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Sindcorda negocia pagamentos de diárias atrasadas do Bloco Me Abraça; 2025 teve aumento de 33% do nº de cordeiros

Por Bianca Andrade

Sindcorda negocia pagamentos de diárias atrasadas do Bloco Me Abraça; 2025 teve aumento de 33% do nº de cordeiros
Foto: Reprodução

O imbróglio envolvendo os cordeiros que prestaram serviço para o Bloco Me Abraça, puxado por Durval Lelys, no Carnaval de Salvador, está perto de acabar.

 

Após protestos da categoria, que alegavam estar sem o pagamento da diária pelo serviço prestado durante a folia baiana, a Associação dos Trabalhadores Cordeiros da Bahia (Sindcorda) e os representantes do bloco se encontraram para homologar o pagamento no sindicato.

 

Ao Bahia Notícias, Matias Santos, presidente do Sindcorda, informou que a intenção é que a situação não seja ajuizada no Ministério Público, pois, dessa forma, prejudicaria a categoria e atrasaria o pagamento.

 

"A gente está com os cordeiros, as lideranças, fazendo essa intermediação. Já tivemos a primeira rodada de negociação com o Bloco Me Abraça, e é isso que o sindicato quer: que ambas as partes tenham o contrato cumprido e o pagamento seja feito. Estamos já em negociação."

 

Foto: Lucas Moura/ Secom

 

De acordo com a assessoria do Grupo Eva, responsável pelo bloco, os profissionais que não receberam o pagamento não teriam completado as etapas necessárias para receber o valor da diária.

 

Neste ano, os cordeiros foram marcados com lacres de cores diferentes na camisa. Cada lacre era referente a uma hora de trabalho, e só receberia o valor quem estivesse com todos na camisa.

 

"Antigamente, a gente marcava com um X na camisa, mas isso manchava a imagem do cordeiro. Hoje, com a tecnologia, existe a pulseira bip, que é o que a gente orienta aos blocos: que usem ela ou o lacre, porque, se um falhar, tem o outro. Mas já estamos agindo nessa questão do bloco e esperamos conseguir uma resposta", afirma Matias.

 

CORDEIROS TÊM SALTO DE QUASE 5 MIL PROFISSIONAIS EM 2025 APÓS AUMENTO DE DIÁRIA
Para o site, Matias fez um balanço do Carnaval dos cordeiros em 2025 e apontou um aumento no número de profissionais nas ruas, devido ao acordo que fixou a diária dos cordeiros em R$ 100.

 

"Foi um Carnaval atípico, onde tivemos conquistas essenciais para a categoria. Não o esperado, mas uma conquista crescente. Esse ano, a gente teve um salto de 15 mil para 20 mil cordeiros trabalhando no Carnaval, devido ao aumento na diária. O valor motivou as pessoas a irem para as ruas. Não foi o ideal e, para muita gente, pode não parecer muito, mas para quem não tem nada, ganhar esses R$ 100 em um dia de festa vale a pena, especialmente para aqueles que migram de um bloco para o outro. Os cordeiros se sentiram valorizados."

 

 

No entanto, o presidente pontua que o aumento no número de profissionais também ocasionou o dilema de "muita oferta e pouca procura". Segundo Matias, ao todo, são 324 blocos para a atuação dos profissionais, porém, muitos acabam repetindo o trabalho.

 

Neste ano, a categoria teve alguns pleitos atendidos, como a contemplação na lista de serviços especiais prestados pelo Governo da Bahia no Carnaval de Salvador. Foi garantido para os profissionais que atuaram nas ruas com os blocos o auxílio para banho e descanso, uma demanda antiga da categoria.

 

A demanda só pôde ser atendida através da parceria entre a Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte da Bahia (Setre) e a Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social (Seades).

 

"A gente conseguiu fornecer 13 mil lanches de reforço para os cordeiros que atuaram nas ruas. A gente sabe que um biscoito recheado não alimenta; conseguimos dar pão com queijo, uma fruta, um suco, foi um kit nutritivo. E depois dessa parceria, o governo se comprometeu a colocar o cordeiro no mesmo programa de ambulantes durante o Carnaval. As pessoas precisam entender que essa é uma responsabilidade de toda a sociedade. Não existe um Carnaval de blocos sem os cordeiros."

 

Para o Carnaval de 2026, o Sindcorda já pensa em estratégias para a melhoria do serviço e também da qualidade de vida dos profissionais que atuam como cordeiros na folia. Ao ser questionado sobre o registro dos profissionais, Matias confessa que este é um trabalho que demanda tempo e já vem sendo feito pelo sindicato.

 

"Nós já estamos com um plano de ação para a festa em 2026, tendo em vista que são 324 blocos, divididos em pequeno, médio e grande porte. O que fazemos é uma construção permanente e crescente. Não conseguimos organizar tudo de um dia para o outro, mas estamos começando o cadastro dos cordeiros e contamos com o apoio do poder público, de algumas empresas de segurança, de donos de bloco e do Comcar, para que as ações sejam ainda mais efetivas."

 

PROPOSTA NA CÂMARA
Antes do Carnaval de 2025, o Bahia Notícias questionou o prefeito Bruno Reis (União) sobre ações que beneficiassem os cordeiros durante a folia. Ao site, o gestor pontuou que os cordeiros prestavam serviço para iniciativa privada, desta forma, a obrigação tinha que ser dessas iniciativas.

 

"A gente sabe que os cordeiros são contratados por particulares, já os ambulantes prestam serviço com licenciamento da Prefeitura. Se for possível conciliar [atender a demanda dentro dos centros de apoio aos ambulantes], sim. Mas efetivamente, precisaríamos ampliar essa estrutura até pela quantidade de cordeiros."

 

Foto: Reprodução

 

No âmbito municipal, o vereador Jorge Araújo (PP) apresentou uma proposta de lei que beneficia os profissionais da corda, pedindo o pagamento imediato da diária ao final do expediente. "O mínimo que os blocos e empresários deveriam fazer é pagar imediatamente pelo serviço prestado".

 

No PL, o vereador também defende o fornecimento obrigatório de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), intervalos para descanso, água, alimentação, treinamento de segurança, seguro contra acidentes e garantia do transporte público gratuito.

 

“O valor da diária de um cordeiro gira em torno de R$ 100, mas, ao descontar as passagens, sobra muito pouco. Queremos garantir que eles possam ir e voltar com segurança, sem comprometer seus ganhos. A nossa cidade se orgulha do maior Carnaval de rua do mundo, mas precisamos garantir que ele seja um evento justo para todos. Não podemos permitir que trabalhadores que garantem a segurança dos foliões sejam tratados como descartáveis. O pagamento imediato e a gratuidade no transporte são passos fundamentais para mudar essa realidade”, concluiu.