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O Vitória sempre foi reconhecido como um dos clubes mais formadores do futebol brasileiro, responsável por revelar nomes como Dida, Vampeta, Hulk, David Luiz e Rodrigo Chagas, atletas que marcaram época e chegaram ao cenário mundial. Mas, para o gerente da base rubro-negra, Ricardo Amadeu, é preciso que os jovens talentos que hoje vestem a camisa do Leão conheçam e valorizem essa história.
Em entrevista ao episódio #75 do BN na Bola, na última terça-feira (30), Amadeu revelou que tem trabalhado em conjunto com os setores social e psicológico do clube para criar uma cultura de reconhecimento dos ídolos.
"Estamos criando um movimento de identidade, de cultura interna e externa. É fundamental que os meninos saibam quem são essas figuras que abriram caminho. Vou dar um exemplo: se você chega hoje no sub-15 e pergunta quem é Rodrigo Chagas, um dos maiores laterais da história do Vitória, muitos passam do lado dele sem saber. Estamos desenvolvendo atividades para mudar isso", explicou.
Amadeu também destacou a convocação do zagueiro Geovane, capitão da equipe sub-15 do Vitória, para a Seleção Brasileira da categoria, comandada por Guilherme Dalla Déa. A oportunidade serviu de inspiração para reforçar ainda mais o trabalho de valorização histórica.
"Com a convocação de Geovane, solicitei um material com todos os profissionais que eles encontram na CBF. O Branco, o Taffarel, o Juan... Eles precisam saber quem são. Não podem chegar à CBF sem conhecer o legado dessas pessoas que tanto fizeram pelo nosso futebol. Estamos criando atividades dinâmicas junto à psicologia e ao setor social para que esse conhecimento seja natural", concluiu.
O episódio completo com Ricardo Amadeu pode ser assistido no canal do Bahia Notícias no YouTube. Para acompanhar a melhor resenha do futebol baiano, basta se inscrever no canal, ativar as notificações e compartilhar com os amigos.
O volante Geovane lamentou a derrota do Novorizontino para o Vitória por 2 a 1, na noite deste domingo (16), no Barradão, pela 17ª rodada da Série B. Para o atleta, o Tigre do Vale "não poderia perder o jogo de seis pontos".
"Fizemos um bom jogo. Não criamos como vínhamos criando em outros jogos, acho que falta um pouco mais de tranquilidade, caprichar no último passe. Sabíamos que seria um jogo importante e não poderíamos perder esse jogo, porque era de seis pontos. Eles conseguiram passar a gente na pontuação da tabela. Mas acho que temos que ter consciência que temos feito bons jogos e logo logo vamos voltar a vencer. É continuar pressionando, impor nosso ritmo. Hoje demos um pouco de vacilo no primeiro tempo em alguns lances de contra-ataque deles", afirmou em entrevista ao canal Premiere.
Com a derrota, o Novorizontino foi desalojado do G-4 ao cair para a quinta colocação com 30 pontos, sendo ultrapassado pelo Vitória, que somou 31 e assumiu o quarto lugar na tabela de classificação. Na próxima quarta-feira (19), às 19h, o Tigre do Vale recebe o Londrina, no Jorge Ismael de Biasi, pela 18ª rodada. No mesmo dia, mas às 21h30, o Leão visita o Sport, na Ilha do Retiro.
Filmado em Salvador, a partir do caso do jovem Geovane Mascarenhas, que foi encontrado morto - carbonizado, decapitado e sem as mãos - depois de desaparecer ao ser levado por uma viatura da Polícia Militar, em 2014 (clique aqui, aqui e aqui e saiba mais), o documentário “Sem Descanso” estreia no dia 5 de novembro, nas salas de cinema em circuito nacional. Em Salvador, o público poderá conferir a produção no Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha.
Segundo o diretor Bernard Attal - francês radicado no Brasil -, uma série de fatores o incentivou a rodar um filme sobre o caso, sendo o primeiro deles a dimensão da violência policial no país, que ao seu ver “alcançou níveis intoleráveis”. “Os números do ano passado, que foram publicados semana passada, são 7 mil mortes decorrentes de violência policial. 80% das mortes são jovens negros e 95% são jovens de menos de 30 anos, então o Brasil tem agora a maior taxa de letalidade policial do mundo, e isso é uma tragédia”, pontua o cineasta, que também assina o roteiro, ao lado de Fabiola Aquino.
Outra motivação apontada por ele foi a história do pai de Geovane, que por conta própria decidiu investigar o desaparecimento do filho, apesar de todos os perigos e das dificuldades impostas. “Na maioria dos casos, a família da vítima não consegue notificar os responsáveis e nem achar o corpo, e nesse caso o Jurandhy enfrentou as autoridades para desvendar o caso. Foi uma jornada de coragem e integridade, na frente dos riscos que ele estava enfrentando”, avalia Attal, elencando como terceiro motivo a participação da imprensa. “Hoje em dia os jornais raramente têm os recursos para fazer o papel investigativo, mas o jornal Correio resolveu acompanhar esse caso durante meses, ajudaram a proteger a vida dele e a desvendar o caso”, conta o diretor.
Um quarto ponto - decisivo para a condução do documentário - foi a morte de Michael Brown pela polícia, nos Estados Unidos, na mesma semana do desaparecimento de Geovane. O incidente deu origem ao movimento “Black Lives Matter”, antes mesmo do caso de George Floyd estourar pelo mundo. “Aconteceu na mesma semana da morte de Geovane e a reação das duas sociedades foi muito diferente. Lá [nos Estados Unidos] tem um problema de letalidade policial, não é tão grande como aqui, mas é bastante grande e raramente os policiais são responsabilizados, então tem um contexto semelhante, mas a reação da sociedade foi totalmente diferente”, lembra o cineasta, que no filme compara as reações dos americanos, que foram em peso às ruas para protestar, enquanto no Brasil o caso baiano teve pouca repercussão.
“Acho que aqui encaram como uma fatalidade, como um problema do Brasil que é o preço a pagar para controlar o crime, de forma geral. Aqui não tem a mobilização que deveria ter diante desse problema”, avalia Attal, criticando a passividade e a incoerência dos brasileiros, que se sensibilizam com uma morte nos Estados Unidos, mas fecham os olhos para o horror que se tornou corriqueiro no próprio país. “A gente viu os acontecimentos com George Floyd alguns meses atrás, as pessoas daqui estão dizendo que as vidas negras importam, na medida que não estão aqui. Se mobilizam por ‘Black Lives Matter’, mas tem aqui meninos que desaparecem todo final de semana e não tem essa mobilização”, compara o francês, acrescentando que a falta de mobilização reflete em toda sociedade, embora hoje haja maior conscientização e até alguns movimentos isolados da sociedade civil trabalhando neste sentido.

Benard Attal ao lado de Jurandhy, pai de Geovane | Foto: Divulgação
A partir dos quatro elementos que ajudaram a criar a narrativa de “Sem Descanso”, a equipe traçou um paralelo entre o caso de Geovane e de Michael Brown, reuniu especialistas, acompanhou a família do jovem baiano e tentou ainda ouvir a versão das autoridades, com o objetivo de ampliar o espaço de debate. “A gente entrevistou vários especialistas em segurança pública aqui de Salvador, no Rio de Janeiro, São Paulo, e lá fora do Brasil também, para entender as raízes. Também tem a participação de dois historiadores que nos ajudaram a entender que a violência policial é uma coisa antiga, não é uma coisa que apareceu recentemente, e tem muito a ver com a história do Brasil. Então a gente procurou identificar as raízes e entender que tipos de reformas já foram feitas em alguns lugares”, explica o diretor, apontando experiências positivas para controlar a violência policial nos Estados Unidos e no Rio de Janeiro.
Apesar do vasto material utilizado para construir a narrativa, Bernard Attal classifica como “grande frustração” o fato de não ter conseguido ouvir os órgãos policiais. “A gente não queria fazer um filme com só um lado. Nossa mensagem nesse filme é que a sociedade toda é responsável por esse nível de violência policial, não se trata só de alguns policiais corruptos, se trata do governo que é tolerante à violência, se trata de uma sociedade passiva, de uma Justiça muito lenta, todo mundo está responsável. Então a gente queria conversar com as autoridades públicas, eles marcaram várias vezes e se recusaram ao diálogo, o que foi uma pena. Eles se prejudicaram, porque a gente não tinha preconceito nenhum. A gente queria entender o que é que está acontecendo”, conta o cineasta.
Outro ponto importante defendido por ele é a ideia de não explorar a história de forma sensacionalista, por isso a decisão de não lançar o filme logo após o incidente. “Eu não quis nessas circunstâncias de perder um filho, de uma coisa extremamente dolorosa, instrumentalizar a dor para a família”, diz o diretor, lembrando que começou a filmar somente em 2015 e concluiu as gravações no fim de 2018. “A gente resolveu fazer um filme que acompanhou a família ao longo dos anos, ver como o caso vai evoluindo, como a Justiça trata o caso ou não trata o caso, o nível de luta contínua e sofrimento também que a família tem que juntar pra continuar a viver, porque para as famílias esses casos demoram anos”, explica Attal.
O filme, que agora chega aos cinemas do país, já passou por diversos festivais ao redor do mundo, com boa receptividade em países como Grécia, Canadá, Estados Unidos, Itália, Cuba, Uruguai, França e Benin. O sucesso refletiu nos prêmios de Melhor documentário no Black Montreal International Film Festival; Melhor documentário no Fenavid Santa Cruz da Bolívia; Melhor Longa no Araial Cinefest; Menção de excelência no Impact Doc Awards e Prêmio Vertentes de Cinema de Melhor Documentário do Festival do Rio 2019.
Apesar da boa receptividade no exterior, o diretor revela que “Sem Descanso” encontrou dificuldades para circular em festivais no Brasil. “Foi complicado porque a gente percebeu que tem uma forma de não querer enfrentar o assunto”, conta Attal, citando os festivais do Rio e Porto Seguro como os poucos que “tiveram coragem” de selecionar o filme, enquanto muitos outros recusaram.
A ideia agora é fazer o lançamento nas salas de cinema em dez capitais do país, porque, segundo o cineasta, o local “é ainda o lugar de resistência e do diálogo”. Depois desta etapa, o plano é reproduzir o material também em outros espaços importantes. “No começo do ano que vem vamos levar o filme para fazer projeções nas comunidades, nas escolas, e porque não também nos quartéis?”, planeja Attal, destacando que existem policiais interessados em dialogar sobre o tema e que o filme não tem como propósito depreciar a polícia, classificada por ele como necessária, mas sim expor um problema da sociedade como um todo.
Veja o trailer do filme:
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