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labio leporino
A procura pela cirurgia de labioplastia unilateral, procedimento realizado para a correção e/ou minimização dos dados da fissura labiopalatina — uma malformação congênita conhecida como lábio leporino —, cresceu 40% em Salvador nos últimos três anos. Segundo dados obtidos pelo Bahia Notícias junto a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), de 2022 a 2025, foram realizados 160 procedimentos na rede municipal.
Em 2022, foram realizados 42 cirurgias em pacientes com idades entre três meses a 5 anos de idade. Em 2023, o número chegou a 54 procedimentos realizados, entre meninos e meninas. No ano seguinte, em 2024, o aumento foi de 17 procedimentos em comparação a 2022, o equivalente a +40,4%. Até o momento, foram registrados 5 procedimentos em 2025.
Montagem: Eduarda Pinto / Bahia Notícias
A realização do procedimento na rede pública municipal ocorreu antes mesmo da oferta no Sistema Único de Saúde (SUS). O decreto que nacionalizou a obrigatoriedade do serviço nacionalmente só foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) no dia 7 de maio deste ano.
A medida do SUS garante ainda que a rede pública de saúde de todo país deve prestar tratamento pós-cirúrgico aos pacientes, incluindo atendimentos especializados como a reeducação oral, para melhorar a fala e os movimentos dos lábios, além de cobrir outros possíveis custos como aparelhos para os dentes e acompanhamento psicológico ao paciente.
O Bahia Notícias entrou em contato com a Secretaria Estadual de Saúde (Sesab) em busca de informações sobre a possível realização do procedimento na rede estadual de saúde. A organização informou, por sua vez, que não havia registros do procedimento antes do decreto do Ministério da Saúde, junto ao Sistema Único de Saúde (SUS).
QUEM SÃO OS PACIENTES
Considerando que o lábio leporino é uma malformação identificada ainda no pré-natal, os principais pacientes são crianças de até cinco anos, idade em que o tratamento é mais recomendado.
Os números obtidos pelo BN junto a SMS apontam que os procedimentos realizados em Salvador atenderam especialmente meninos (85), mas, entre 2022 e 2024, houve um crescimento importante entre as pacientes femininas (75). O perfil étnico-racial dos pacientes não foi divulgado.
Em 2022, a cirurgia foi realizada em 26 crianças do sexo masculino e 16 do sexo feminino. No ano seguinte, os dados se equilibram, são 27 cirurgias registradas em cada um dos dois grupos; e em 2024, as meninas foram 30 das 59 pacientes atendidos no ano. Em 2025, foram registrados três cirurgias em meninos e 2 em meninas.
Montagem: Eduarda Pinto / Bahia Notícias
A fissura pode acometer o lábio, o palato (céu da boca), ou ambos. Segundo informações da Biblioteca Virtual do Ministério da Saúde, “essas aberturas resultam do desenvolvimento incompleto do lábio e/ou do palato, enquanto o bebê está se formando, antes de nascer". "O lábio e o céu da boca desenvolvem-se separadamente durante os três primeiros meses de gestação”. E a motivação é incerta, podendo ocorrer em decorrência de uma pré-disposição genética, ou seja, uma herança familiar; ou as chamadas causas ambientais, quando a malformação está relacionada estritamente a gestação, sem causas definidas.
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da University College London, do Reino Unido, demonstraram em modelo animal que o lábio leporino é decorrente da associação de dois fatores: um genético e outro associado à ocorrência de inflamação durante a gravidez – no período de formação e desenvolvimento do embrião.
Em artigo publicado na revista Nature Communications, o grupo descreve como a relação gene-ambiente pode provocar a malformação craniofacial. O estudo foi conduzido no Centro de Estudos do Genoma Humano e de Células-Tronco (CEGH-CEL), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP sediado no Instituto de Biociências (IB-USP).
“Nosso grupo acompanha famílias com casos de lábio leporino há anos e havia a suspeita de que, para que ocorresse a malformação, seria necessário um componente ambiental, além do genético. Pois, ao fazer o sequenciamento genético dessas pessoas, vimos que, apesar de muitas delas terem a mutação no gene CDH1, uma parcela importante não apresentava a malformação. Faltava uma peça que explicasse por completo o que levava à ocorrência do lábio leporino”, conta Maria Rita Passos-Bueno, pesquisadora do CEGH-CEL que coordenou a pesquisa.
De acordo com Passos-Bueno, outro elemento que reforça a hipótese é que, entre as pessoas acompanhadas, se observa uma variação grande em relação à gravidade das fissuras. “Pessoas com a mesma mutação genética podem não ter lábio leporino, apresentar apenas uma abertura no lábio ou no céu da boca, ou ainda ter o lábio e o céu da boca afetados”, conta.
Na busca pela peça que faltava para montar o quebra-cabeça, os pesquisadores passaram a investigar algum fator ambiental que pudesse contribuir com o processo de malformação.
"Dados da população com lábio leporino mostram que obesidade, diabetes e outras situações pró-inflamatórias, como infecção materna [episódios de febre durante a gestação], são fatores de risco para a criança nascer com fissuras. Mas precisávamos mostrar como essa relação se dava. Os resultados do nosso estudo mostraram que moléculas inflamatórias denominadas citocinas [secretadas por células do sistema imune] induzem uma hipermetilação do gene CDH1 [modificação bioquímica que altera o padrão de expressão do gene]", diz Passos-Bueno.
É o fenômeno que os cientistas chamam de epigenética, ou seja, modificações bioquímicas nas células ocasionadas por estímulos ambientais (no caso a inflamação) que promovem a ativação ou o silenciamento de genes sem provocar mudanças no genoma (mutações).
Outro objetivo futuro da equipe é entender quais estados pró-inflamatórios durante a gestação, associados à constituição genética do embrião, são suficientes para ocasionar o lábio leporino. Esse conhecimento, na avaliação de Passos-Bueno, poderá orientar ações capazes de prevenir a malformação.
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Capitão Alden
"Estamos preparados, estamos em guerra. Toda e qualquer eventual postura mais enérgica, estaremos prontos para estar revidando".
Disse o deputado federal Capitão Alden (PL) sobre possível retirada à força da obstrução dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Congresso Nacional.