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intersexo
Um termo não tão discutido ganhou uma maior atenção e passou a ser debatido amplamente no Brasil, no início de março. Isso porque, a jornalista pernambucana Céu Albuquerque, se tornou a primeira pessoa do país a conseguir o registro como intersexo na certidão de nascimento.
O registro reconhecido pela Associação Brasileira Intersexo (Abrai), chega após a Organização Mundial da Saúde (OMS), informar que em todo o mundo 1,7% da população é considera pela intersexualidade. Diante de um tema que muitas pessoas ainda não conhecem e sabem a definição, a reportagem do Bahia Notícias entrevistou o médico urologista especializado em reconstrução genital, Ubirajara Barroso, para esclarecer o que é intersexo e desmestificar a condição.
O conceito intersexo antigamente era conhecido como “hermafrodita”. No entanto, a palavra ficou em desuso por ser considerada pejorativa e também pela diferença que existe entre os dois quesitos. Segundo o especialista, o termo trata de uma condição biológica de pessoas que têm variações corporais nas características sexuais inatas.
“Intersexo é uma condição biológica, portanto de nascença quando há alguma inconformidade entre como se apresentam as gônadas, o aspecto físico e o cromossoma. As gônadas são a parte do corpo que produzem estrogênio e testosterona, seja ovário na mulher ou testículo nos homens”, disse.
De acordo com Ubirajara, essas variações estão relacionadas a características sexuais, que não se enquadram nas normas médicas e sociais para corpos femininos ou masculinos.
“Fisicamente seria o aparelho genital externo. Na maior parte das vezes existe uma mistura das duas genitálias. Por exemplo, um aspecto de uma vagina que deveria ser formado por grandes lábios, acaba sendo formado por um falo, parecido com pênis, que tem glande,que tem o prepúcio. Muitas vezes nesses casos têm ausência do canal vaginal e com um aspecto um pouco mais parecido com pênis do que com uma vagina. Em um tempo atrás era chamado de ambiguidade genital, ou seja, uma uma característica para os dois órgãos genitais em um só”, explicou.
O médico pontuou que essas alterações nas pessoas podem ser hormonais, genitais ambíguos e apresentar outras diferenças anatômicas, ou ainda nascer com códigos genéticos diferentes do padrão. Em alguns casos, o corpo pode ser fisicamente feminino, mas o seu código genético ser XY (X é o cromossomo feminino e Y é o masculino). A alteração segundo o especialista pode influenciar a produção de hormônios.
Outro ponto alertado é sobre a identidade gênero. Independentemente da condição genética, cada pessoa terá a própria identidade de gênero.
“Intersexo é um guarda-chuva enorme de situações que são colocados no mesmo patamar apenas para facilitar uma definição, mas que cada condição é diferente da outra. Então a maior parte das pessoas que nascem com essa alteração do desenvolvimento sexual são pessoas que vão se ver como homens ou como mulheres e que uma pequena porção, principalmente aqueles que têm um diagnóstico mais tardio e que não não são tratados precocemente com hormônios, são pessoas que no futuro podem não se encaixar no gênero masculino ou no gênero feminino. Por isso que o acompanhamento médico e familiar é importantes, afirmou Ubirajara.
Outro exemplo de intersexualidade é a regressão testicular, hiperplasia adrenal congênita, síndrome de Klinefelter; síndrome de Turner; síndrome de Rokitansky, entre outras.
Entre as cirurgias e procedimentos de “reconstrução genital” mais comumente usadas estão labioplastias, vaginoplastias, gonadectomias (remoção de ovários ou testículos), “reparos” de hipospádias (abertura anormal da uretra), faloplastias e outras formas de cirurgias de aumento peniano, além de tratamento hormonal.
“Lá na Universidade Federal da Bahia nós atendemos gratuitamente mais de 500 crianças registradas com esse tipo de alteração. Todas as quintas-feiras discutimos os casos e temos inúmeros trabalhos publicados com técnica cirúrgicas autorais que são usadas ao redor do mundo”, indicou o especialista.
A jornalista Céu Albuquerque, natural de Pernambuco, se tornou a primeira pessoa do Brasil a conseguir o registro como intersexo na certidão de nascimento.
A mudança aconteceu após quase três anos da solicitação feita por Céu. A ativista pelos direitos da pessoa intersexo entrou com o pedido em julho de 2021 e recebeu a aprovação no último dia 7 de março. O marco foi reconhecido pela Abrai, Associação Brasileira Intersexo.
Céu foi registrada inicialmente como sendo do sexo feminino. Portadora da hierplasia adrenal congênita, isto é, quando uma condição genética interfere no desenvolvimento sexual e consequentemente na formação da genitália externa, a ativista entrou na Justiça em busca dos direitos. Quando criança, a jornalista chegou a ser submetida a uma cirurgia de redesignção sexual.
Aos 32 anos, e auxiliada pela Defensoria Pública do Estado de Pernambuco, a ativista celebra o feito. "Pessoas intersexo existem desde o início da humanidade. Está em todas as espécies. Quando a gente vê em pleno 2024 a gente ter o primeiro registro no Brasil, dá a sensação de avanço e de atraso. Isso deveria ser natural", disse em entrevista ao UOL.
Além do registro de sexo, a jornalista mudou o nome na certidão de nascimento e agora segue os trâmites para adequação de todos os documentos.
Karen Bachini publicou um vídeo em seu canal no YouTube nesta terça-feira (21), afirmando ser intersexo. Conhecida na plataforma pelas suas análises e tutoriais sobre maquiagem, a youtuber revelou que procurou exames antigos para checar a possibilidade.
“Demorou alguns meses para eu tomar uma curiosidade para saber se eu era mesmo ou não uma pessoa intersexo. Não me parecia ser verdade. É uma coisa que você precisa entender, aceitar e buscar a sua história”, disse.
O termo hermafrodita já foi usado para pessoas intersexo, mas caiu em desuso. Intersexo são pessoas com características sexuais – incluindo genitais, padrões cromossômicos e glândulas, como testículos e ovários, que não se encaixam nas noções binárias típicas de corpos masculinos ou femininos.
“Eu sou pseudo-hermafrodita feminina, onde tenho as genitais e os órgãos internos, mas não possuo qualquer tipo de hormônio", detalhou Karen.
A youtuber ainda contou que procurou ajuda médica quando tinha 18 anos, porque tinha o ovário muito pequeno e não tinha glândula mamária.
"Naquela época foi me dito que eu tinha menstruado em alguma parte da minha vida e entrei na menopausa. Mas eu sempre achei isso muito estranho porque, se eu tivesse menstruado, eu saberia", disse.
“Eu sempre tive todas essas dúvidas. E eu pensava: 'e se eu tomasse o hormônio masculino, o que vai acontecer comigo?'. Essas respostas eu nunca pude ter, porque naquela época ninguém sabia o que estava acontecendo”, continuou.
A influenciadora disse que chegou a parar de tomar hormônios femininos por um tempo, mas logo retomou a hormonização.
“Quando eu voltei com os hormônios femininos, eu voltei com as características femininas. Mas eu ter as características femininas, depende somente de eu tomar os hormônios femininos. Se eu paro de tomar, eu perco essas características.”
Veja o vídeo completo:
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Capitão Alden
"Estamos preparados, estamos em guerra. Toda e qualquer eventual postura mais enérgica, estaremos prontos para estar revidando".
Disse o deputado federal Capitão Alden (PL) sobre possível retirada à força da obstrução dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Congresso Nacional.