da suspensão da oferta das vagas de Medicina, destinadas ao processo seletivo interno de egresso do Bacharelado Interdisciplinar de Saúde, provoca uma redução da diversidade de estudantes que adentram a Faculdade de Medicina, tanto pelo perfil demográfico dos estudantes do BI quanto pelo perfil acadêmico," conta a aluna.
Em entrevista, a mesma estudante destaca que a decisão pode gerar uma alta quantidade de evasão universitária e que a proposta e o argumento dado pelo diretor da FMB não resolvem o problema:
"Além disso, essa decisão somente retarda o problema de superlotação da Faculdade de Medicina, pois não soluciona o problema em sua essência e abre o precedente para que outros cursos façam o mesmo," destaca a aluna.
Para além dos estudantes da área de saúde, uma aluna de 6° semestre de Ciência e Tecnologia, Ruana Melo, afirma que a decisão vai gerar um efeito cascata com o preconceito que esses alunos enfrentam na universidade:
"É de conhecimento comum que professores em diversos institutos falam abertamente sobre não gostar de dar aulas para pessoas do BI, seja de qualquer um dos quatro. Essa decisão levará a outras faculdades da universidade a tomarem essa mesma decisão, prejudicando os discentes do IHAC." declara a estudante.
Outra aluna do BI ligado à área de Humanidades, no seu 4° semestre, considera a decisão um "retrocesso sem tamanho", pois garante que, apesar das dificuldades, alunos pertencentes a minorias sociais conseguem ingressar em cursos disputados da universidade após muito trabalho.
Para uma aluna recém-egressa de Medicina e formada pelo BI de Saúde, a medida é um reflexo do elitismo da faculdade pública:
"Esse é um projeto. Cursos como Psicologia e Medicina são cursos extremamente elitistas. Você pode observar que nos outros BIs, como o de Humanidades, por exemplo, a galera é abraçada pelo curso de Direito. Mas é muito difícil manter um diálogo assertivo com a FMB, justamente porque é uma faculdade extremamente elitista e que não tem interesse que o pessoal dos Bacharelados Interdisciplinares esteja ali, ocupando esse espaço, principalmente porque sabemos qual é a cara do pessoal do BI em Saúde, e com certeza, a maioria não é branca," desabafa a estudante.
A reportagem do Bahia Notícias procurou a UFBA, que não se pronunciou sobre o assunto, já que segundo a assessoria de imprensa, que a medida está sendo discutida com uma possível atualização do caso em novembro.
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Capitão Alden
"Estamos preparados, estamos em guerra. Toda e qualquer eventual postura mais enérgica, estaremos prontos para estar revidando".
Disse o deputado federal Capitão Alden (PL) sobre possível retirada à força da obstrução dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Congresso Nacional.