Artigos
A Política Brasileira: um Espelho Bíblico da Vaidade
Multimídia
Ivanilson afirma que PV fará reavaliação de filiados e admite: “Servimos sim de barriga de aluguel”
Entrevistas
Léo Prates define “desgaste” de Lula e do PT como trunfos e projeta chapa da campanha de oposição em 2026
caso cuca
O Atlético Mineiro protagonizou enorme repercussão e dividiu opiniões nas redes sociais na manhã desta quarta-feira (28) após anunciar uma campanha contra o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes, em parceria com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de Minas Gerais (Sedese). A iniciativa, com objetivo de promover conscientização, acabou ofuscada por críticas devido ao histórico do atual técnico do time, Cuca, condenado por um caso de violência sexual na Suíça nos anos 1980.
O @governomg, através da Sedese, está em ação pelo combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes.
— Atlético (@Atletico) May 27, 2025
O Atlético se junta à campanha e convoca a Massa a fazer o mesmo: atenção aos sinais e, principalmente, não se cale! Disque 100 e denuncie!
Saiba mais em… pic.twitter.com/a0YpMz5aZj
O desconforto dos torcedores e da opinião pública surgiu logo após a publicação do clube no X (antigo Twitter), que permanece no ar. Veja abaixo alguns comentários:
Foto: Reprodução/X
ENTENDA O CASO
Em 1987, quando defendia o Grêmio, Cuca e outros três jogadores foram acusados de ter relações sexuais sem consentimento com uma jovem de 13 anos, durante uma excursão do clube a Berna, na Suíça. Na ocasião, de acordo com a investigação da polícia local, a jovem foi até o quarto dos atletas, onde foi puxada para dentro e abusada.
Os quatro jogadores ficaram presos por cerca de um mês antes de serem liberados mediante pagamento de uma fiança de 15 mil francos suíços. Eles não compareceram ao julgamento, que ocorreu dois anos depois, em 14 e 15 de agosto de 1989.
Na sentença, Cuca, Eduardo e Henrique foram condenados a 15 meses de prisão por atentado ao pudor com uso de violência, enquanto Fernando foi absolvido da acusação principal, mas condenado por estar envolvido no ato violento. Cuca sempre negou o crime.
Em abril de 2023, uma entrevista da diretora dos Arquivos do Estado do Cantão de Berna, Barbara Studer, ao portal ge.globo, reforçou a gravidade do processo. Segundo ela, o documento comprova que havia sêmen de Cuca no corpo da vítima, além de constar que a jovem o reconheceu durante a investigação.
PRONUNCIAMENTO DE CUCA SOBRE A CONDENAÇÃO
Cuca falou publicamente sobre o episódio apenas em 2024, quando foi anunciado como técnico do Athletico Paranaense. Na ocasião, leu um texto elaborado com a ajuda da esposa e das filhas. Leia abaixo:
"Queria falar sobre os últimos meses que eu tenho vivido. Há quase um ano eu saí do Corinthians e vocês podem imaginar o que estou passando e o quanto estou refletindo. Antes de falar, precisei escutar minha esposa, minhas filhas. Escrevi esse texto com a ajuda delas. Porque ainda não me sinto com conhecimento suficiente para falar sobre algo tão forte. Por elas e por todas eu escrevi e não quero errar."
"Tenho escutado as opiniões e tentado entender o meu papel. No começo do ano, li uma coluna da Milly Lacombe, da UOL, em que ela disse que isso não era sobre mim. Eu entendi o que ela quis dizer. Não é só sobre mim, mas é sobre mim também. Eu escolhi me recolher durante muito tempo, mas consegui seguir a minha vida, enquanto uma mulher que passa por qualquer tipo de violência não consegue seguir a vida dela sem permanecer machucada, carrega o impacto para sempre. Eu consegui seguir minha vida. O mundo do futebol e o mundo dos homens nunca tinha me cobrado nada, mas o mundo está mudando e eu acho que é para melhor."
"Não adianta eu ser um grande treinador, esposo, pai, avô, irmão, se eu não entender que o mundo é mais do que o futebol e que eu faço parte dessas coisas. Eu enxergava os problemas, mas me calei porque a sociedade permitia que eu, como homem, me calasse. Hoje entendo que o silêncio soa como covardia. Tenho buscado ouvir mais, entender mais, aprender mais."
"Não posso mudar o passado. Muitos homens agora me escutam e são capazes de olhar para o passado para rever suas atitudes. Sabemos que o mundo é um lugar diferente para os homens e mulheres, e quando enxergamos isso podemos até resistir, mas as coisas começam a mudar. Só que mudanças honestas e verdadeiras levam tempo, exigem dedicação, estudo, são dolorosas e desafiadoras."
"A realidade tem que ser transformada para que o mundo seja um lugar mais seguro para as mulheres. O mundo do futebol ainda é um mundo de muito preconceito. Entendi que quando me cobram não é só sobre mim, é sobre a forma como tratamos as mulheres. Não estou falando isso como fala isolada para agradar alguém, ou da boca para fora. Se fosse assim, teria me manifestado antes. Falo isso de coração."
"Quero e me comprometo a fazer parte da transformação. Vou fazer isso com o poder da educação. Quero ajudar. Quero jogar luz, usar a voz que tenho para, ao mesmo tempo que me educo, educar também outros homens, principalmente os jovens que amam futebol. Sucesso repentino é desafio. Muitos se perdem pelo caminho com fama e dinheiro. Somos levados a acreditar que podemos tudo, inclusive desrespeitar as mulheres. Precisamos dar aos mais novos a oportunidade de não errarem como tantos de nós erramos. É ali que podemos sensibilizar, colocar para pensar, orientar. Sucesso, dinheiro e fama não servem para nada se você se perder no caminho."
"Eu pensei que eu estava livre da minha angústia quando solucionei meu problema com a anulação do processo e a indenização. Mas entendi que não acabou porque não dependia apenas da decisão judicial, mas que eu precisava entender o que a sociedade esperava de mim. O que vocês vão ver de mim daqui para frente não serão palavras, serão atitudes. Estou junto nessa causa e me comprometo a ajudar. Obrigado por me ouvirem hoje."
Apesar da boa intenção da campanha, feita em parceria com o Governo de Minas Gerais, as críticas tomaram conta dos comentários na publicação oficial do clube. Muitos torcedores apontam a incoerência entre o discurso de combate ao abuso infantil e o histórico do técnico.
O Atlético, até o momento, não se manifestou oficialmente sobre a polêmica.
Em sua quarta passagem pelo Atlético-MG, o técnico Cuca foi apresentado pelo clube, nesta segunda-feira (13), e decidiu falar sobre caso de estupro que esteve envolvido na Suíça. Durante a coletiva, o treinador revelou as atitudes que tomou após a anulação do processo, sem falar abertamente sobre o ocorrido de 1987.
“Demorei muito tempo para falar daquele tema, e hoje eu abro falando dele. Eu demorei a ver meus defeitos. Eu tentava falar do Cuca, e a sociedade queria saber da causa, do que eu como homem podia fazer. Tenho trabalhado incessantemente para ser uma pessoa melhor, entender o tema, não só pelo Cuca, pelas minhas filhas, minha mãe, mas pelo respeito que as mulheres merecem. Estou aliado a isso. Tenho participado de palestras, onde conseguimos reunir meninas e meninos e discutir o tema de peito aberto”, afirmou o ex-atleta.
O Caso de Berna, na Suíça, aconteceu quando o Grêmio fazia uma excursão pela Europa. Na época, Cuca e outros três atletas foram presos por terem ido relações sexuais com uma criança, sem consentimento. Em 1989, o jogador foi acusado por coação e ato sexual com menor.
Já em janeiro de 2024, o Tribunal Regional de Berna-Mittelland, na Suíça, tornou pública a decisão em que anulou o caso contra Cuca. A decisão foi tomada a partir da concordância do Tribunal com os argumentos apresentados pelos advogados de defesa do treinador. Os defensores solicitaram a anulação da decisão pelo julgamento ter sido feito sem a presença do acusado e de seus representantes.
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Capitão Alden
"Estamos preparados, estamos em guerra. Toda e qualquer eventual postura mais enérgica, estaremos prontos para estar revidando".
Disse o deputado federal Capitão Alden (PL) sobre possível retirada à força da obstrução dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Congresso Nacional.