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O Banco Central seguiu todo o procedimento legal em relação à identificação de irregularidades envolvendo o Banco Master, e foi a instituição que identificou os problemas nas operações de venda de carteiras de crédito para o BRB. A afirmação foi feita pelo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, nesta terça-feira (25).
“Agora, tem um processo de liquidação de um banco. O BC seguiu todo o procedimento legal, trabalhou desde o primeiro minuto. Eu agradeço o MPF, PF e a Justiça. Quem tem que identificar e quem identificou foi o BC”, disse Galípolo na audiência.
A liquidação do Banco Master foi anunciada pelo Banco Central na semana passada, após a prisão, no mesmo dia, pela Polícia Federal, do dono da instituição, Daniel Vorcaro. A liquidação aconteceu quase um mês após o BC ter vetado a oferta de compra de uma fatia do Master pelo BRB (Banco de Brasília), operação que estava em análise desde março.
“Quando você tem uma dúvida se pode constituir uma fraude, não é o BC que diz. Aí entra no campo criminal. O BC precisa informar (aos órgãos competentes). E a partir dessa informação, vai cumprir este processo legal”, afirmou o presidente do Banco Central.
Gabriel Galípolo defendeu a importância de o BC ter seguido todos os ritos legais em relação à situação do Banco Master, como forma de evitar prejuízos aos cofres públicos. O dirigente citou que decisões passadas podem ser questionadas na Justiça e virar um grande passivo para o erário público.
“E depois de 20, 30 anos, quando perde apelo de clamor popular, sobra a procuradoria do BC, o erário público e meia dúzia de CPFs. Quem está no setor público não pode fazer voluntarismo com o dinheiro alheio. Por isso é tão importante cumprir o gabarito da norma legal”, defendeu.
Galípolo também lembrou que o Banco Master tinha balanços auditados e classificação de rating. “Por isso que é tão importante que o BC conduza o processo como conduziu”, salientou o presidente do BC.
Ainda sobre o caso do Banco Master, Gabriel Galípolo afirmou que vê uma confusão no debate sobre quais são as atribuições da autarquia em casos que avançam para investigações criminais. Ele enfatizou que o Banco Central identifica se há irregularidades em uma operação e, a partir disso, sua obrigação legal é informar o Ministério Público, para que a entidade siga seu processo investigativo.
O presidente do BC citou como exemplo uma notícia veiculada durante a Operação Carbono Oculto, que destacou que ele viajou ao exterior para participar de uma conferência no dia da operação.
“Revela uma expectativa de quem escreveu aquilo, de que o presidente do Banco Central estivesse com a metralhadora na mão, dando chute em uma porta para invadir uma instituição. Não é papel do Banco Central, o Banco Central não faz isso”, afirmou.
Na última reunião da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado neste ano de 204, foram aprovadas duas mensagens da Presidência da República com garantia a empréstimos destinados a programas geridos pelo governo da Bahia e pela Prefeitura de Salvador. Ao total, a autorização dada pelo governo e aprovada na comissão envolvem um total de US$ 167 milhões para financiar os programas, ou mais de R$ 1 bilhão pela conversão desta terça-feira (17).
A primeira mensagem aprovada pelos membros da CAE forneceu garantias para um empréstimo de US$ 125 milhões da Corporação Andina de Fomento (CAF) à cidade de Salvador. Segundo o texto do relator, senador Angelo Coronel (PSD-BA), os recursos destinam-se ao financiamento do Programa de Inclusão Social e Territorial (PIST).
O Programa de Inclusão Social e Territorial da Prefeitura da capital baiana, que será beneficiada com o empréstimo, tem a expectativa de atender mais de 900 mil pessoas, entre moradores e turistas, com soluções de mobilidade, capacitação profissional e estratégia de serviços digitais. O Programa inclui o financiamento de um sistema de teleférico de transporte urbano que ligará a comunidade da região Manoel Dendé ao sistema local de metrô.
Como destacou o senador Angelo Coronel, o programa prevê ainda a instalação de uma estação de recarga do ônibus BRT e a restauração do Elevador Lacerda. O programa também inclui a criação de um observatório para monitoramento e gestão do território, além de absorver um extenso projeto de geração de emprego e renda, com previsão de capacitação profissional de pelo menos 40 mil pessoas.
Ao defender a aprovação da mensagem, o senador baiano afirmou que o investimento vai contribuir para a qualidade de vida da população de Salvador e redução das desigualdades sociais. Pelos termos do empréstimo, os recursos serão liberados pela Corporação Andina de Fomento para a capital baiana em cinco parcelas anuais, até 2029.
"O PIST prioriza o envolvimento das comunidades locais em todas as etapas, desde o planejamento até a implementação das ações. Esse diálogo fortalece o protagonismo social e cria um vínculo de confiança entre os moradores e o poder público. O impacto esperado vai além das melhorias estruturais, alcançando a promoção da cidadania e o fortalecimento das comunidades atendidas", disse Angelo Coronel.
A segunda mensagem de autorização da Presidência da República aprovada nesta terça na CAE diz respeito à garantia para um empréstimo de US$ 42 milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para o estado da Bahia. A mensagem da Presidência que autoriza o empréstimo foi relatada na comissão pelo líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA).
Os recursos do empréstimo serão destinados às ações do programa Bahia Mais Digital, que é uma iniciativa do governo do Estado com o BID. O Bahia Mais Digital visa promover a transformação digital no Estado, a partir da ampliação da oferta de serviços públicos digitais e na modernização da gestão pública.
Segundo explicou o senador Jaques Wagner, o programa que será atendido com o empréstimo pretende beneficiar diretamente toda a população baiana, em especial os cidadãos residentes nos municípios mais distantes e vulneráveis. O programa, segundo o líder do governo, permitirá um acesso mais inclusivo, democrático e eficiente aos serviços públicos e promovendo o desenvolvimento econômico e social da região.
"O governo busca integrar as ferramentas digitais como parte essencial de sua operação, permitindo maior eficiência nos serviços públicos e mais transparência nos processos administrativos. Isso inclui a digitalização de serviços que antes exigiam deslocamento físico, como emissão de documentos e agendamentos, promovendo uma gestão mais ágil e acessível para todos os baianos", explicou o relator.
Após a aprovação na Comissão de Assuntos Econômicos, as duas mensagens com autorização para a concretização dos empréstimos seguiram ao plenário em caráter de urgência. Os empréstimos podem ser votados já na sessão plenária desta terça-feira (17).
Em reunião na manhã desta quinta-feira (28), os senadores da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovaram o PL 2685/2022, que cria o programa de renegociação de dívidas do governo federal, o Desenrola Brasil. O projeto, de autoria do deputado federal Elmar Nascimento (União-BA), também limita os juros rotativos do cartão de crédito, e incorporou a medida provisória do governo federal que criou o programa Desenrola.
O projeto agora precisa ser votado no Plenário e sancionado pelo presidente da República até a noite de terça-feira (3), data em que perde a validade a MP que criou o Programa Emergencial Desenrola Brasil. Segundo o Ministério da Fazenda, se o projeto não se tornar lei até o vencimento do pazo, o programa de renegociação de dívidas, que está em vigor desde o mês de julho, será interrompido.
Segundo o líder do governo, senador Jaques Wagner (PT-BA), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se comprometeu a pautar o projeto em plenário no máximo até a próxima segunda (2), para evitar prejuízo ao programa. Neste sentido, os membros da CAE aprovaram junto com o projeto um pedido de urgência para votação em plenário, para acelerar a tramitação da proposta.
Jaques Wagner criticou a demora para a votação da MP 1.176/2023 pela Câmara dos Deputados e o fato de a comissão mista que deveria discutir o tema sequer ter sido instalada. O lídr do governo se disse constrangido por ter precisado sugerir ao relator do projeto de lei, senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL), que a CAE não realizasse audiências para debater o projeto, como seria natural.
"Não se instala a comissão, transforma-se em um projeto de lei, dá-se urgência ao projeto e lá vamos nós mais uma vez sem aprofundar. Na antevéspera da queda da medida provisória, esta Casa ficaria com a pecha de ter enterrado o Desenrola Brasil. É uma coisa constrangedora. Eu me senti mal de pedir, mas o relator aquiesceu por compreender o momento com absoluta consternação. Não é possível que a gente continue assim", afirmou Jaques Wagner, agradecendo a Rodrigo Cunha.
Com a garantia da continuidade do programa por meio da aprovação do PL 2685/22, a expectativa do Ministério da Fazenda é de que a nova fase do Desenrola comece já na primeira semana de outubro. Nesta próxima etapa, o programa abrirá as renegociações de dívidas de até R$ 5.000 de pessoas com renda de até dois salários mínimos (R$ 2.640) ou inscritas no Cadastro Único (CadÚnico). Poderão ser negociadas e parceladas dívidas com bancos, contas de luz, água, varejo, educação, entre outras.
De acordo com o Ministério da Fazenda, o Desenrola Brasil, que será mantido até 31 de dezembro deste ano, poderá beneficiar até 70 milhões de pessoas. Segundo a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), cerca de 6 milhões brasileiros já conseguiram tirar o nome de cadastros negativos por terem renegociado dívidas de até R$ 100.
O texto votado pela Comissão de Assuntos Econômicos, relatado pelo senador Rodrigo Cunha, manteve o mesmo conteúdo da proposta aprovada pela Câmara no início deste mês. O senador queria incluir no projeto a possibilidade de renegociação de dívidas do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), assim como limitar os juros do rotativo a 100% ao ano. Entretanto, Rodrigo Cunha atendeu ao apelo do governo e não fez modificações no texto, para acelerar a sua tramitação.
Outro ponto da proposta prevê a limitação dos juros rotativos do cartão de crédito, que incide quando as pessoas não conseguem pagar os valores totais das faturas, passando a dívida para o próximo mês. Atualmente, os juros rotativos do cartão de crédito tem uma taxa média anual de 445,7%.
Historicamente, essa é uma modalidade com juros mais altos, mas a realidade no Brasil é mais penosa aos devedores do que em outras economias.
O projeto que tramita no Senado não estabelece um teto para a taxa de juros, mas define um prazo de 90 dias para que as emissoras de cartões apresentem uma proposta de teto, que deverá ser aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Caso uma solução não seja estabelecida no prazo, o montante que poderá ser cobrado pelos bancos não poderá ultrapassar o valor inicial da dívida.
Avança substitutivo de Coronel que prorroga desoneração da folha a setores da economia e prefeituras
Apesar dos apelos do governo pelo adiamento da votação, os senadores da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovaram, por 14 votos contra 3, o substitutivo do senador Angelo Coronel (PSD-BA) ao PL 334/2023, que prorroga, até 2027, a desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia. O senador baiano modificou o projeto original, do senador Efraim Filho (União-PB), e incluiu emenda propondo que as prefeituras de municípios com até 142 mil habitantes sejam incluídas na desoneração. Segundo Coronel, o projeto beneficiará cerca de três mil municípios em todo o país, onde vivem aproximadamente 40% da população brasileira.
“As prefeituras são grandes empregadoras de mão de obra, através dos serviços públicos, e não podem chegar a pagar, em alguns casos, até 22,5% de contribuição previdenciária em cima da folha de pagamento. Portanto, com o projeto, estamos implantando o pacto federativo. Você está tirando do cofre da União e colocando nos cofres dos municípios. E, na verdade, o dinheiro continuará circulando na área pública”, disse Angelo Coronel.
Pela emenda do senador Coronel ao projeto, o percentual pago à Previdência pelas prefeituras cairá de 20% para 8% da folha de pagamento dos municípios contemplados. “Essa prorrogação faz justiça a quem gera mais empregos no Brasil, que são os 17 segmentos contemplados, e faz justiça a quem cuida do dia a dia da vida das pessoas, que são as prefeituras”, justificou o senador em seu relatório. De acordo com Angelo Coronel, a União deixará de arrecadar com a desoneração dos 17 setores da economia, mas irá recuperar a arrecadação com ajustes do PIS/Cofins. O senador observa ainda que o projeto não provoca impacto para o setor público, já que, segundo ele, o que é repassado à União continuará com os municípios.
O PL 334/2023, aprovado na CAE, prorroga o benefício da desoneração até o fim de 2027 para os mesmos setores já previstos na lei em vigor. Para compensar a prorrogação da desoneração, o projeto também estende, pelo mesmo período, o aumento de 1% na alíquota da Cofins-Importação, que também, pela lei atual, só vai até dezembro. Os 17 setores beneficiados pela medida são: confecção e vestuário, calçados, construção civil, call center, comunicação, empresas de construção e obras de infraestrutura, couro, fabricação de veículos e carroçarias, máquinas e equipamentos, proteína animal, têxtil, TI (tecnologia da informação), TIC (tecnologia de comunicação), projeto de circuitos integrados, transporte metroferroviário de passageiros, transporte rodoviário coletivo e transporte rodoviário de cargas.
Durante a discussão do projeto, o líder do governo no Senado, o senador Jaques Wagner (PT-BA), pediu que a votação do projeto fosse adiada por mais algumas semanas. Wagner disse que a desoneração “é um provisório que vai se tornando o definitivo”, e afirmou que a área econômica do governo Lula estaria trabalhando em uma proposta para ser apresentada no segundo semestre.
“Infelizmente, eu não tive êxito não no mérito da matéria, nós estamos na antevéspera da votação do arcabouço fiscal, e vamos fazer um esforço grande pela reforma tributária, então aqueles que querem uma economia perene, onde os juros possam baixar e aliviar a atividade produtiva, sabem que não podemos ficar de prorrogação em prorrogação. Agora se busca prorrogar por quatro anos, e em geral não é a melhor forma de se tratar uma economia tão complexa como é a brasileira. Estive com a equipe econômica do governo e me garantiram que estão trabalhando em algo mais amplo para o segundo semestre. Chamo a atenção que a isenção está validada até 31 de dezembro, portanto não há prejuízo iminente”, argumentou o líder do governo.
O senador Otto Alencar (PSD-BA), apesar de ter encaminhado voto favorável de sua bancada no projeto, argumentou que seria mais justo desonerar as prefeituras utilizando, como critério, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), em vez do tamanho da população. Otto Alencar disse temer que o projeto, durante tramitação na Câmara, seja modificado e tenha que retornar ao Senado, o que atrasaria a conclusão da votação da proposição pelo Congresso.
O substitutivo do senador Angelo Coronel ainda precisará passar por um turno suplementar de votação na Comissão de Assuntos Econômicos. Se a aprovação se confirmar, o PL 334/2023, que foi votado em caráter terminativo, seguirá direto para análise da Câmara, a não ser que haja recurso para votação no Plenário do Senado.
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Jaques Wagner
"Recebi notícias de que Alcolumbre estava chateado comigo ou rompido comigo. Confesso que não sei o motivo. Sempre tentei colaborar com ele. Nesse episódio agora do Messias, houve uma chateação, mas foi uma escolha do presidente [Lula]. Eu nunca faltei com a verdade nem com o Rodrigo Pacheco, nem com Davi".
Disse o senador Jaques Wagner (PT) ao comentar sua relação com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União). Em entrevista à GloboNews, Wagner afirmou que soube que o senador estaria “chateado” com ele, mas disse desconhecer as razões.