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Algumas das principais variações da moqueca baiana podem se tornar um símbolo cultural reconhecido em Salvador. Um projeto protocolado na Câmara Municipal de Salvador (CMS) na última quinta-feira (25), quer reconhecer as moquecas de siri, mariscos e camarão como patrimônio cultural das comunidades pesqueiras da Baía de Todos os Santos.
O projeto foi sugerido pela vereadora Eliete Paraguassu (PSOL), que, em sua justificativa, ressalta que a moqueca baiana tradicional, feita com peixe, já é reconhecida como um patrimônio cultural e gastronômico do município e um dos pratos mais emblemáticos e representativos da cultura baiana.
“As Moquecas de Siri, Camarão e Mariscos são destacadas neste projeto por se tratarem de pratos típicos das comunidades pesqueiras tradicionais, que mantêm uma relação direta com o mar e especialmente os manguezais”, diz o projeto, que reforça a tradição afroíndigena na preparação da iguaria baiana.
O projeto de nº 430 2025 será publicado no Diário Oficial da Câmara de Vereadores nas próximas edições antes de ser encaminhado para a supervisão do Legislativo e, posteriormente, às comissões.
Recentemente, a moqueca baiana foi escolhida como um dos pratos de frutos do mar mais saborosos do mundo. Agora, para saber qual é a melhor versão oferecida em restaurantes baianos, a Secretaria de Turismo do Estado (Setur-BA) vai realizar o 1° Festival de Moqueca Baiana.

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O evento acontece em parceria com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, seção Bahia (Abrasel-BA) e terá alcance em todo o estado, com votação pela internet. Ao final do festival serão reunidos os 10 melhores pratos em uma festa gastronômica para a escolha do vencedor. O lançamento oficial ainda não tem data e local definidos.
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Depois de garantir a primeira vaga na final, ao lado de César e Lara, a chef baiana Luciana Berry venceu o reality gastronômico, na noite desta sexta-feira (3). Classificada pelos jurados Felipe Bronze, Ailin Aleixo e Emmanuel Bassoleil como uma cozinheira cheia de técnica, amplo repertório e foco, ela, que vive há mais de 15 anos em Londres (clique aqui e aqui e saiba mais sobre ela), se destacou dos outros concorrentes com um “Menu da Vida” repleto de referências à Bahia e memórias afetivas.
“É tão bonito te ver trabalhar, te ver cozinhar. Mulher de temperamento e presença muito forte, que fala o que pensa. Você fala na raça aqui na cozinha, mas também na casa. E a coisa gostosa é a mistura do seu sotaque baiano com inglês. Você traduziu em todos os pratos que você apresentou em toda essa temporada em coisas maravilhosas. Você tem um repertório internacional muito vasto, mas você nunca esqueceu de colocar o seu tom brasileiro nas receitas. Sua ousadia trouxe pratos impecáveis e emocionantes que fizeram até Ailin chorar, e não é fácil, é jogo duro pra ela chorar comendo o prato de alguém assim. E isso faz perceber o quanto você é exigente consigo mesma, mas com cobrança na medida certo. Essas cobranças te impulsionaram e te fizeram atingir o padrão de excelência pra chegar até aqui. Eu vou te dizer só: parabéns, Lu, merci!”, discursou o chef francês Emmanuel Bassoleil, sobre a concorrente baiana, antes de anunciar sua vitória.
Além do profissionalismo e de explorar suas raízes, ela lançou de mão de muita ousadia para surpreender os avaliadores e garantir o troféu e o prêmio de R$ 300 mil, com o menu que chamou de “O Brasil Pelos Meus Olhos”. De entrada, Luciana apresentou um “simples” pãozinho de queijo, prato que costuma agradar ao filho de 9 anos, Rafael. O quitute, assim como o carpaccio de chuchu com azeite trufado e trufas negras, surpreendeu os jurados e agradou em cheio. “O segundo prato foi o chuchu, porque eu gosto de pegar essas coisas bem simples, como falei. Como eu falei, eu peguei o chuchu, coloquei uma maquiagem cara e levei pra balada! Eu acho importante a gente, chefs, mostrar o valor dos nossos ingredientes e tentar fazer isso em alta gastronomia. Porque é fácil fazer comida gostosa com ingredientes caros, mas nem todo mundo tem ingrediente caro em casa, então é muito mais democrático, muito mais bonito mostrar esse Brasil”, avalia a baiana, que teve na mãe, a quem chama de “melhor cozinheira do universo” como grande exemplo.
Completando o menu, Luciana Berry imprimiu sua assinatura em um ballotine de abará com vatapá caranguejo e vinagrete, lamentando a ausência da folha de bananeira para respeitar as tradições. “Eu sou louca por abará e sempre falo que a dúvida maior do baiano é comer abará ou acarajé. Eu falei: 'gente, mas ninguém conhece muito o abará e é uma delícia', então decidi botar o abará pra ficar famoso!”, lembra. “Eu fiz um ballotine de abará, eu falei falei pra eles que geralmente a gente cozinha com a folha de bananeira, só que lá não tinha, então eu falei: 'quer saber de uma? Eu vou fazer um ballotine, porque eu preferi ousar e fazer, do que não mostrar a Bahia”, acrescenta a chef, que ainda brincou sobre como a “gourmetizada” seria recebida em sua terra natal. “Não sei se mostrou nessa hora, mas eu falei: 'gente, eu vou fazer um ballotine de abará e não sei nem se eu volto mais pra Bahia ou se o povo vai me querer' (risos)”, provocou.

Ballotine de abará surpreendeu os jurados | Foto: TV Record
Ainda lembrando de suas origens, Luciana fez também uma moqueca de carne seca com camarão e arroz, inspirada no avô. “Ele levava a boiada de Conquista a Salvador, ficava semanas na estrada e só comia carne seca. E quando ele chegava em Salvador ele queria logo uma moqueca, então eu fiz 'Quando o Sertão Encontra o Mar'. Eu fiz em homenagem ao meu avô, porque ele amava esse prato”, conta a soteropolitana que cresceu em Vitória da Conquista e vive há mais de 15 anos em Londres, no Reino Unido.
Para finalizar, do jeito que baiano gosta, ela buscou referência em uma memória de infância: o picolé Capelinha, que virou bolo de amendoim com sorvete de coco e maracujá. “Eu falei na hora picolé no isopor, porque não podia falar marca, mas era o picolé Capelinha, que eu amo!”, conta Luciana, sobre a explicação que deu no programa, omitindo a marca tão conhecida em Salvador. Para a sobremesa, ela lembrou o dia em que acabou tendo sua grande epifania, na Praia da Terceira Ponte, quando driblou a supervisão da mãe, que orientava as filhas a tomar picolé apenas de fruta. “Eu amo picolé de amendoim, mas ela não deixava a gente comer muito porque na praia é muito quente, então ela falava 'coma só fruta'. Mas teve um dia que eu peguei um de amendoim escondido e minha irmã pegou o de côco. Eu fui comer o meu e achei salgado, ai o vendedor disse que a mãe dele que fez e deve ter comprado o amendoim salgado pra fazer o picolé. Mas eu adorei o picolé salgado, comi todo, mas lembro que falei 'oh, Lena [sua irmã], me dê um pedaço do seu aí de côco'. E na hora que eu provei aquilo fez sentido pra mim”, lembra.

A sobremesa foi inspirada no velho picolé Capelinha e de uma epifania da infância | Foto: TV Record
Veja o anúncio da vitória de Luciana:
Radicada há mais de 30 anos na Dinamarca, a baiana Jacira Mariete Berlowicz conquistou o carinho e ganhou projeção no país onde vive, após participar do “Med Kniven for Struben”, versão local do programa “Kitchen Nightmares”, que no Brasil chegou como “Pesadelo na Cozinha”. Mas antes da exposição na TV, a história de Jacira começou em Salvador. “Nasci no Alto do Peru e me criei na Lapinha”, conta a cozinheira, que se mudou para a Europa após casar-se com o dinamarquês Robert, a quem conheceu quando ainda vivia no Brasil. Foi ele quem buscou a produção do programa, para que a equipe desse uma ajuda ao restaurante “O Tempo”, comandado por Jacira há três anos, em Charlottenlund. “Primeiro fiquei zangada com o meu marido e depois eles foram fazer uma entrevista para saber se iriam me chamar ou não, eles foram bem simpáticos”, lembra ela. “Passei por mais de 10 cozinhas e abri o restaurante em 2014. A dificuldade era falta de clientes nos dias úteis da semana e não ter grana para fazer propaganda”, conta a baiana. “O desafio foi e continua sendo arriscado porque aqui se paga muitos impostos, tenho uma dívida grande no banco, mas espero melhorar logo, logo”, acrescenta.

Thomas Castberg conheceu o restaurante de Jacira e deu conselhos à cozinheira e empresária baiana | Foto: Reprodução / Med Kniven for Struben
“A brasileira Jacira conduziu seu pequeno restaurante, O Tempo, por três anos. E nos três anos ela não recebeu nenhum salário. A questão é se Thomas [chef e apresentador Thomas Castberg] pode salvar o restaurante em apenas cinco dias”, diz o texto promocional do quarto episódio da sexta temporada do “Med Kniven for Struben”. Os dias de intervenção, assim como a exposição na TV, acabaram sendo vantajosos para o empreendimento. “Eles já mostraram o programa sete vezes e os clientes dizem que viram o programa e acharam muito positivo”, conta Jacira, que hoje comemora o crescimento da clientela, formada em sua maioria por dinamarqueses, italianos, portugueses e também pela comunidade brasileira. “Aumentou muito, espero que possa ganhar o meu salário logo”, diz Jacira, revelando que grande parte dos lucros vão para cobrir despesas e impostos.

Restaurante "O Tempo" ganhou pintura especial da equipe do “Med Kniven for Struben” | Foto: Arquivo Pessoal
Dentre as melhorias executadas pelo programa estão a mudança gráfica do cardápio, para uma folha rústica; uma nova pintura nas paredes e a retirada de toalhas bordadas. “Eles queriam uma atmosfera mais rústica”, explica a cozinheira. Já o menu, que prestigia a culinária brasileira e afro-brasileira, com pratos como vatapá, moqueca, churrasco e rabada, foi muito bem avaliado. “Ele [Thomas Castberg] gostou muito da minha comida e do jeito que eu trabalho”, lembra a cozinheira, que diz sentir falta de casa. “Tenho muitas saudades e quando a economia permite vou sempre ao Brasil. Acho que no próximo ano estarei aí”, conta Jacira, que pretende aproveitar a visita não só para rever os entes queridos, mas também para fazer negócios, buscando fornecedores de alguns ingredientes bem específicos. “Talvez ver se consigo fazer acordo com algumas firmas para comprar farinha, carne seca etc. Eu acho quase tudo, menos carne seca, aqui um litro custa R$ 25”, explica.
Nascida em Maringá (PR) e vivendo há 17 anos em Madrid, ao lado do marido espanhol e três filhos, a empresária Silene da Rocha (43) tem se destacado na quinta edição do Masterchef Espanha. Com um camarão na moranga, ela conquistou o paladar dos jurados e garantiu uma das 16 vagas da disputada cozinha, onde tem trabalhado com desenvoltura também no preparo de pratos tradicionais da culinária local. Mas, apesar de ter se encaixado muito bem entre os fogões do país europeu, a trajetória da brasileira foi marcada pelas dificuldades comuns aos imigrantes. “Cheguei em 2000, com uma mão na frente e outra atrás e uma maletinha com 400 dólares de economia, para buscar a vida. Comecei limpando casas, sendo babá, trabalhei em restaurantes, fui recepcionista em clínica médica e depois montei minha própria clínica de tratamento a laser de depilação”, lembra ela, que permaneceu ilegalmente no país por cerca de três anos.

A brasileira conquistou um dos 16 disputados aventais do Masterchef Espanha 5 | Foto: Divulgação
A aproximação com a gastronomia veio após a maternidade. “Eu passei a me preocupar com a alimentação deles. Eu queria um pão bom, natural, sem conservantes, então comecei a fazer em minha própria casa, lembrando um pouco da minha origem, dos bolos da minha vó, da minha mãe. Eu sempre fui fã da cozinha, mas desde que cheguei aqui não pude parar para pensar no que mais gostava de fazer, porque estava atrás de uma vida melhor”, conta Silene. Depois de resgatar, nas raízes mineiras e baianas, as receitas de seu empreendimento caseiro, com o apoio dos amigos, ela decidiu se aperfeiçoar. “Fiz curso de padeira mesmo, aprendi muitas técnicas, mas tudo de pão industrial. Fiz um curso também de confeitaria e um estágio na melhor padaria de Madri por três meses”, conta a brasileira, que, após se preparar, decidiu montar a padaria "A Masa". Seu empreendimento fica em Majarahonda, uma cidade próxima à capital espanhola, rodeada pela natureza e pequenas fazendas, de onde ela adquire a matéria-prima para seus bolos de milho, laranja e cenoura, além do seu pão de queijo. "A gente fez um projeto empreendedor da mulher trabalhadora, que busca seu espaço, conciliando com a família e preocupada com o planeta. Estamos na busca da economia sustentável, ao lado dos pequenos agricultores", explica.

Silene toca seu empreendimento em Majarahonda, próximo a Madrid | Foto: Arquivo Pessoal
A história com o reallity gastronômico começou há muitos anos. "Desde a primeira edição que uma amiga me falava: 'Você cozinha tão bem. É muito boa a sua moqueca, seu frango com farofa! Você devia se inscrever'. Só que com as crianças pequenas era difícil. Mas agora, com o menor com três anos, eu decidi me lançar", revela a cozinheira. Após tomar coragem e, com o objetivo de desmistificar os estereótipos sobre o Brasil e mostrar ao povo espanhol a "brasileira porreta", Silene entrou nos estúdios da rede de TV El 1 e apresentou seu trabalho, mostrando ao público e aos chefs espanhóis pratos baianos como moqueca de peixe, bobó de camarão, além de incluir em outras receitas ingredientes como leite de coco e pimentas. "Eu pus meu pano na cabeça e fui pra lá. Passei muitas seleções, consegui entrar e foi uma grande experiência", conta ela, que agora já está de volta ao lar, mas destacou a parte amarga da batalha: o tempo longe da família.
Até onde foi a jornada da brasileira no Masterchef Espanha ainda é uma surpresa, já que foram exibidos apenas quatro episódios, apesar de as gravações já terem sido encerradas. Independente do lugar no podium que tenha alcançado na competição, Silene não pretende mais parar a sua jornada na cozinha. "Eu gostei muito, minha projeção é seguir trabalhando na padaria, ampliar a linha de doces, mostrar pro povo o que são as maravilhas que a gente sabe. No programa usei muito leite de coco, mostrei muito a cozinha baiana, mostrei muito as minhas origens, a nossa essência", revela a paranaense, que quer também gravar um canal sobre culinária com fusões entre a gastronomia espanhola e a brasileira de Norte a Sul.

Além de pratos espanhóis, Silene apresentou também sabores típicos do Brasil | Foto: Divulgação
Ainda há muito trabalho pela frente, mas para o descanso ela já tem um destino certo: a Bahia. "Todos os anos vou ao Brasil. Teve alguns, num melhor momento, que eu ia mais vezes, dependendo do trabalho. Mas sempre vou visitar a família no Sul, em Maringá. E nas férias em agosto eu sempre vou para a Bahia, em especial à península de Maraú. Eu passo pelo Pelourinho, adoro, sinto as raízes africanas vibrando dentro de mim", afirma Silene, que arremata: "No futuro eu quero voltar a viver no Brasil. E na Bahia!".
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Hugo Motta
"Eu não vou fazer pré-julgamento. Não sei ainda a motivação nem qual foi a busca. Apenas recebi a ligação do diretor-geral da Polícia Federal. Pelo que me foi dito, parece ser uma investigação sobre questão de gabinete, mas não sei a fundo e, por isso, não quero fazer pré-julgamento".
Disse o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB) ao afirmar que o Judiciário “está cumprindo o seu papel” ao autorizar operações contra parlamentares. A declaração foi feita após a deflagração de uma ação da Polícia Federal que teve como alvos o líder do PL na Casa, Sóstenes Cavalcante (RJ), e o deputado Carlos Jordy (PL-RJ).