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Com um pé na Bahia e outro no mundo, Paulinho Moska fala sobre vida e carreira: “Ninguém vive sem música”

Por Bianca Andrade

Com um pé na Bahia e outro no mundo, Paulinho Moska fala sobre vida e carreira: “Ninguém vive sem música”
Foto: Lucas Maciel

A música não é o único talento de Paulinho Moska, 57 anos, que desembarca em Salvador nesta quinta-feira (14), para a abertura do Festival Palco Brasil, projeto promovido pela CAIXA e pelo Governo Federal, que traz para a capital baiana grandes nomes da Música Popular Brasileira.

 

Um dos talentos do carioca, apesar de viver a 1.631 km de distância da capital baiana, envolve a Bahia e a culinária. Filho de baianos e "casado" novamente com a bênção de Carlinhos Brown em pleno Carnaval de Salvador, o cantor, compositor e ator, se tornou o mestre das moquecas entre os amigos, “dom” conquistado pelas férias vividas no estado ao longo da infância e adolescência.

 

“Eu tenho milhões de histórias sobre Salvador. Meus pais são baianos. Eu nasci no Rio, mas meu sangue é baiano, minha genética é baiana. O meu indivisível é muito baiano. Tenho muitas histórias. Dos 0 aos 10 anos, eu passei meus verões em Mata de São João, que é ali, um pouco, duas horas para o interior da Praia do Forte, em Busca Vida, que era a praia que eu também ia com a minha família e vou até hoje para encontrar irmãos. [...] Eu cozinho uma moqueca para meus amigos aqui em casa, eles chamam de ‘Mosqueca’, já é tradicional no meu aniversário, faço há anos. E eu volto de viagem sempre com isopor cheio de quitutes baianos, do dendê à farofa, passando pela ostra e pelo siri catado”, contou.

 

Foto: Instagram

 

Já na música, sua área há mais de 30 anos, Moska viu o nascimento de um dos movimentos mais importantes da cultura baiana. “Pulei muitos carnavais, vi o Axé Music nascer diretamente na rua, na pipoca. Os primeiros trios de Luiz Caldas, o grupo Eva, Daniela, vi Chiclete. As minhas primas me mandavam as fitas das músicas novas para eu já chegar cantando e dançando, fazendo a coreografia”.

 

E assim como as transformações da própria música baiana, Moska pauta a vida, dentro e fora dos palcos, nas mudanças constantes, mas sem perder a essência. Questionado pelo Bahia Notícias quantas vidas ele tem, em uma referência a um dos clássicos do cantor, de 2010, além da vida na Bahia, o artista pontua que o interessante de estar vivo é justamente poder apresentar várias versões de si e se encontrar por diversas vezes.

 

 

“Eu acho que não só a minha vida, mas a vida de cada um de nós carrega muitas vidas, muitos fins e muitos recomeços. A vida é diversa, a natureza é diversa. Então, para a gente estar vivo dentro da natureza, a gente também precisa exercer e exercitar dentro da nossa trajetória de vida, essa experiência das mudanças, de ser vários. Que prisão horrorosa é essa de ser uma pessoa presa dentro do seu corpo? Acho que o retrato principal da minha carreira/obra/vida, é de estar o tempo inteiro procurando novidades através de uma curiosidade crônica que só melhora a minha relação com a vida. Eu estou sempre surpreso, eu estou sempre empolgado, porque estou sempre cercado de novidades. Eu mudo meus hábitos, então, eu mudo também a maneira do meu artista se manifestar a partir da consequência da minha curiosidade como ser humano. Eu não enxergo a vida como algo estagnado.”

 

Moska, que já é considerado de uma geração anterior, entendendo como “nova geração” os artistas que surgiram nos últimos 10 anos, falou sobre a oportunidade de compartilhar experiências com o público e com novos artistas em projetos como o Festival Palco Brasil e ao redor do país com outros shows.

 

 

“Eu também já fui uma nova geração e fui abraçado por muitos de gerações antigas e depois reverenciado por gerações novas, então eu acho que a música ela constrói uma família paralela, sabe? Porque os músicos vão se conhecendo, vão se admirando, vão aprendendo uns com os outros. É um abraço que festeja esse mesmo caminho escolhido para amar, sabe? O artista demonstra o seu amor pela vida quando ele pratica a sua experiência artística. E é nessa prática que ele estabelece essas relações de admiração e amizade familiar.”

 

Pai de dois filhos, o artista conta que conheceu diversos nomes da nova geração através dos herdeiros e está sempre conhecendo novos artistas. Para Moska, não existe a possibilidade de não estar conectado com o mundo musical para ninguém.

 

“Eu tenho dois filhos, um de 28 e outro de 14. Eles escutam músicas diferentes, por causa das gerações. E os dois me apresentam novidades. Eu conheci muita gente, da nova geração, através da série que eu apresentei por 10 anos no Canal Brasil, Zoombido. Então, eu só posso agradecer esse abraço que lhe dão e o abraço que eu dei também, e que dou porque é isso, a música é uma mola, algo que impulsiona a vida de todo mundo. Ninguém vive sem música, a música é como o ar que a gente respira, ele está aí flutuando e frequentemente nos emocionando.”

 

Foto: Evelyn Kosta/TV Globo

 

Com mais de 286 obras registradas no Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), além das regravações disponíveis nos serviços de streaming que ultrapassam 100, Paulinho falou sobre a possibilidade de parar na música, seja compondo ou cantando.

 

Questionado pelo site sobre a principal motivação para seguir com a carreira musical, o artista afirma que a música faz parte do que ele é.

 

“Eu acho que o maior motivo, e essa palavra é muito importante para mim, eu acho que ela está sempre em oposição ao objetivo. Porque quando a gente [diz]: ‘Você tem que ter um objetivo na vida, senão você não chega a lugar nenhum’, eu discordo. O que a gente tem que ter é motivo, o objetivo é que causa frustração, porque quando você coloca um objetivo e você não o alcança, isso te deixa frustrado. Quando você avança na vida é porque tem um motivo, ou seja, algo te move. Já não interessa onde você vai chegar. Você está feliz por estar se movendo. Então, assim, para mim, o grande motivo de escrever canções é justamente o movimento que ela me oferece em relação à vida. Se eu parar de compor, eu paro de viver. Para mim, não existe isso de parar de compor. Enquanto eu tiver vida, eu estou compondo.”

 

 

“Entre tanto tic-tac e tanto big bang, nós realmente somos um grão de sal no mar do céu. Mas, calma. Tudo está em calma…”

 

Para encerrar a entrevista, a repórter que vos escreve decidiu brincar, mais uma vez, com um dos maiores sucessos da carreira de Paulinho Moska, 'A Seta e O Alvo', de (1997) e repetir a pergunta do milhão feita pelo compositor na canção: "Me diz qual é a graça de já saber o fim da estrada, quando se parte rumo ao nada?"

 

Para Paulinho, a pergunta não tem uma resposta correta para a questão. "Qualquer um pode criar o seu próprio sentido com as frases. Eu não sou dono do sentido dos outros [...] A metáfora é isso, uma frase que você constrói e onde cada um pode dar o seu sentido porque ela não é fechada", diz o artista.

 

Ao site, o cantor explicou a versão dele para a metáfora e a lição que tirou da própria canção: viva o agora.

 

"No fundo, nós todos estamos, quando nascemos, estamos indo ao nada. O nada, para mim, nessa frase, o nada é o fim. A morte, o nada. Eu sou ateu, eu não acredito em vida depois da morte. E isso não é um defeito. Isso para mim é uma qualidade, porque a partir do momento que eu não acredito que existe a vida depois da morte, eu faço dessa vida uma vida maravilhosa. Eu faço dessa vida finita uma vida onde o bem, o amor, a paixão, a felicidade, a alegria, a amizade, tudo tem que acontecer agora, porque eu não terei outra chance. A finitude me oferece a melhor vida. De concreto mesmo, só o agora. É no agora que a gente tem que colocar a intensidade da vida.”

 

Com ingressos esgotados para as duas apresentações em Salvador neste final de semana, Paulinho Moska revelou ao site que promete voltar para a capital em um futuro próximo. “Tá na hora de eu ir mais para a Bahia, né?”, disse aos risos, mas com firmeza para cumprir a promessa.