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Polícia 'não avançou' para responsabilizar mercado por duplo homicídio, diz DHPP

Por Ailma Teixeira

Polícia 'não avançou' para responsabilizar mercado por duplo homicídio, diz DHPP
Foto: Haeckel Dias/ Ascom PC-BA

A conclusão do inquérito sobre o duplo homicídio de Bruno Barros e Yan Barros, respectivamente tio e sobrinho, não culminou na responsabilização da rede Atakarejo. Os dois foram encontrados mortos, com sinais de tortura, após terem sido entregues a traficantes por funcionários do supermercado. O crime aconteceu no final de abril, na unidade de Amaralina, em Salvador.

 

Durante coletiva de imprensa virtual realizada na manhã desta quarta-feira, a presidente do inquérito, delegada Zaira Pimentel, disse que a "responsabilização da rede não avançou nisso" no âmbito criminal, mas que a família das vítimas pode usar as informações disponíveis para buscar uma responsabilização no âmbito cível.

 

Essa conclusão contrasta com os indicativos dados pela própria polícia em outras fases do inquérito. Na coletiva de imprensa deflagrada na primeira fase da Operação Retomada, a delegada-geral Heloísa Campos de Brito, disse que a responsabilidade da rede é "latente". Na época, havia sete suspeitos de envolvimento no crime, sendo três deles seguranças do supermercado.

 

“Vamos intensificar as investigações pra que a gente possa consolidar de que modo aconteceu, qual a  responsabilidade de cada indivíduo. É importante estarmos atentos à participação do estabelecimento comercial. É muito latente a responsabilidade da empresa nesse contexto”, disse Heloísa na ocasião (veja aqui).

 

Outro indício levantado neste contexto foi a percepção de que a atitude dos seguranças repetiu o padrão de um caso ocorrido em outubro do ano passado, quando uma adolescente teria sido espancada e torturada após furtar produtos do mesmo mercado. Ela sobreviveu e, diante da repercussão do duplo homicídio de Bruno e Yan, o caso foi levado à polícia para ser investigado - este inquérito ainda está em aberto.

 

Além disso, a avaliação sobre a participação dos funcionários do Atakarejo mudou. Na coletiva realizada em maio, a delegada Andréa Ribeiro, diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), acrescentou que os seguranças detidos na época mentiram nos depoimentos e que "tudo" indicava "que teria tido uma ação da gerência dos seguranças no sentido de entregar as vítimas aos traficantes" (saiba mais aqui).

 

Já na coletiva realizada hoje, após três fases da operação, ela e a delegada Zaira Pimentel, presidente do inquérito, frisaram não ter como afirmar que funcionários entregaram os homens a traficantes. "Algo que nos chamou atenção é de que não houve o acionamento dos órgãos de seguranca para dar prosseguimento a ocorrência (...), ao invés disso quem é acionado são os traficantes da área e são eles que infelizmente julgam as vítimas e as executam", disse Andréa. Logo em seguida, ela foi questionada diretamente se os funcionários entregaram Bruno e Yan aos traficantes e se corrigiu, dizendo que "isso não ficou marcado".

 

"Essas vítimas são assassinadas por determinação de uma dessas lideranças [do tráfico], isso ficou nítido na investigação. A ordem é dada a partir dessa liderança com mandado de prisão em aberto", afirmou a delegada, em referência a um suspeito de envolvimento com o tráfico que está entre os foragidos. "As vítimas são arrebatadas de dentro do supermercado. Ficou apurado que houve uma participação de funcionários do supermercado. (...) Eles se omitiram na proteção delas", acrescentou a delegada, pontuando que a ideia é de conivência com os traficantes, dando permissão para que eles adentrassem o supermercado e as vítimas fossem "arrebatadas".

 

No entanto, um vídeo que circulou na imprensa em maio mostra o momento em que Bruno e Yan são levados para uma área do supermercado após a tentativa de furto. Na gravação, Yan aparece gritando, em tom desesperado, "eu não vou, eu não quero", enquanto é imobilizado e jogado no chão por um homem que aparenta ser funcionário do estabelecimento (veja aqui).

 

A Polícia Civil confirmou nesta quarta que não houve acionamento da polícia para denunciar a tentativa de furto, como seria o procedimento adequado. Com a conclusão do inquérito, 23 pessoas foram indiciadas por homicídio qualificado, ocultação de cadáver e omissão de socorro qualificado (saiba mais aqui). Os alvos são seis funcionários do mercado e 17 suspeitos de envolvimento com o tráfico, indiciados no relatório remetido ao Ministério Público da Bahia (MP-BA).